Em nosso último texto observamos a convulsão social vivida atualmente pela Catalunha, província rebelde da Espanha. Outros países passam por problemas parecidos, em processos não tão avançados de separação, como no caso da Bélgica.
Geografia
A Bélgica é um país membro da União Europeia. Possui 30.528 km² e uma população que orbita 11 milhões de habitantes. São 3 idiomas oficiais: francês, holandês e alemão.
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Para termos uma ideia, o país só é maior que 3 Unidades Federativas do Brasil (Alagoas, Sergipe e Distrito Federal). Ainda assim, mesmo tão pequeno, possui desavenças no seio de sua população. Algo que impressiona a nós brasileiros, que vivemos em um país enorme e distante destas questões. Ainda que existam movimentos separatistas por aqui, são irrisórios.
Histórico
A Bélgica é um país relativamente novo, quase da mesma idade que o Brasil (1822), tendo sido formada em 1830.
Foi uma dissidência da Holanda, país protestante, enquanto os belgas são de maioria católica. A Inglaterra, grande potência mundial na época, apoiou o pleito de criação de um novo país, evitando a possível anexação da região pela França, grande rival dos ingleses.
Reconhecido oficialmente pelo Tratado de Londres de 1839, surgiu assim mais um estado tampão na Europa, encravado entre as potências Holanda, Alemanha e França.
Mesmo unida, a Bélgica sempre apresentou diferenças nas duas metades de seu país:
Flanders
A região norte, conhecida como Flandres fala holandês, ou um dialeto muito parecido chamado de flamengo, nome também dado aos moradores locais. A população é de 6,4 milhões de habitantes, em uma área de 13.522 km². É a região mais desenvolvida da Bélgica, focada na exportação de produtos de ponta, principalmente via porto de Antuérpia, o 3º mais movimentado da Europa.
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O clichê já é antigo, mas desde que os flamengos alcançaram a liderança econômica na Bélgica iniciaram os desejos de separação. A região possui governo, parlamento e receitas próprias e quer mais, ser um país independente, ou até mesmo, em uma segunda hipótese, se unir novamente com a Holanda.
A questão é antiga. No passado, os valões, ligados a França, eram o centro da economia do país, com suas vastas reservas de carvão mineral. Naquele momento, desprezavam os flamengos, considerados inferiores.
Enquanto em Flandres a população sempre se esforçou para aprender o francês, na Valônia poucos se aventuraram no holandês. Agora, situação econômica se inverteu e o troco esta sendo dado.
Flanders responde atualmente por 70% do PIB belga. Assim como na Catalunha, acreditam levar todo o país nas costas. Nas últimas eleições, o partido separatista se tornou a maior força da região, acentuando o desejo de independência. O líder do movimento, Bart De Wever, não acredita que a Bélgica, como país, tenha futuro.
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Valônia
A área dessa região é maior, 16.844 km², o que representa 55% da Bélgica. Entretanto, a população é quase metade em relação aos flamengos, 3.610.089 habitantes. Sua principal cidade é a conhecida Liége, com quase 200 mil cidadãos. A língua oficial é o francês.
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Antes centro industrial do país, graças a grandes jazidas de carvão mineral, hoje amarga uma crise, com um nível de desemprego duas vezes maior em relação aos vizinhos flamengos. A mudança na matriz energética mundial fez com que o carvão perdesse sua importância estratégica, sendo hoje uma energia relativamente barata e a mais poluente.
O PIB per capta é alto para o padrão brasileiro, 21 mil euros anuais. Entretanto, bem abaixo dos 28 mil euros dos vizinhos do norte.
Como curiosidade, o site Terra fez uma reportagem sobre o valão, língua que foi esquecida, substituída pelo francês, confiram.
Outras divisões
Outras duas regiões completam o país. A primeira é a região metropolitana de Bruxelas, capital do país e um dos principais centros econômicos da Europa. É a sede do Poder Executivo da União Europeia e da poderosa OTAN. É uma cidade cosmopolita e possui representante de todos os matizes, inclusive uma grande comunidade muçulmana, envolvida nos atentados de Paris. Na cidade predomina a língua francesa.
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Também está presente no país uma comunidade bem pequena, representando 1% da população que fala alemão. Esse local foi cedido a Bélgica pelo Tratado de Versalhes, após a 1º Guerra Mundial.
Fatos recentes
O desejo de independência flamenga é pacífico e gradual, diferente da Catalunha que avança para um problema maior e imediato. Entretanto, qualquer fato novo agita o país, como após o atentado ocorrido em Bruxelas no ano de 2016, que deixou 34 mortos e mais de 200 feridos. Tudo é pretexto para a separação, como pode ser observado em reportagem do site G1-Globo.
Cerca de 40% dos flamengos apoiam a separação, frente a somente 12% dos valões.
Catalunha, Flanders, entre outros casos, são frutos de um mesmo pensamento. Apesar de entendermos que realmente existe uma questão cultural, o problema inevitavelmente esbarra no aspecto econômico. Não querer dividir os problemas com as regiões mais pobres é uma tendencia quase inevitável do ser humano.
O site Carta Capital fez um resumo de vários movimentos separatistas da Europa, vale a pena conferir neste link.
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Publicado em 17.10.2017