Um dos assuntos mais importantes em termos demográficos é o estudo das teorias já formuladas sobre esta ciência. São previsões e formas de pensar polêmicas, por isso a necessidade de nos debruçarmos sobre elas.
Teoria Malthusiana
Thomas Robert Malthus nasceu na Inglaterra em 14 de fevereiro de 1766. Foi professor e pastor anglicano, tendo grande influência sobre a sociedade de sua época. Escreveu um importante livro sobre demografia, chamado “Ensaio sobre o princípio da população”, onde fez previsões sinistras sobre o futuro da humanidade.
Lançado de forma anônima em 1789, a publicação levantou uma hipótese obscura para o futuro humano. Segundo o escritor, a produção de alimentos no mundo cresceria em uma progressão aritmética (1,2,3,4,5…), enquanto a população cresceria em uma progressão geométrica (1,2,4,8,16,32,…), dobrando a cada geração (25 anos). Em 1803, relançou o livro, desta vez remodelado e com seu nome.
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Para entendermos melhor a preocupação de Malthus, temos que compreender o momento em que o autor fez essas previsões. No final do século XVIII, a Inglaterra passava pela Revolução Industrial, fato que levou a população a se urbanizar, melhorando as condições sanitárias e médicas. Com as pessoas vivendo mais e ainda tendo muitos filhos, o país viveu a famosa explosão demográfica. O crescimento populacional muito rápido e inédito no mundo influenciou diretamente sua hipótese.
Em se confirmando a tese malthusiana, a escassez de recursos levaria a Inglaterra, e até mesmo o mundo, a um colapso e barbárie.
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Para Malthus, o número elevado de filhos, principalmente das populações mais pobres, era um problema a ser resolvido. Segundo o inglês, a fome, epidemias e guerras eram salutares no sentido de barrar e controlar as populações. Além disso, outras medidas deveriam ser tomadas:
- A população, em especial os mais pobres, deveriam se abster de sexo;
- Só poderiam casar e ter filhos quem tivesse condições para tal. Ainda assim, o matrimônio deveria ser adiado ao máximo;
- O Estado não deveria fazer nenhuma ação social de ajuda a população mais humilde. Segundo ele, ao ajudar os necessitados, o governo estaria perpetuando a situação, já que eles iriam gerar mais filhos, que também precisariam de apoio público, criando um ciclo indefinido.
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Evidentemente, a preocupação com o crescimento desordenado das populações socialmente vulneráveis é algo importante. Não podemos achar salutar uma pessoa sem condições financeiras ter 5 ou 6 filhos. Porém, o combate a esse problema nunca pode ser da forma desumana proposta por Malthus.
Jogar a culpa da pobreza no número de filhos é algo raso e insipiente. A miséria é um processo complexo, histórico e em alguns casos até mesmo cultural, como na Índia e suas castas¹. O próprio capitalismo promove a pobreza e um exército de mão de obra barata, algo positivo comercialmente para os empregadores.
As previsões de Malthus não se concretizaram, quase o contrário, a produção de alimentos é que teve um enorme crescimento, graças a avanços científicos. Já a população da Inglaterra, ao final do século XIX, estava estabilizada.
Teoria Neomalthusiana
Quando o mundo já havia se conscientizado dos equívocos de Malthus, suas ideias, de certa forma repaginadas, voltam à tona.
Cerca de 150 após a publicação inicial do inglês, suas ideias já haviam sido refutadas. Entretanto, um novo grupo de países, a partir da 2º Guerra Mundial, também passaram a conviver com suas explosões demográficas.
Dessa vez, o grupo era formado por países em desenvolvimento, entre eles Brasil, China e Índia. Ideias de controle populacional, parecidas com as de Malthus, voltaram a ser cogitadas.
Estudiosos diziam que os emergentes precisavam controlar suas populações, caso contrário, nunca se desenvolveriam, já que teriam que aportar muito dinheiro em áreas como hospitais, escolas e creches para atender a esse público.
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Mais uma vez, a preocupação procede, mas a solução é equivocada. Um exemplo foi a Índia, que tentou controlar sua natalidade esterilizando sua população mais pobre, trocando um rádio de pilha pela vasectomia. Um enorme fracasso. Atualmente, países como o Brasil tem um crescimento demográfico muito pequeno, não necessitando de nenhum programa de controle de natalidade.
Para sermos justos, e não só criticar, a China é um exemplo interessante em relação a esta teoria. O país asiático, influenciado pelos pensamentos neomalthusianos, adotou a medida do filho único, o que é tido como algo positivo, já que hoje teria que comportar algo próximo a 600 milhões de pessoas a mais caso não tivesse adotado esta lei. O detalhe é que isso só foi possível pelo fato da nação ser comandada por uma ditadura, impondo sobre o seu cidadão até mesmo o número de filhos possíveis.
Teoria Reformista ou Marxista
Esta teoria foi criada em contrapartida aos neomalthusianos. Foi produzida por estudiosos discípulos de Marx, defensores de maior igualdade social.
Algumas pessoas criticam as ideias de Karl Marx, chamando qualquer um que as defende de comunista. Entretanto, acreditamos que uma maior paridade social seja desejo de todos, e é isso que está no escopo do socialismo proposto por ele. Nesse sentido, não podemos negar sua importância.
Segundo os reformistas, teoria considerada a mais apropriada, não é a quantidade de filhos que causa a pobreza, e sim o contrário. A miséria, falta de escolaridade, desemprego e desconhecimento do planejamento familiar é que leva a um número elevado de filhos.
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O ataque governamental não deve ser sobre o número de filhos, mas sim na área da educação e distribuição de renda. Em um país mais escolarizado, com melhores oportunidades a todos, principalmente para as mulheres, as taxas de natalidade caem de forma espontânea.
Estudamos estas teorias pois até hoje ainda existem pessoas de pensam de forma malthusiana. Uma lástima!
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1 – Sistema de Castas: Sistema de divisão social empregado na Índia, hereditário, onde os indivíduos são classificados em patamares, só podendo se relacionar entre seus iguais. Dessa forma, castas mais humildes praticamente não tem chances de ascensão social. Não existe mais de forma oficial, mas ainda persiste em termos culturais, principalmente nas áreas rurais.
Publicado em 08.11.2018