226. Revolução Francesa (Terror)

Nossos dois textos anteriores trouxeram aos leitores do blog as causas e o início da Revolução Francesa. O post de hoje nos mostra a fase mais crítica e sangrenta do processo, conhecida como Terror:

Segunda Fase – Terror  (5 de setembro de 1793 a  27 de julho de 1794)

Ainda na primeira fase uma disputa surgiu dentro da própria Revolução, entre o partido dos girondinos, políticos mais moderados e que defendiam um acordo com a monarquia, e os jacobinos, defensores da república, mais ligados a baixa burguesia e ao povo (sans-cullotes, tema em nosso texto 224).

Os girondinos chegaram a proclamar a república liderada por eles, mas foram derrubados pelos radicais jacobinos, que implementaram uma nova constituição, em 1793. A queda dos burgueses moderados marca o início do terror na França.

Foi o momento mais popular da Revolução Francesa. Nesta nova carta magna, todos os homens maiores de idade poderiam votar, um avanço em relação a lei anterior. A sempre polêmica reforma agrária foi implementada, bens públicos foram vendidos para saldar compromissos do governo e o trabalho escravo foi proibido nas colônias francesa. Ideias muito progressivas para a época.

Maximilien Marie Isidore de Robespierre (1758-1794).  Foi advogado e defensor das ideias do filósofo Jean-Jacques Rousseau. Foi o líder jacobino e fez um dos governos mais violentos da história mundial. Imagem: Internet.

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A característica mais marcante do período foi o tribunal revolucionário. O número oficial de execuções foi de 16.594 pessoas, entretanto, imagina-se que entre 20 a 40 mil pessoas, acusadas de apoio a monarquia ou aos girondinos, foram guilhotinadas. Segundo consta, em um único dia, mais de mil pessoas foram decapitadas por ordem de Maximilien de Robespierre, chamado de “O incorruptível”.

Ninguém, de nenhuma classe social, escapou da guilhotina (equipamento que se tornou o símbolo do período). Até mesmo pessoas que anteriormente apoiavam os jacobinos, como Danton, foram guilhotinadas. Imagem: Internet.

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O líder jacobino disse uma certa vez em relação aos assassinatos oficiais: “nada mais é do que a justiça rápida, violenta e inexorável. É, portanto, uma expressão da virtude”.

Apesar das medidas populares, os jacobinos governaram a França por menos de um ano, deixando um rastro de mortes que assombrou o mundo inteiro.

Terceira Fase – Reação Termidoriana (1794-1799)

Também pode ser chamada de 9 Termidor, o décimo-primeiro mês do Calendário Revolucionário Francês¹.

Durante a terrível fase anterior, alguns Girondinos sobreviveram e organizaram um contra-ataque, apoiados pelo exército. Roberspierre clamou pela ajuda do povo, conhecidos pela alcunha de sans-culottes, mas não obteve ajuda. O remédio implementado pelo “incorruptível” havia passado dos limites, foi uma dose considerada forte demais para todos. A queda dos Jacobinos marca o início da 3º fase da revolução.

Pintura reproduzindo o momento em que Robespierre toma um tiro durante o golpe de 9 Termidor. Depois, foi conduzido a guilhotina. Veja outras espetaculares pinturas sobre Robespierre no site Gettyimages. 

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Dessa forma, os jacobinos foram retirados do poder, que novamente voltou as mãos da alta burguesia. Os líderes foram executados, incluindo Robespierre, assim como revogadas várias leis impostas por eles, como o congelamento de preços. O voto censitário retornou e a população mais pobre voltou ao seu status de cidadão de 2º classe.

Entre 1795 e 1799 a França foi governada por um diretório, composto por 5 notáveis eleitos pelo parlamento.

O caos imperava no país, e a mão forte do exército francês, um dos mais poderosos do mundo, se fez presente. Outro aspecto que favorecia a ascensão dos militares era o temor de uma invasão por parte de outros países monárquicos, preocupados com da Revolução Francesa, já que era contrária ao absolutismo.

Dentro das forças armadas um jovem general vinha se destacando, principalmente pela vitória sobre Áustria, além de uma célebre incursão no Egito. Seu nome era Napoleão Bonaparte.

Empoderado, no ano de 1799 o general lidera mais um golpe de Estado no país, apoiado pela alta burguesia e pelas forças armadas. Mais uma vez, a forma de governo da França foi desconfigurada, sendo implementado o que chamamos de consulado.

O consulado foi inspirado no triunvirato romano. Os cônsules: Jean-Jacques-Régis de Cambacérès, Napoleão Bonaparte e Charles-François Lebrun. Acabou em 1804 quando a França vira um Império comandado por Bonaparte. Imagem: Internet.

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A criação do Consulado é considerada o fim da Revolução Francesa. A partir de então, tem início o Período Napoleônico, tema de nosso texto 44.

Confiram no site Youtube, um interessante documentário do History Channel sobre a fantástica revolução vivida pelos franceses entre o período de 1789 e 1799. 

Legado

Foi a ruptura de um sistema que imperava há mil anos na França. Representou o fim dos poderes da monarquia e a entrada do país em um turbilhão de disputas em busca da legitimidade de poder.

Ficaram vários legados, como o surgimento da noção de direitos humanos, algo ainda incipiente naquele momento. Tivemos a valorização da razão, e os primórdios da declaração dos direitos humanos, que só se concretizou no século XX. O site do Superior Tribunal Federal fez uma interessante análise sobre essa relação, confiram.  Por outro lado, a França se afastou da religiosidade, o que para muitos foi um ponto ruim.

Economicamente um avança óbvio, abriu as portas para o capitalismo, deixando para trás o modelo feudal de produção.

No Brasil, simultaneamente a Revolução Francesa, ocorria a Inconfidência Mineira, movimento também fortemente influenciado pelas ideias iluministas. Outro importante movimento eclodiu em 1798, a Conjuração Baiana, defendendo a independência, um governo republicano democrático e o fim da escravidão. Seus ideais foram fortemente impulsionados pelo movimento francês.

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1 – Calendário Revolucionário Francês: Foi criado em 22 de setembro de 1792, data do início da nova República que surgia na França. Vejam como ficaram os meses na imagem abaixo:

Imagem: Internet.

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Publicado em 17.12.2018

2 comments to “226. Revolução Francesa (Terror)”
  1. Grande Clebinho, saudades das suas aulas que sempre foram de extrema excelência, na qual levo muitos ensinamentos até hoje. Gratidão! Parabéns pelo blog.

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