Os países que formam os BRICS despertam grande curiosidade em sala de aula. Perguntam se é um bloco econômico, uma associação de países ou seja lá o que a imaginação dos alunos consegue imaginar.
Origem
A sigla foi criada em 2001 por Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia global do importante grupo financeiro Goldman Sachs.
Segundo o britânico, os BRIC’s, ainda com “s” minúsculo, reuniam os 4 países com potenciais para mudar a ordem econômica internacional: Brasil, Rússia, Índia e China.
Os 4 gigantes subdesenvolvidos seriam os únicos com capacidade para desbancar as grandes lideranças econômicas e políticas do mundo, entre elas EUA, França e Reino Unido.
A partir de 2006 os países envolvidos começaram a se movimentar para criar um organismo que, de forma formal, proporcionasse encontros entre os líderes dessas potências emergentes, com o intuito de aprimorar o diálogo entre todos.
Se separados já chamavam a atenção, juntos poderiam muito mais.
O primeiro passo, a primeira reunião oficial do grupo, ocorreu em julho de 2009, na Rússia. A partir dessa data, o acrônimo BRIC deixou de ser só uma junção de letras e se tornou uma entidade político-diplomática, que se reúne anualmente para discutir formas de se integrar melhor.
Em 2010, ano em que sediaria a Copa do Mundo de futebol, a África do Sul (South Africa) foi convidada e entrou na organização. A partir desse ponto, o “s” minúsculo (BRIC’s) passou a representar a maior potência econômica da África, se tornando maiúsculo, BRICS.
Cúpulas
Anualmente os chefes de Estado se encontram. Até o presente momento já tivemos 9 reuniões, sendo duas no Brasil:
- 1º – Ecaterimburgo, Rússia, junho/2009;
- 2º – Brasília, Brasil, abril/2010;
- 3º – Sanya, China, abril/2011;
- 4º – Nova Délhi, Índia, março/2012;
- 5º – Durban, África do Sul, março/2013;
- 6º – Fortaleza, Brasil, julho/2014;
- 7º – Ufá, Rússia, julho/2015;
- 8º – Goa, Índia, outubro/2016
- 9º – Xiamen, China, agosto/2017.
- 10º – Joanesburgo, África do Sul, julho/2018
- 11º – Curitiba, Brasil, novembro/2019
Poder do Grupo
Os BRICS ainda não formam um bloco econômico. Por enquanto representam um grupo de países que possuem algumas características comuns e se reúnem anualmente. Entretanto, nada impede que em um futuro próximo essa relação se estreite, culminando na formação de um organismo mais importante.
Juntos, os BRICS representam 26,46% da área emersa de nosso planeta, 42,58% da população mundial e 24,5% do PIB do planeta. Outro dado importante, juntos totalizam 45% da força de trabalho no mundo. São países populosos com muitos jovens e adultos.
Em termos de área estão todos bem colocados:
- 1 – Rússia – 17.075.000 km²
- 2 – Canadá – 9.975.000 km²
- 3 – China – 9.600.000 km²
- 4 – Estados Unidos – 9.364.000 km²
- 5 – Brasil – 8.512.000 km²
- 6 – Austrália – 7.700.000 km²
- 7 – Argentina – 3.761.274 km²
- 8 – Índia – 3.287.590 km²
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- 24 – África do Sul – 1.221.037 Km²
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A população dos BRICS impressiona no ranking (2019):
- 1 – China – 1.433.783.686
- 2 – Índia – 1.366.417.754
- 3 – EUA – 329.064.917
- 4 – Indonésia – 270.625.568
- 5 – Paquistão – 216.565.318
- 6 – Brasil – 211.049.527
- 7 – Nigéria – 200.963.599
- 8 – Bangladesh – 163.046.161
- 9 – Rússia – 145.872.256
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- 24 – África do Sul – 56.720.900
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Em PIB, no ano de 2019, também estão no topo: (Em US $ trilhões)
- 1 – EUA – 21,3
- 2 – China – 14,2
- 3 – Japão – 5,1
- 4 – Alemanha – 3,9
- 5 – Índia – 2,9
- 6 – Reino Unido – 2,8
- 7 – França – 2,7
- 8 – Itália – 2,0
- 9 – Brasil – 1,9
- 10 – Canadá – 1,7
- 11 – Coreia do Sul – 1,6
- 12 – Rússia – 1,6
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- 33 – África do Sul – 0,36
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Esportes
Também podemos perceber o poder dos BRICS no esporte. China e Rússia são potências olímpicas. Além disso, os chineses sediaram as olimpíadas de Pequim 2008 e o Brasil a Rio 2016. Copas do Mundo serão 3 na sequência, África do Sul 2010 e Brasil 2014, já ocorridas, e a esperada Rússia 2018.
Finalizando os grandes eventos, os russos sediaram as Olimpíadas de Inverno de Sóchi 2014 e a capital chinesa dessa vez sediará Pequim 2022.
Muito a melhorar
Como podemos perceber, os BRICS estão no topo de vários parâmetros importantes. Já quando o assunto é desenvolvimento social estão bem atrás. Através do IDH 2018 podemos ter uma noção mais clara da situação de cada um frente a outros países do mundo. Fonte: UOL.
- 49 – Rússia – 0,816
- 79 – Brasil – 0,759
- 86 – China – 0,752
- 113 – África do Sul – 0,699
- 130 – Índia – 0,640
Esse atraso é uma característica marcante dos BRICS. São países onde boa parte da população está em processo de melhoria, tendo acesso a uma vida melhor. Isso amplia o número de consumidores, despertando o interesse de empresas do mundo todo, ávidas pelo crescente mercado interno de cada um.
Banco dos BRICS
Desde o início da organização, o principal avanço alcançado pelos membros foi a criação de um banco, em 2014, provido de recursos pelos BRICS.
A ideia era ser uma alternativa ao Banco Mundial, sempre presidido por um norte-americano, e ao FMI, sempre liderado por um europeu.
Com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento em países pobres e emergentes, pode concretizar a previsão de Jim O’Neill, modificando a ordem econômica mundial.
O New Development Bank (NDB), tem sede em Xangai, e está aberto a todos os países que fazem parte da ONU. Ainda assim, o estatuto do banco prevê que os emergentes controlem no mínimo 80% das ações.
A partir do momento que países do mundo todo se tornarem credores dos BRICS, a organização se tornará cada vez mais importante.
Em 2017 o NDB prevê o empréstimo de US$ 811 milhões para projetos de energias renováveis, o alvo central da empresa. Desse montante, US$ 300 milhões serão destinados ao Brasil. Veja mais sobre este empréstimo no site da Globo.
Saibam mais sobre as ambições do banco no site da BBC Brasil.
Futuro e Projeção Internacional
A grande pergunta é se os BRICS podem se transformar em um bloco econômico. Existe essa possibilidade, mas acho remota, vide a quase impossível competição com os produtos chineses. Em um bloco, o mínimo que se espera é comercializar sem impostos, o que seria uma loucura com os chineses no acordo.
Ainda assim, os BRICS dão ao Brasil exatamente o que o Mercosul não consegue, uma projeção internacional gigantesca, já que estamos ao lado de grandes potências econômicas, como a China, e militares, como a Rússia.
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Desde a fundação do grupo, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, demonstrando o potencial que existe a ser explorado. Sabendo explorar esse lado, os BRICS tem muito a acrescentar ao nosso país, tão pequeno em termos de inserção no comércio mundial e irrelevante nas decisões geopolíticas internacionais.
Fazer parte desse grupo pode nos ajudar até mesmo a alcançar o tão sonhado assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, onde China e Rússia estão presentes.
Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 05.10.2017
Atualizado em 21.10.2019