Em nosso último texto abordamos as espécies exóticas invasoras, seres vivos enxertados em um ambiente do qual não é nativo. Continuamos nossa caminhada trazendo mais três espécies que estão causando problemas ao Brasil nesse tema:
Javali (Sus scrofa)
É uma espécie europeia e asiática, mas também pode ser encontrada no Norte da África. Foi introduzida no Brasil, principalmente na região Sul, de forma legal, para fins de criação e abate. Em algum momento da década de 1980 alguns indivíduos escaparam e o problema teve início. Existe a possibilidade dessa fuga, ou até mesmo soltura, ter ocorrido em criatórios do Uruguai ou Argentina. Possivelmente nunca saberemos exatamente a gênese do problema. Como os animais não respeitam fronteiras chegaram ao Brasil, onde cruzaram com o porco doméstico (Sus scrofa domesticus), surgindo o termo Javaporco. Atualmente, até em Roraima já foi detectada a presença do animal.
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O animal é muito agressivo e praticamente não tem predadores por aqui. Procria duas vezes por ano, chegando a mais de 6 filhotes por vez. Como anda em bando com centenas de animais destroem tudo por onde passam, desde plantações a cercas. Comem os vegetais cultivados e promovem o assoreamento das nascentes, já que pisoteiam os locais por ande passam, arrancando a vegetação e expondo o solo. Os maiores indivíduos ultrapassam os 200 Kg.
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A preocupação não é só dos agricultores, já que o animal pode ser vetor de doenças como a febre aftosa. Além disso, por tem um apetite voraz, come ovos de pássaros que os depositam no chão, e tudo mais que as florestas possam oferecer.
Por ser uma espécie exótica, o IBAMA autorizou a sua caça, para tentar controlar sua população. Somente no ano da autorização foram abatidos 583 indivíduos no Brasil, o que não resolveu o problema. Veja uma reportagem sobre estes verdadeiros safáris no site G1/Globo.
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A situação está fora de controle e não existe previsão para que seja resolvida.
Abelha Africanizada (Apis mellifera scutellata)
A história da introdução deste tipo de animal em nosso país é bastante interessante. Na década de 1950 um pesquisador brasileiro, Warwick Estevam Kerr, trouxe ao Brasil alguns exemplares de abelhas africanas, com o intuito de cruzar com a espécie europeia introduzida por aqui anteriormente, aumentando a quantidade e a qualidade do mel produzido.
As colmeias ficavam dentro de um cercado bem fino, impedindo a saída dos zangões/rainhas e a consequente disseminação da espécie. Por um erro, as grades foram retiradas, liberando 26 colmeias ao exterior. Com o tempo, foram se espalhando por toda a América, chegando ao México já na década de 1980.
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A espécie é menor que a abelha europeia, e seu veneno não é mais potente, entretanto, pela forma mais agressiva que defende suas colmeias, ficaram conhecidas como abelhas assassinas. Isso ocorreu pelo fato de centenas de pessoas terem morrido ao longo das últimas décadas atacados por elas. A espécie pode perseguir o seu alvo por até 500 metros de distância.
Hollywood não perdeu a oportunidade de lucrar com a situação e em 1978 lançou o filme “O Enxame”. Esses filmes, assim como foi “Tubarão”, de 1975, causaram pânico na população em geral. Abaixo, uma cena do filme e a assustadora e fictícia sinopse.
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O problema é a agressividade, entre 2000 e 2011, os casos de ataque de abelhas explodiu de 1.450 para 9.447 casos, como pode ser observado no site Mel.com. Esse endereço é fantástico para quem quiser saber mais sobre o assunto, inclusive sobre como agir em caso de acidentes, sendo uma ótima utilidade pública. Deveria ser lido por todos, já que os ataques são registrados, também, em áreas urbanas.
Atualmente, qualquer rainha importada da Europa terá 90% de chance de ser fecundada por um zangão africanizado aqui no Brasil. A espécie, mais resistente, dominou o cenário do nosso país.
É importante salientar que a maioria das mortes ocorreu pelo fato de algumas pessoas terem maior sensibilidade ao veneno. Estima-se que seriam necessárias mil picadas para matar uma pessoa comum. Também Vale lembrar que a espécie só esta defendendo seu território, sendo um exagero chamá-las de assassinas. Muito pelo contrário, as abelhas são fundamentais para a polinização das plantas.
Braquiária (Brachiaria decumbens)
Para finalizar nosso assunto, pelo menos por enquanto, vamos trazer uma espécie vegetal, que, ao ser introduzida no Brasil, está transformando drasticamente nossos biomas, em especial o cerrado.
Braquiária é um capim tremendamente resistente e nutritivo, exatamente por isso foi inserido no Brasil como forma de pasto, na alimentação de animais.
A história se repete, a espécie saiu do controle e passou a invadir áreas do cerrado. Muito mais resistente, elimina a vegetação nativa por sombreamento. Espalhou-se com tanta voracidade que já é presente em áreas urbanas do país.
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Como nada vem sendo feito, corre o risco do cerrado ser completamente substituído até o final do século. Leiam este elucidador artigo sobre o tema, escrito por Ricardo Cardim.
Os 6 exemplos citados em nossos textos já nos dão uma boa ideia do problema. Evidentemente, existem outras centenas de invasores em nosso território, como por exemplo: pombo (Columba livia), pardal (Passer domesticus), búfalo (Bubalus bubalis), lebre (Lepus europaeus), rã-touro (Lithobates catesbeianus), tilápia (Oreochromis sp.), pinheiro-americano (Pinus sp.), eucalipto (Eucalyptus sp.) e uva-do-japão (Hovenia dulcis), possíveis temas em nosso blog no futuro.
Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 17.07.2018