193. Os Presidentes das Oligarquias (1894 – 1930)

Em nosso último texto abordamos a Política do Café com Leite, período marcante da República Oligárquica (1894 – 1930).

O atual post tem como objetivo complementar esse assunto, fazendo um breve relato dos 11 presidentes eleitos durante esse período. Além deles, tivemos dois vices assumindo por problemas de saúde dos titulares. Obviamente, pelo volume de mandatos tivemos que resumir. Em futuros textos abordaremos de forma mais completa fatos importantes citados neste primeiro momento.

Prudente de Morais (1894-1898) (Paulista)

Foi o primeiro presidente civil do Brasil. Enfrentou a Revolta Federalista no Rio Grande do Sul e o famoso conflito em Canudos, no interior do Estado da Bahia. Como o voto era permitido somente para homens que sabiam ler e escrever, as eleições eram muito restritas. Um exemplo foi o resultado final deste primeiro pleito, onde Prudente de Morais teve apenas 276.583 votos, contra 38.291 de Afonso Pena. Hoje em dia, dependendo do Estado, se elege apenas um Deputado Federal com esse número.

Sua foto  foi publicada no texto anterior.

Campos Sales (1898-1902) (Paulista)

Foi a partir deste segundo mandato civil que foi formada a Política dos Governadores, chave para a Política do café com Leite. Enfrentou a disputa pela posse de parte do Amapá com a França, saindo-se vitorioso através da mediação do famoso Barão do Rio Branco. Assim como também iniciou negociações em relação a posse do Acre, dessa vez com a Bolívia. Esses fatos foram tema em nosso blog no texto 16, confiram.

Iniciou uma forte ação de apoio aos cafeicultores, principal produto de exportação do Brasil. Sua foto foi capa de nosso texto passado.

Rodrigues Alves (1902-1906) (Paulista)

Francisco de Paula Rodrigues Alves, foi um advogado, político,  presidente do estado de São Paulo, ministro da fazenda e quinto presidente do Brasil. Imagem: Internet.

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Continuou a política de favorecimento aos cafeicultores iniciada no mandato anterior. Finalizou a negociação com nosso vizinho a garantiu a posse do Território do Acre. Tentando sanear o Rio de Janeiro, enfrentou a famosa Revolta da Vacina, estudo de caso em termos de saúde pública até os dias de hoje. No caso, da forma desastrada como foi conduzida.

Se diferenciou de seus antecessores por não ser um republicano fervoroso,  tendo sido Conselheiro do Império em sua fase final.

Afonso Pena (1906-1909) (Mineiro)

Foi um advogado e político brasileiro. Primeiro mineiro  Presidente do Brasil. Imagem: Internet

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Foi durante seu governo do Estado de MG (1892 e 1894)  que se decidiu pela mudança da capital do estado, de Ouro Preto para a Freguesia do Curral del Rei, hoje Belo Horizonte. Por isso, a capital dos mineiros possui uma importante avenida com seu nome.

Como Presidente da República construiu estradas de ferro e portos para ajudar no escoamento de bens, em especial café. Construiu um telégrafo ligando o norte do Brasil a capital, Rio de Janeiro, algo bem moderno para a época.

Morreu antes de completar o mandato. Foi substituído pelo seu vice, Nilo Peçanha (1909 – 1910), nascido em campos (Atual RJ, na época, Guanabara). Em meio a disputa sucessória entre mineiros e paulista, finalizou o mandato, indicando Hermes da Fonseca a sua sucessão.

Hermes da Fonseca (1910-1914) (Gaúcho)

Hermes Rodrigues da Fonseca foi um militar e político brasileiro, presidente do Brasil entre 1910 e 1914. Imagem: Internet

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Em um raro momento de desentendimento entre São Paulo e Minas Gerais, o Marechal foi eleito, com o apoio do presidente Nilo Peçanha. Nesse caso, Minas se uniu ao Rio Grande do Sul durante o pleito, saindo vitoriosos. Um caso a parte na Política do Café com leite.

Sobrinho de Deodoro da Fonseca se notabilizou pela modernização das Forças Armadas, sua origem. Em seu governo estouraram as revoltas de Juazeiro e da Chibata, além da Guerra do Contestado, no Sul do país. Essa última, não resolvida até o fim de seu turbulento mandato, onde até mesmo Estado de Sítio¹ foi declarado.

Venceslau Brás (1914-1918) (Mineiro)

Venceslau Brás Pereira Gomes, nascido em  Itajubá,  foi um advogado e político brasileiro, presidente do Brasil entre 1914 e 1918. Imagem: Internet.

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Sucedeu o governo do qual fora Vice-Presidente da República. Durante o seu mandato nosso país teve uma pequena atuação na 1º Guerra Mundial, já que, em 1917, declaramos guerra a Tríplice Aliança. Não enviamos tropas, mas medicamentos e equipes de assistência médica. Também patrulhamos o Oceano Atlântico com embarcações militares.

Em seu governo o país viveu um surto industrial, por outro lado, teve que lidar com a Greve Geral de 1917.

Rodrigues Alves  (Paulista) 

O mesmo de 1902, entretanto, não chegou a assumiu seu mandato pois morreu de gripe espanhola antes. Assumiu em seu lugar o vice Delfim Moreira (1919), mineiro, que governou por pouquíssimo tempo, 7 meses, já que também passava por problemas de saúde. Novas eleições foram convocadas.

Epitácio Pessoa (1919-1922) (Paraibano)

Apesar de paraibano, foi eleito com o apoio do PRM, Partido Republicano Mineiro. Em meio a um país em convulsão social, venceu as eleições sem sequer estar no Brasil, fato único em nossa história. Ele estava na França, representando o Brasil no Tratado de Versalhes. Derrotou o já septuagenário Rui Barbosa.

Epitácio Lindolfo da Silva,  foi um político, magistrado, diplomata, professor universitário e jurista brasileiro, presidente da república entre 1919 e 1922. Imagem: Internet.

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As manifestações operarias continuaram, com centenas de líderes sendo presos ou deportados.

Seu governo também foi marcado pelo início dos protestos das Forças Armadas, o que mais tarde resultou na Revolução de 1930. Essa animosidade teve início quando ele nomeou dois civis para dirigir as pastas da Guerra e da Marinha, respectivamente, Pandiá Calógeras e Raul Soares de Moura.

Enfrentou a insurgência no Forte de Copacabana, tendo pedido ao Congresso a decretação de Estado de Sítio para o Rio de Janeiro. Pode-se dizer que este governo foi o início do fim da Política do Café com Leite.

Artur Bernardes (1922-1926) (Mineiro)

Artur da Silva Bernardes, foi um advogado e político brasileiro, presidente (governador) de Minas Gerais de 1918 a 1922 e presidente do Brasil  de 1922 a 1926. Imagem: Internet.

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Já encontrando um país conflagrado, com parte das Forças Armadas em sobressalto, principalmente a ala mais jovem, teve que enfrentar  a Coluna Prestes, parte do Movimento Tenentista. Usou em demasia o Estado de Sítio para poder governar.

Antes mesmo de assumir já era criticado por, supostamente, ter escrito cartas ofensivas ao militar Marechal Hermes.

Washington Luís (1926-1930) (Carioca, porém com toda carreira construída em São Paulo)

Seu governo foi o ápice do problema. Além de já ter que lidar com as Forças Armadas, se deparou com a maior crise da história do capitalismo, a Crise de 1929, que degradou nossa economia. Por consequência, deteriorou a vida de milhares de brasileiros. Com a queda do preço do café, as oligarquias perderam poder.

A Política do café com Leite dava sinais de esgotamento, fato que se mostrou irreversível com a Revolução de 1930, tema já abordado em nosso blog no texto 176, confiram. Foi retirado do poder e seu sucessor impedido de assumir.

 

Washington Luis (esquerda) foi desposto pelas Forças Armadas, impedindo a posse de Julio Prestes (direita) que viria em seguida. Imagem: Internet.

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 Júlio Prestes (Paulista)

Foi eleito em  1º de março de 1930, mas não assumiu o poder, já que Vargas foi colocado na Presidência pelas Forças Armadas. É o único caso em nossa história de um político eleito pelo povo não assumir o poder.

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1 – Estado de Sítio:  É um estado de exceção, instaurado como uma medida provisória de proteção do Estado, quando este está sob uma determinada ameaça, como uma guerra ou uma calamidade pública.

Publicado em 12.03.2018