Em 1889 o Brasil passou pelo seu primeiro Golpe Militar, a Proclamação da República. Por isso, o período denominado República Velha ou Primeira República (1889-1930) se inicia com uma subdivisão, a República da Espada (1889 – 1994), onde o Brasil foi governado por dois Marechais, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
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A outra parte, que se estende de 1884 a 1930, chamamos de República Oligárquica (1894 – 1930), onde predominou a famosa Política do Café com Leite.
Transição
Não foi imediatamente após a saída de Floriano Peixoto que os militares se afastaram do poder. Existiu uma fase de transição, o governo de Prudente de Morais, o primeiro presidente civil do Brasil.
Neste primeiro momento, tivemos a Campanha de Canudos, durante os anos 1896 e 1897, evento que desgastou duramente a imagem dos militares, devido ao massacre promovido. Somado a esse fato, tivemos a morte de Floriano Peixoto em 1895, desestimulando ainda mais qualquer intenção de poder dos oficiais.
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Neste sentido, os historiadores limitam o período Café com Leite como tendo ocorrido entre 1898 e 1930. Não computando o primeiro governo civil do Brasil como tal.
Café com Leite (1898 – 1930)
O início se deu no Governo Campos Sales. Nosso país era majoritariamente rural, com grandes forças estaduais e tendo o café como nosso único grande produto de exportação. Esse conjunto de fatores fez emergir os dois principais produtores agrícolas da época, através da aliança do Partido Republicano Paulista (PRP) com o Partido Republicano Mineiro (PRM).
O que impulsionou todo esse acordo oligárquico foi a Política dos Governadores. O Governo Federal concedia benesses as oligarquias estaduais que, em troca, garantiam a escolha do candidato acordado anteriormente. Os Estados então eram gerenciados pela aristocracia ligada aos coronéis, sem interferência federal. Essa política foi a base da Política do Café com Leite, sendo muitas vezes confundida com ela.
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Os dois estados eram os mais poderosos economicamente, São Paulo representando o café estava a frente, na sequência, vinha Minas Gerais e sua produção leiteira. Também eram os mais populosos, nesse caso, os mineiros detinham a liderança, seguidos pelos paulistas.
Voto de Cabresto e Coronelismo
Toda essa engrenagem só era possível graças ao voto aberto, também conhecido como de cabresto. Referência a corda que os cavaleiros usam para comandar os movimentos dos cavalos. Os grandes fazendeiros detinham tanto poder em seus currais eleitorais, termo que surgiu naquela época, que escolhiam em quem a população iria votar. Como o voto não era secreto, dificilmente alguém tinha a coragem de contrariar os coronéis, como eram conhecidos. Daí a criação de mais um termo, o Coronelismo.
A alcunha ou título de coronel vinha de uma tradição antiga. Quando foi criada a Guarda Nacional, em 1831, os quadros da corporação eram nomeados diretamente pelo Imperador, ou pelos presidentes das províncias, o equivalente hoje aos governadores. Dessa forma, os grandes fazendeiros financiavam as campanhas de seus afilhados que, vencendo, os colocavam como coronéis. Os membros da Guarda eram civis, treinados militarmente e convocados em momentos de turbulência social.
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Cada municipalidade tinha sua organização paramilitar, liderada por um coronel local, o que dava a ele tremendo poder nesse período da história. Mesmo após o fim da corporação em 1922, o termo ainda continuou designando os poderosos pelo interior do Brasil.
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Naquele tempo as eleições ocorriam de quatro em quatro anos, em 1 de março, e a posse era dia 15 de novembro do mesmo ano, em homenagem a recente Proclamação da República.
O poder das oligarquias estaduais de Minas e São Paulo era imenso. Ocupavam os principais cargos do governo federal, além de um domínio completo em seus estados. Poucas famílias faziam parte desse círculo, detendo as maiores fazendas, bancos, prefeituras e meios de imprensa. Eram também os chefes de polícia e tinham membros no judiciário. Em geral, as famílias casavam os filhos entre si, perpetuando a casta.
Se alguém acredita que hoje os ricos e poderosos são protegidos e inalcançáveis pela justiça, imagina na virada do século XIX para o XX.
Nosso Blog já abordou o fim da Política do Café com Leite, assim como a Revolução de 1930, em nosso texto 176, confiram.
Ao todo, durante todo o período oligárquico, tivemos 11 Presidentes da República eleitos. Nosso próximo texto faz um breve relato do mandato de cada um. Vocês perceberão como foi turbulento esse momento de nossa história.
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Publicado em 06.03.2018