Um tema atual e de imensa importância vem colocando em xeque a produção de alimentos no Brasil e no mundo. São as espécies exóticas invasoras, problema que nem todos estão cientes de sua gravidade. Elas representam um conjunto de animais e plantas introduzidos em um ecossistema do qual não faziam parte.
Com grande poder de resistência e adaptação, esses seres vivos extraordinários colocam em risco as espécies que, outrora, dominavam o cenário. Além desse desequilíbrio, plantações e criações de animais também são afetados. Em casos mais sérios, provocam doenças e mortes em humanos.
A ação antrópica é a maior responsável pelo problema, tanto derrubando barreiras biogeográficas como servindo como transporte (navios principalmente) para essas invasões. Isso quando os humanos não inserem o invasor propositalmente ou em uma tentativa de domesticação do mesmo.
A medida que vamos avançando sobre novos ambientes, tendemos a levar conosco diversas espécies, dando a elas uma condição de disseminação antes improvável. A medida que o comércio mundial aumenta, e como exemplo temos o fluxo marítimo quadruplicando nos últimos 20 anos, temos também uma troca enorme de novas invasões.
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Segundo o site do Ministério do Meio Ambiente, acredita-se que 480 mil espécies exóticas já tenham sido introduzidas em novos ambientes distribuídos por todo o nosso planeta. Parte significante desses agressores se tornam pragas quase indomáveis.
Segundo estimativas, os invasores são a segunda maior causa de extinção, só perdendo para a destruição de habitats pelo homem.
Não temos como objetivo abordar os milhares de espécies exóticas por aqui, então selecionamos 6, que acreditamos estarem entre as mais danosas. No texto de hoje trouxemos 3:
Caramujo Gigante Africano (Achatina fulica)
Esse animal foi introduzido no Brasil em 1983. O objetivo era iniciar culturas dessa espécie em nosso país, estimulando o uso culinário, assim como ocorre com o escargot na França. Como não fez sucesso por aqui, já que não temos a tradição de nos alimentar desse tipo de animal, foram soltos na natureza. O difícil é saber exatamente quem e onde, já que hoje existem notícias da presença desse molusco em quase todo o país. Nos EUA, em especial na Flórida, também já virou infestação.
É daquelas espécies “X-men”, quase com poderes especiais. Com apenas 4 meses de vida alcançam a maturidade sexual, são hermafroditas e postam até 400 ovos por vez, 5 vezes por ano. Em alguns casos conseguem se fecundar mutuamente. Chega a incríveis 18 cm de tamanho.
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Podem transmitir doenças graves aos seres humanos, como a meningite, já que hospedam vermes em seus corpos. Mesmo mortos causam problemas, já que suas conchas podem servir como pequenos reservatórios de água, facilitando a propagação de mosquitos como o terrível Aedes aegypti. Alimentam-se de verduras e vegetais, provocando perdas na lavouras, como também transmitem doenças as plantas. Outro problema é a competição com as espécies naturais daqui.
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O site do globo Rural deu 8 dicas para se combater esta praga, confiram.
Mosquito da Dengue (Aedes aegypti)
Provavelmente, é a espécie invasora mais danosa a nossa sociedade. É originário da Etiópia e do Egito, daí o seu nome “odioso do Egito”, na tradução do latim. É menor que os mosquitos comuns e possui listras brancas na cabeça e nas pernas.
Se adaptou completamente as áreas urbanas brasileiras, com inúmeros locais que favorecem a sua multiplicação. As fêmeas precisam de sangue para sua reprodução, em especial o dos humanos, por isso nos caçam impiedosamente. São mais ferozes pela manhã e ao entardecer.
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São portadores de inúmeras doenças endêmicas que acometem os humanos, como dengue, zika, chikungunya e a febre amarela. Esta última, por exemplo, em seus casos graves, provoca um índice de até 50% de mortes.
No Brasil, o mosquito chegou ainda no período colonial, em navios juntos aos escravos. A profilaxia neste caso é bem simples, manter as casas e ruas limpas, sem locais que possam acumular água. O problema é que no Brasil tudo parece mais difícil, governo e cidadãos tem dificuldade em realizar o básico.
Somente no ano de 2016 as doenças geradas por esse invasões geraram prejuízos da ordem de 2 bilhões de reais, confiram no site do jornal Estado de São Paulo.
Em maio de 2019, Minas Gerais já havia registrado cerca de 260 mil casos de dengue, com 65 mortes. Um absurdo, levando em consideração que é uma doença ligada a limpeza urbana e doméstica.
Mexilhão Dourado (Limnoperma fortunei)
Pouco conhecido pelo público em geral, esta espécie vem causando enorme transtorno no Brasil. Este molusco chegou ao nosso país grudado em navios vindos da Ásia. Não comestível e sem predadores naturais por aqui, proliferou tanto que já existem notícias de sua presença no Pantanal.
Vivem em colônias de milhares de indivíduos, grudados em superfícies sólidas. No período de reprodução, que ocorre somente 30 dias após o nascimento, libera larvas que são levadas pelas águas ou por outra espécie ou objetos, populando outros locais.
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Os problemas causados são enormes. Como grudam em quase tudo submerso, entopem tubulações de usinas hidrelétricas, assim como esgotos e sistemas de irrigação. Cobrem cercados onde são criados peixes, dificultando a troca de água e matando os animais, destroem a vegetação local e competem com os animais nativos. Na navegação, promovem grandes gastos para retirada de suas colônias dos navios, motores entre outros componentes.
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Para compreender um pouco melhor o tamanho do problema, assista essa reportagem do Jornal Nacional.
Nosso próximo post finaliza o assunto com outros invasores, tão problemáticos quando os 3 primeiros citados hoje. Imperdível!
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Publicado em 10.07.2018