223. Teoria da Transição Demográfica

Em nosso último texto abordamos as teorias demográficas, com destaque para o famoso Thomas Malthus, um dos primeiros estudiosos populacionais. O post de hoje continua no tema, em uma teoria bastante interessante.

Teoria da Transição Demográfica

Essa hipótese não se relaciona diretamente com as anteriores (texto passado), já que não tem como pano de fundo formas de modificar a natalidade. Também já está deixando de ser uma teoria, se confirmando a cada década.

Foi criada a partir dos estudos do demógrafo norte-americano Warren Thompson, em 1929. Ele percebeu que as populações dos países passam por fases, de acordo com o avanço de seu desenvolvimento científico/social. Segundo o autor, à medida que o país se industrializa, enormes mudanças ocorrem em sua estrutura populacional. Sendo assim, podemos distinguir 4 momentos demográficos diferentes:

Fase 1

Todos os países do mundo passaram por este momento. Alguns, bem mais atrasados, ainda se encontram nele.

Nessa fase, as taxas de natalidades são muito altas, já que ainda não existem tantos métodos anticoncepcionais e a população é menos escolarizada e rural. Existe uma relação direta entre pobreza, baixa escolaridade e número elevado de fecundidade. As taxas de mortalidade também são muito altas nesse momento, por  falta de uma medicina avançada e universal.

Desta forma, a população não cresce, ou aumenta muito pouco, já que nascem muitas pessoas, mas elas morrem cedo.

Observe que na fase 1, a natalidade e a mortalidade altas, levando a uma estagnação demográfica ou a um crescimento irrisório. Imagem: Internet.

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A Inglaterra foi o primeiro país a sair dessa fase, por volta de 1780, no início da Revolução Industrial. O Brasil bem mais tarde, somente a partir de 1940. Ainda hoje existem países, a maioria deles africanos, neste momento.

Fase 2

Como dito antes, os ingleses foram os primeiros a chegarem a segunda fase. Isso pode ser explicado pelo fato de serem, também, os pioneiros na urbanização, observando uma significativa melhora nas condições sanitárias e nos avanços da medicina.

A população ainda vivia de forma precária, mas o aumento significativo de bens de consumo levou a um prolongamento da longevidade, que era baixíssima.

Neste momento, a mortalidade começa a cair, entretanto, a natalidade ainda é alta, já que a diminuição de filhos é algo cultural, demorando gerações para uma queda maior.

Com mortalidade em queda e natalidade ainda elevada, o país vive o que chamamos de explosão demográfica, enorme crescimento populacional.

Malthus elaborou sua teoria, tema de nosso último texto, justamente por viver na Inglaterra exatamente durante a sua explosão demográfica.

Observem que, entre 1940 e 1980, o Brasil ostentou altas taxas de crescimento demográfico. Imagem: Alunos online.

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Nosso país viveu esta fase entre 1940 e 1980, como pode ser observado no gráfico.

Fase 3

Nesta fase, o país continua a evoluir socialmente e a população tem maior acesso aos métodos anticoncepcionais, além de uma melhora na escolaridade. A vida urbana, o alto custo para se criar os filhos e entrada da mulher no mercado de trabalho são os pontos principais de uma diminuição drástica na fecundidade. Com isso, o crescimento populacional começa a ceder.

Queda nas taxas de fecundidade (média de filhos por mulher em idade fértil) no Brasil. Imagem: Internet.

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No Brasil as taxas de fecundidade vem caindo desde a década de 1960.  A partir de 1980, já estava em um nível que nos colocava na fase 3, com crescimento populacional em queda.

Fase 4

Segundo a transição demográfica, neste momento, o país volta a equilibrar sua população, com baixa mortalidade e natalidade. Podemos observar as 4 fases da teoria no primeiro gráfico do texto.

Ao entrarem no século XX, países como Alemanha, Itália e França já haviam concluído sua transição demográfica.

É sempre difícil cravarmos quando um país sai de uma fase e entra em outra, já que as mudanças nos números não ocorrem de forma abrupta a ponto de marcar um momento nítido. Ainda assim, podemos marcar a entrada do Brasil nesta fase de baixo crescimento  entre  2007 e 2010.

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A Transição demográfica propriamente dita ocorre nos estágios 2 e 3, onde o país experimenta o seu crescimento populacional.

Nesta linha de raciocínio, alguns estudiosos chamam a fase 1 de pré-transição e a 4 de pós-transição.

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Fase 5

A teoria da transição demográfica, originalmente elaborada por Warren Thompson, só previa 4 fases. Entretanto, um quinto momento já pode ser observado em países com altíssimos níveis sociais, como Japão Alemanha e Itália.

Neste caso, a nação chega a uma evolução social tão intensa que a quantidade de idosos é alta, e o número de filhos muito baixo. Sendo assim, um novo fenômeno pode ser observado, a mortalidade maior que a natalidade, levando a um decréscimo populacional.

Observe no gráfico que a natalidade (azul) passou a ser menor que a mortalidade (vermelho), evidenciando uma queda populacional (verde). Imagem: Internet.

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Essa nova realidade ainda não está posta, já que poucos países chegaram a este ponto, não sendo, ainda, uma realidade futura para todos. Também não sabemos se a diminuição é uma tendência que pode ser revertida. De qualquer forma, os analistas demográficos veem com grande apreensão a diminuição da população, o que poderá acarretar em uma falta crônica de mão de obra e um envelhecimento gradual da população do país.

Esse tema vem sendo amplamente discutido hoje, com propostas de aumento das idades das aposentadorias, para fazer frente a este fenômeno que se aproxima. Mesmo hoje, o baixo crescimento já acarreta complicações. Segundo as estimativas, o Brasil pode atingir o decréscimo populacional  por volta de 2045.

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Publicado em 20.11.2018