186. Brasil, a Equivocada Opção Rodoviária

Em nosso último texto abordamos os principais meios de transportes do mundo. O mais importante foi identificar que não existe um modal melhor que outro, mas sim, dependendo de cada demanda, um mais adequado.

No caso do nosso país, um gigante territorial, em especial para grandes cargas, seriam mais adequados os transportes ferroviário e aquaviário. Infelizmente, ao longo da história optamos pelo rodoviário, o que mais polui e carrega menos carga (Se comparado a ferrovias e hidrovias).

TKU é uma unidade física que mede esforço. Pode ser entendida como as toneladas úteis (ou seja, apenas o peso da carga, sem considerar a tara dos equipamentos empregados) transportada por quilômetro.

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Rodoviário

Nossa história de amor pelos automóveis e caminhões teve início na década de 1950, mais especificamente após o governo JK (1956 -1960). Com o objetivo de atrair para o Brasil as montadoras estrangeiras de veículos, Juscelino promoveu um agressivo plano de construção de estradas. O presidente também tinha outra missão, integrar o enorme território nacional.

Não podemos criticar completamente esta ideia, levando-se em consideração que o petróleo era muito barato nessa época e as transnacionais automobilísticas geravam milhares de empregos. O erro foi abdicar de outros modais.

Observem quantas carretas são necessárias para se comparar a capacidade de carga de algumas composições ferroviárias e um barco.

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E tem mais, a culpa não pode sempre recair sobre JK, já que fazem 57 anos que ele deixou o poder e os governos subsequentes também não mudaram o foco. Como exemplo, o Governo Militar criou o PIN (Plano de integração Nacional) que tinha como objetivo rasgar o Brasil com estradas. A mais famosa ficou conhecida como Transamazônica, um monstro de 8 mil km, que na verdade drenou recursos e até hoje não foi concluída.

Insistimos nas rodovias mesmo com o preço do combustível subindo significativamente na década de 1970. Para piorar a situação, as atuais fábricas de automóveis já não geram a quantidade de empregos do passado. Graças a automação, milhares de brasileiros foram substituídos por máquinas.

Abaixo, a impressionante frota brasileira segundo o IBGE. Dados de 2016.

  • Automóveis – 51.296.981
  • Motocicletas –  20.942.633
  • Caminhonetes (carga) –  6.880.333
  • Motonetas (Vespa) –  3.990.558
  • Caminhonetas (passageiros e carga) –  3.053.759
  • Caminhões – 2.684.227
  • Utilitários – 707.152
  • Ônibus – 601.522
  • Micro-ônibus – 383.325
  • Tratores – 30.896

Saibam a diferença entre caminhonete e caminhoneta no site Ensino Dicas. Outra dúvida são os utilitários, confiram no site Blog do condutor. 

Segundo as últimas estimativas divulgadas no Jornal Nacional da rede Globo (dia 07.11.17), seria necessário a fortuna de 300 bilhões de reais para colocar as estradas brasileiras em boas condições. Não conseguimos, sequer, ter boas vias no tipo de transporte que escolhemos como preferencial.

Apesar de grande, somente 12,3% da malha rodoviária do Brasil é pavimentada. Veja mais no site da Confederação Nacional dos Transportes. 

Falta dinheiro para tudo no Brasil, menos para pagar políticos e os super salários do judiciário e executivo.

Ferroviário

As ferrovias chegaram ao Brasil ainda no século XIX. A primeira estrada sobre trilhos do Brasil foi construída pelo empreendedor Irineu Evangelista de Souza, conhecido mais a frente como o Barão de Mauá. Ela tinha 14,5 km de extensão e ligava o porto de Mauá, na Baía de Guanabara, à localidade de Raiz da Serra, no caminho para Petrópolis.

Chegamos a ter mais de 34 mil km de trilhos no início do século XX. Passados quase 1oo anos, quando poderíamos ter duplicado ou triplicado nossa malha, os números pioraram. Inacreditavelmente, temos menos trilhos hoje que de no passado. Com sucessivas crises e governos desinteressados pelo assunto, fechamos atualmente com cerca de 30 mil km.

Um país colossal como o nosso, só possui 3 linhas regulares de trens. Duas são controladas pela empresa Vale (Carajás/870 km e Vitória-Minas/664 km) e outra liga Curitiba a Paranaguá/ 110km.

Uma das poucas estradas de ferro que, além de muito minério, também possui trens de passageiros, e a Vitória-Minas. Imagem: Internet.

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Além de escassa malha ferroviária, ainda temos outro grande problema. Ao longo das décadas, vários governos e empresas diferentes construíram ferrovias no Brasil, assim utilizando parâmetros diferentes. Bitola, é a distância entre os trilhos, e no Brasil, entre trens, metrôs e bondes, temos 8 tipos distintos. Isso impossibilita a integração da malha nacional. Trens que utilizam uma linha não podem se conectar a outras, isolando os percursos.

Países mais desenvolvidos, como os EUA, unificaram suas bitolas ainda no século XIX. Já por aqui, a falta de critérios nas concessões impediu que isso ocorresse. Por aqui, em relação aos trens de carga, basicamente utilizamos as bitolas estreita ou métrica (1,0 metro) e a larga (1,6 metro). São 23.489 km de trilhos com o primeiro tipo e 4.050 km com o segundo. A Bitola padrão (1,44 metro), usada por 60% do mundo, só existe no Brasil em 202,4 km.

Atualmente nosso maior projeto é a Ferrovia Norte-Sul, com 4 155,6 km previstos. Com denúncias de corrupção que datam desde 1987, exatos 30 anos, a obra se arrasta e está longe de ser concluída. Do total, pouco mais de 1. 000 km estão prontos. Saibam mais em uma reportagem do Jornal O Globo.

Clique para ampliar. Projeto da Ferrovia Norte-Sul. Imagem: Internet.

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Em um país continental como o nosso foi um grande equívoco menosprezar as ferrovias. Apesar dos problemas levantados em nosso texto anterior, elas possuem grande capacidade de carga e ótima eficiência energética. Além disso, são mais seguras, tanto na questão de acidentes, como também no número de roubos de cargas, epidemias existentes no transporte rodoviário brasileiro.

Aéreo

Clique para ampliar. Números do setor no Brasil.

Poucas pessoas sabem, mas o primeiro voo da América Latina ocorreu em 1910, na cidade de Osasco, através do piloto Dimitri Sensaud de Lavaud . Já o primeiro voo comercial brasileiro decolou em 1927, pela empresa Condor Syndikat. No mesmo ano foi fundada a Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), hoje extinta.

Em termos de cargas o transporte aéreo é quase irrelevante, entretanto carrega um número significativo de pessoas. Somente pelos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, juntos, passaram mais de 55 milhões de passageiros em 2016. Confins, na Grande Belo Horizonte, orbita os 10 milhões, ocupando a 5º Posição. Veja o ranking no site AirWay-UOL.

Foram 109,6 milhões de passageiros transportados em 2016, sendo 88 milhões em voos domésticos e 20,9 internacionais. Veja mais em reportagem no site da ANAC.

Atualmente somos o 9º país com maior quantidade de passageiros transportados. Mas já chegamos a ser o 5º. Vejam os números da aviação brasileira na imagem à esquerda.

 Próximos textos

Continuamos nosso assunto nos dois próximos posts. Na sequência, abordaremos o transporte hidroviário, com ênfase na Hidrovia Tietê-Paraná e depois partiremos para os dutos, com destaque para o Gasoduto Bolívia-Brasil.

Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 15.11.2017

2 comments to “186. Brasil, a Equivocada Opção Rodoviária”

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