Getúlio Vargas foi tema em inúmeros textos de nosso blog. Em um deles, focamos nossas atenções no suicídio mais famoso da história de nosso país, fato que abalou milhões de brasileiros.
Entre o gaúcho que tirou a própria vida e o mineiro Juscelino Kubitschek, eleito para o mandato 1956-1961, o Brasil passou por um dos períodos mais conturbados de sua história. Algo relativamente parecido com os dias atuais, onde não sabemos até que dia quem está no poder irá se manter. Foram 5 presidentes em um espaço de tempo muito curto, cerca de 17 meses.
Tudo começou com a morte do homem que ficou conhecido como “pai dos pobres”. Para facilitar o entendimento, enumeramos os 5 presidentes do período.
1- Getúlio Dornelles Vargas
Nossa lista começa com o gaúcho Vargas, amplamente discutido em nosso blog. No dia 24 de agosto de 1954, com um tiro no peito, dado em seu quarto no Palácio do Catete, tirou a própria vida e lançou o Brasil em um círculo de incertezas.
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Saiba mais sobre a Era Vargas iniciando sua leitura pelo nosso Texto 176: Governo Provisório 1930 – 1934
2 – João Fernandes Campos Café Filho
Café Filho, como ficou conhecido, era o vice-presidente e, naturalmente, assumiu o poder após a trágica morte do presidente anterior. Nascido em Natal-RN, em 1899, tomou posse logo após o inesperado acontecimento ter sido anunciado pelas rádios.
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Fez discursos popularmente parecidos com os de Vargas, até mesmo se aproveitando da comoção que tomava conta de nosso país naquele momento. Entretanto, paradoxalmente, nomeou ministros e uma equipe de governo formadas por pessoas ligadas a UDN (União Democrática Nacional), partido oposicionista.
Relativamente parecido com o discurso atual de Michel Temer, Café Filho anunciava que seu governo era provisório e que não tinha maiores interesses políticos a não ser finalizar o mandato de Vargas, que iria até janeiro de 1956. Seu governo foi marcado por uma enorme instabilidade, inflação e déficit na balança comercial.
Em outubro de 1955 nosso país se preparava para mais uma eleição presidencial. Foi um embate muito acirrado. Um dos candidatos era Juscelino Kubitschek do PSD, com João Goulart, do PTB, como vice na chapa. Ambos os partidos foram fundados por Vargas. O slogan da campanha desenvolvimentista era “50 anos de progresso em 5 de governo”. O maior rival era Juarez Távola, militar cearense representando a UDN. Completavam o pleito os paulistas Adhemar de Barros, pelo PSP e Plínio Salgado do PRP.
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Com 3.077.411 de votos, representando 35,68% dos votos, JK se saiu vitorioso. Juarez Távola, segundo colocado, ficou com 30,27% dos votos. A vitória do mineiro aparentemente resolveria o vácuo de poder, mas não foi o que aconteceu.
Indignados com a derrota, membros da UDN pressionavam Café Filho para que ele impedisse a posse do presidente eleito. Para eles, em especial Carlos Lacerda, seria uma volta das políticas varguistas ao poder.
O ardiloso político carioca queria impugnar as eleições, alegando que Juscelino não havia obtido maioria absoluta doa votos. Além disso, ele questionava a diferença de 500 mil votos entre os dois mais votados, afirmando que seria fruto dos votos dos comunistas, que naquele momento estavam impedidos de terem partidos, portanto, não poderiam estar representados no poder. Uma falácia inescrupulosa para tumultuar a posse de JK.
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Por outro lado, o metódico Ministro da Guerra, General Lott, exigia que fosse respeitada a eleição. Em meio a esse tiroteio político, Café Filho alegou graves problemas cardíacos e pediu licença da Presidência. Foi internado em um hospital no Rio De Janeiro. A enfermidade era real, mas não se sabe até que ponto foi usada como uma fuga da situação.
3 – Carlos Coimbra da Luz
O mineiro Carlos Luz, como ficou conhecido, era o terceiro na linha sucessória, assumindo o cargo mais importante do país por ser o presidente da Câmara dos Deputados. Fazia parte do PSD, partido de JK, mas era de uma ala rebelde. Dessa forma, ligado ideologicamente a UDN, tomou posse na tarde de 8 de novembro de 1955, com a missão de impedir a chegada do presidente eleito ao poder.
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Permaneceu no comando do país por apenas dois dias, 9 e 10, já que no dia 11 foi deposto por um golpe militar liderado pelo General Lott, favorável a posse de JK, respeitando as eleições e a constituição. Lott havia pedido demissão do cargo de Ministro poucas horas antes, mas contou com o apoio da maioria dos generais.
Carlos Luz estava bordo do Cruzador Tamandaré da Marinha Brasileira, chegou a esboçar alguma retaliação, mas depois desistiu e entregou o cargo. O site Tribuna da Internet fez um texto muito elucidativo sobre este dia, confiram.
Esse golpe ficou conhecido como Movimento de 11 de Novembro, ou Golpe Preventivo do Marechal Lott.
Uma curiosidade é que em Belo Horizonte temos a Avenida Presidente Carlos Luz, apelidada de Catalão, seu antigo nome. Uma homenagem ao presidente mais curto de nossa história, basicamente dois dias.
4 – Nereu Oliveira Ramos
Nereu Ramos assumiu a Presidência da República em 11 de novembro de 1955. O Brasil chegou ao quarto na linha sucessória, já que ele comandava o Senado. Fez o básico e passou o bastão para o eleito JK em 31 de janeiro de 1956.
Em um dos nossos primeiros posts abordamos a linha sucessória do Governo Brasileiro, confiram no texto: E se Saírem o Presidente e o Vice?
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Um detalhe importante, após Nereu Ramos assumir a presidência, Café Filho demonstrou interesse em regressar ao cargo, sendo impedido pelo General Lott. Haviam suspeitas de que Café Filho também poderia trabalhar contra JK.
Nereu governou com o Brasil em estado de sítio, votado pela Câmara, com amplos poderes das Forças Armadas, até entregar o cargo para o sucessor.
5 – Juscelino Kubitschek de Oliveira
O mineiro JK, enfim, assumiu seu mandato, sendo o 5º presidente a tomar posse em um intervalo de tempo próximo a 17 meses ou 526 dias. Seu mandato será alvo desse blog em nosso próximo texto.
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A grande verdade é que ao analisarmos a história dos últimos 100 anos no Brasil, percebemos que crises são a regra e não a exceção.
Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 20.02.2018