181. Terras Raras

Vamos começar este importante assunto decifrando o nome, que não condiz exatamente com a verdade.

Terras Raras são um grupo de 17 elementos químicos relativamente abundantes no planeta. Não são terras, entretanto, após isolados sob a forma de óxidos, visualmente realmente parecem ser.

Clique para ampliar. Junto ao Sc e Y, logo acima na tabela periódica, os Lantanídeos formam as Terras Raras. Imagem: Internet

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O raro vem pelo fato de ser difícil encontrar um local onde comercialmente a produção desses materiais seja viável. Estão sempre misturados a outros elementos, como os radiativos tório e urânio. Isso torna a mineração muito perigosa, de difícil manuseio e nem sempre vantajosa.

Elementos Terras Raras. Imagem: Infoescola

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Etimologia e uso

Dos 17 elementos químicos, 15 pertencem ao grupo dos lantanídeos na tabela periódica. Nosso blog fez uma intensa pesquisa e trouxe, em ordem alfabética, a origem dos nomes e a funcionalidade de cada um:

Cério (Ce) – É uma homenagem a deusa romana da fertilidade Ceres. Muito utilizado em catalizadores, que diminuem a poluição emitida por veículos movidos a combustão interna e em pedras de isqueiros. 

Disprósio (Dy)Do grego “dysprositos”, de difícil obtenção. É um componente de materiais para lasers.

Érbio (Er) Homenagem a uma região sueca de nome Ytterby. Usado como filtro fotográfico e pela tecnologia nuclear como um absorvente de nêutrons. Um uso comum é em lasers estéticos. 

A medicina estética usa Érbio. Imagem: Internet

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Escândio (Sc) – É um dos não lantanídeos. Homenagem a Escandinávia. Como vocês podem notar, essa região tem grande ligação com as Terras Raras. Vários elementos foram descobertos naquele local. Usado pela indústria do petróleo e aeroespacial em ligas metálicas. 

Partes dos equipamentos aeroespaciais utilizam Escândio. Imagem: Internet

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Európio (Eu) –  Relacionado a Europa, simples assim. Usado na fabricação de lasers e existem estudos para usá-lo em reatores nucleares. 

Gadolínio (Gd) – Em honra a Johan Gadolin, um dos primeiros cientistas a pesquisarem as Terras Raras. É utilizado em exames de raio-X e ressonância magnética. 

O contraste usado em exames de ressonância contem Gadolínio. Imagem: Internet

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Hólmio (Ho) – Um tributo a Estocolmo, que era conhecida pelo nome latino de Holmia. Usado em reatores nucleares, já que possui fortíssima propriedade magnética. Foi usado para criar o mais forte campo magnético artificial já desenvolvido.

Itérbio (Yb) – Também homenagem a Ytterby, uma localidade da Suécia onde esse mineral foi isolado pela primeira vez. Usado em algumas ligas metálicas uteis para a odontologia e na fabricação de aço inox. 

Ítrio (Y) – Outro elemento que não é um Lantanídeo. Seu nome é mais uma reverênica a vila sueca de Ytterby, local onde primeiro foi encontradoUtilizado na fabricação de cerâmicas supercondutoras e vidros. 

Lantânio (La)Esse realmente é bastante raro, e seu nome deriva disso, do grego “lanthanon”escondido. Utilizado no refino do petróleo e em lentes de câmeras e telescópios. 

Lentes potentes de câmeras usam Lantânio. Imagem: Internet

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Lutécio (Lu) –  É uma homenagem a capital da França. Lutécia é o nome latino de Paris. Usado por equipamentos da medicina nuclear e pela indústria petrolífera. 

Neodímio (Nd) – Vem do grego “neo”, novo, e “didymos”, gêmeo. Usado na astronomia para calibrar espectrômetros e filtros de radiação infravermelha. 

Praseodímio (Pr) – Também do grego, “praso”, verde, e “didymos”, gêmeo. Utilizado em ligas de alta resistência para motores de aviões.

A aviação depende em parte das Terras Raras. Imagem: Internet

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Promécio (Pm) – Em respeito ao titã  Prometheus. É usado como fonte de radiações beta para produzir medidores de espessuras muito finas.

Samário (Sm) – Em honra de Vasili Samarsky-Bykhovets, descobridor do mineral samarskite. Utilizado em lâmpadas pela indústria cinematográfica. 

Térbio (Tb) – Assim como outros, a quarta homenagem a localidade sueca Ytterby.  Usado em lâmpadas fluorescentes e em ligas metálicas na produção de produtos eletrônicos como os Smartphones.

Os Smarthphones necessitam de alguns elementos Terras Raras. Imagem: Internet

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Túlio (Tm)  – Homenagem a mítica Ilha de Thule. Utilizado em microondas e aparelhos de raio-X. 

Esses 17 elementos são geralmente encontrados em minérios como a monazite, a bastnasite, o xenótimo e a loparite.

Como podemos notar, as Terras Raras são imprescindíveis para o avanço das tecnologias modernas, como por exemplo nas lâmpadas de LED, que usam uma mistura de óxidos proveniente delas. O uso desses elementos tende a se multiplicar nos próximos anos, assim como o preço, algo que já vem ocorrendo.

Um dos motivos deste texto é a China dominar 97% do mercado mundial desses elementos, além de 36% das reservas. 

O que explica o quase monopólio chinês?

Devido a presença elementos radioativos nos minérios de Terras Raras, se torna tremendamente perigoso a mineração desses produtos. Na maioria dos casos injetam uma solução de amônia em perfurações, dissolvendo a porção de interesse, que é coletada depois. Invariavelmente esse caldo tóxico se infiltra e contamina toda a região.

Baotou, no estado da Mongólia Interior, China, uma das cidades mais poluídas do mundo e centro da produção mundial de Terras Raras. Imagem: Internet

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Aumento dos casos de câncer e outras doenças degenerativas já foram detectados próximos a locais de mineração de Terras Raras. Como a China é uma ditadura, nunca se preocupou muito com a questão ambiental ou humana. Contribui também para o sucesso chinês nesse setor a mão de obra farta e barata, indispensável para a mineração.

A medida que os chineses foram avançando nesse ousado campo, os outros países foram diminuindo sua produção. 

Produtos tóxicos, provenientes de indústrias extratoras de Terras Raras, sendo despejados na natureza próximo a cidade de Baotou, na Mongólia Interior, China. Imagem: Internet

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O site do Senado já discutiu essa liderança chinesa no setor, confira no link. 

Nos últimos anos o país asiático limitou a exportação dos minérios de Terras Raras, justamente pelo fato de estar diminuindo a produção, devido a um maior zelo ambiental. Com essa mudança no cenário, vários países estão renovando a intenção de investir nas suas próprias reservas, mesmo sendo tão difícil e perigoso. Já o moderno Japão investe na reciclagem do produto. De uma forma ou de outra todas as potências estão antenadas no assunto. 

Brasil

Nosso país já foi um dos maiores produtores de Terras Raras, abandonando a produção após a ascensão chinesa. Podemos observar isso nas praias do Espírito Santo, abundantes no minério monazita, rico em Terras Raras. Voltando aos perigos inerentes a produção dessas commodities, nas areias monazíticas encontramos também Urânio e Tório, elementos radioativos e de difícil manuseio, o que também precipitou o fim dessa exploração.

CLIQUE PARA AMPLIAR. Etapas da complicada produção de Terras Raras.

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O primeiro passo para voltarmos a explorar Terras Raras e entrar de vez nesse mercado é o marco regulatório, finalizado em 2013 mas ainda em discussão no Poder Legislativo. Veja parte dessa discussão no site do Senado Federal.

Outro problema é que, como um país atrasado tecnologicamente, não temos demanda nacional para as Terras Raras. Nos falta uma cadeia completa ligada a esses produtos.

Essa situação poderia mudar caso nosso governo tivesse como foco ações que privilegiassem a instalação de empresas de alta tecnologia por aqui. Alguns estados já perceberam esse filão de mercado, o Governo de Minas, por meio da Codemig, projeta uma fábrica de ímãs de terras raras no estado. Saiba mais no site Agência Minas Gerais. 

Em um país onde o presidente tem como prioridade se defender de denúncias e lutar para se manter no poder, todos os outros assuntos ficam em segundo plano. 

Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 25.09.2017

4 comments to “181. Terras Raras”
  1. Fala fessor, o que você acha de fazer um texto sobre a discussão que está havendo sobre a legalizaçao da maconha?

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