197. Capitalismo, Transnacionais e as Concorrências Imperfeitas

Com o fim da Guerra Fria e a extinção do bloco comunista, o capitalismo saiu vitorioso, dominando quase que por completo o mundo moderno. A globalização foi cruel com as ideias de Karl Marx, hoje renegadas a utopia.

Vivemos atualmente a fase conhecida como capitalismo financeiro, onde se ganha dinheiro com especulações, moedas virtuais, ações de empresas, valorizações e desvalorizações de moedas, juros e títulos das dívidas públicas dos países. Outro aspecto muito importante é o domínio econômico exercido pelas grandes corporações sobre o capitalismo. São empresas mergulhadas no ideal do maior lucro possível, em grande maioria sem nenhuma preocupação social. Visam unicamente o crescimento, talvez também por isso são realmente tão grandes.

As transnacionais dominam a economia mundial. Estão presente em nosso cotidiano de uma forma tão natural que as vezes nem mesmo percebemos. Imagem: Internet.

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Acredita-se que existam cerca de 40 mil empresas transnacionais, atuando além dos limites de seus países de origem. Dominam cerca de 80% do mercado internacional. Elas geram empregos e levam tecnologia mundo afora, porém, nem sempre atuam de forma honesta, respeitando as leis locais e mundiais. O texto de hoje tem como objetivo mostrar técnicas e artimanhas usadas pelas grandes empresas mundiais na tentativa de burlar a livre concorrência:

Monopólio

Do grego monos, que significa “um” e polein que significa “vender”. Ocorre quando uma empresa detém o domínio completo de um mercado, sem concorrência. Em geral se torna algo danoso ao consumidor, a menos que exista uma agência regulatória que impeça a empresa de colocar o preço que achar conveniente. Como o mundo de hoje é muito dinâmico, é difícil ocorrer monopólios, sendo eles, na maioria dos casos, estatais.

No Brasil existem leis que impedem o monopólio, inclusive bloqueando compras e fusões de empresas que resultem em um domínio mercadológico. Entretanto, o próprio Estado possui monopólios, como no caso do refino do petróleo (Petrobrás) e entrega de cartas (Correios). Algumas prestações de serviços essenciais como água e luz também se configuram domínios exclusivos, já que o consumidor não pode escolher outras empresas para tais funções.

A Revista Época fez uma reportagem sobre o monopólio exercido pelos correios em termos de cartas pessoais, confiram. Imagem: Internet.

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Oligopólio

Ocorre quando poucas empresas dominam o mercado de algum produto ou prestação de serviços. Economicamente é menos danoso que o monopólio, mas também traz seus problemas, já que as opções são escassas. A telefonia celular é um bom exemplo, já que somente 4 empresas podem atuar em cada região. Na maioria das regiões do Brasil as empresas Vivo, Claro, Oi e Tim dominam o mercado.

Geralmente o mercado de transporte público também é dominado por poucas empresas de ônibus, por isso tantos problemas em relação aos serviços e preços cobrados.

Essas 4 empresas dominam, quase completamente, a oferta de telefonia celular no Brasil. Talvez isso explique o péssimo atendimento oferecido. Imagem: Internet.

Oligopsônio

Pouco conhecido, também é uma forma de concorrência imperfeita. Nesse caso, a lógica se inverte, temos poucos compradores, geralmente empresas enormes que dominam a necessidade por um determinado produto. Sendo poucos e grandes compradores, conseguem influenciar o preço dos próprios produtos que compram, ameaçando, por exemplo, mudar de fornecedor.

Truste

Ocorre quando duas ou mais empresas se fundem com o objetivo de dominar um mercado, se possível, criando um monopólio. No Brasil existe uma lei antitruste, que orienta os trabalhos de uma autarquia estatal criada para proteger o livre mercado, denominada CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Se nosso leitor quiser se aprofundar nesse assunto, o site Jus.com fez um interessante artigo em relação aos possíveis exageros dessa lei, além de seus pontos positivos, confiram.

A fusão entre a Sadia e a Perdigão gerou enorme polêmica por denúncias de estarem criando um Truste. O CADE fechou um acordo com as duas empresas impondo uma série de restrições a união que formou a gigante Brasil Foods, confiram no link da Revista Istoé. Imagem: Internet.

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Cartel

Nosso texto foca nas grandes corporações, empresas com capacidades reais de influência no mercado mundial, entretanto, o cartel pode ocorrer no bairro onde moramos, em um nível micro. Existe quando empresas que atuam em um mesmo ramo combinam preços ou cotas de produção, dessa forma eliminando a livre concorrência. Sem opção, o consumidor é obrigado a pagar os preços escolhidos pelos vendedores.

É algo muito comum nas áreas urbanas, em especial nos postos de gasolina, apesar de ser proibido por lei. O site do Jornal O Tempo publicou uma reportagem sobre o cartel dos combustíveis no Brasil, confiram. 

Holding

É uma empresa criada para gerenciar outras empresas. Isso só é possível pelo fato da holding possuir a maior parte das ações das empresas que controla. Holding é algo completamente legal, entretanto, pode ser tornar um truste ou cartel se a controladora obtiver a maioria das ações de empresas rivais em algum segmento econômico.

Alphabet é a holding que controla grandes empresas, entre elas a gigantesca Google. Imagem: Diário do Comércio.

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A holding em si não produz nada, é uma empresa gestora de outras que produzem. Chamamos esse conjunto de empresas conectadas entre si por um controlador de conglomerados.

Conglomerados

São marcas ou empresas que atuam em vários segmentos da economia. Apesar de serem controladas por um único dono, atuam de forma independentes entre si, já que suas linhas de produção necessitam de matérias primas diferentes.

CLIQUE PARA AMPLIAR. Em geral, os conglomerados são gerenciados por holdings, que controlam a maioria de suas ações. Vejam na imagem quantos produtos e empresas são controlados por uma única gestora. Imagem: Internet.

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Essas megaempresas, ao dominarem ações de outras, também podem formar trustes, fundindo empresas que por ventura atuem em um mesmo segmento.

Joint Venture

É uma parceria entre duas empresas com o objetivo de produzir um ou mais produtos por um tempo determinado. Pode ou não gerar um terceiro ente jurídico, um novo CNPJ, que representa essa união.

É completamente legal, entretanto, na maioria das vezes gera diminuição das vagas de emprego, já que agora as empresas dividem uma mesma logística e linha de produção. Faz muito bem as corporações pela diminuição de custos e troca de tecnologia, entretanto, dependendo do acordo, também pode vir a gerar um monopólio, se essa união for de empresas que dominam o mercado.

Entre 1987 e 1996 existiu uma conhecida joint venture no Brasil, a Autolatina, uma associação entre a Ford e a Volkswagen, para a fabricação de alguns veículos. Por quase uma década lançaram alguns automóveis e peças em conjunto, depois terminaram o acordo por falta de sincronia entre as diretorias.

Dumping

É uma prática internacionalmente proibida. Consiste no fato de uma empresa vender seus produtos por um preço bem abaixo do mercado, em alguns casos tomando até um certo prejuízo. O objetivo, no entanto, não é favorecer o consumidor, mas sim quebrar a concorrência e dominar o mercado, formando um monopólio ou um oligopólio. A partir disso, praticam o preço que acham devido, geralmente acima do valor de mercado.

Somente empresas de grande porte conseguem esse expediente, já que possuem mercado global, podendo em um local específico manterem preços irreais, eliminando os concorrentes. A palavra tem origem no  termo inglês ”dump”, que significa esvaziar, já que o objetivo é aniquilar concorrentes.

Como podemos perceber, o capitalismo é selvagem, se articula e modifica sua forma de atuar com o tempo. Precisamos de agências regulatórias atentas para salvaguardar os interesses dos consumidores.

Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 16.04.2018