O texto de hoje conecta vários períodos da história do Brasil já presentes em nosso blog. No caso, a Proclamação da República, momento anterior, com Política do Café com Leite, fase subsequente ao período abordado neste texto. (Ambos os supracitados estão com hiperlinks)
Nosso tema central é a República da Espada, período pós monarquia em que fomos governados por dois Marechais. O nome faz referência ao fato desses militares de alta patente possuírem espadas como parte de seus uniformes.
Deodoro da Fonseca (nov 1889 – nov 1891)
Como comandante do exército e protagonista do fim da monarquia, Deodoro foi escolhido presidente provisório do Brasil. Foi um período de transição que durou cerca de 15 meses.
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O nome do país foi mudado para Estados Unidos do Brasil, assim como nossa bandeira, assunto abordado em nosso texto anterior.
Em seu governo, o ponto culminante foi a promulgação da nossa segunda constituição, em 1891. De acordo com nossa nova lei, o presidente seria escolhido por eleições diretas, mas nem todos os brasileiros adultos estavam aptos a votar. Só podiam participar do pleito homens, acima de 21 anos e alfabetizados, o que restringia a maior parte da população nacional.
O maior problema da nossa segunda constituição foi o voto aberto, que abriu espaço para o coronelismo, através do voto de cabresto. Essa forma de eleição consolidou o domínio dos cafeicultores na política Brasileira até 1930, quando o ocorreu a revolução liderada por Vargas.
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Nosso país é mestre em criar situação inusitadas, já no início da república veio um fato que corrobora esta afirmação. Apesar de prever eleições diretas para presidente, naquele momento transitório foi permitida a eleição indireta, feita pelo legislativo. A mesma assembleia constituinte que criou nossa nova constituição elegeu Deodoro com 56% dos votos.
Seu mandato, agora oficial, teve início em 26.02.1891 e tinha como vice outro marechal, Floriano Peixoto.
Infelizmente, durou muito pouco tempo.
Crise do Encilhamento
Deodoro assumiu um Brasil desigual, atrasado economicamente e completamente atrelado a um produto primário, o café. O problema é que o remédio para isso foi pior que a doença.
Para sairmos do retardo industrial, o ministro da economia da época, Ruy Barbosa, iniciou um audacioso programa de financiamentos bancários, com o objetivo de estimular a industrialização e o empreendedorismo dos brasileiros.
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O problema é que esses empréstimos volumosos eram feitos sem muitas garantias de recebimento. Outra questão importante era não ter a certeza de onde esses recursos seriam investidos.
Para dar suporte ao sistema bancário, Barbosa permitiu aos bancos imprimirem papel moeda, uma ideia infantil, já pensada por quase todos que não tem muita noção de economia.
A produção de bens de um país precisa crescer para se ter mais dinheiro circulando. Quando o mercado é inundado de moeda, sem um lastro que de suporte a isso, obviamente desvaloriza o dinheiro, provocando uma forte inflação.
Durante um determinado momento, com o dinheiro correndo solto, as ações das empresas subiram. Obviamente, muitas pessoas pegavam empréstimos e, ao invés de investir em algo produtivo, corriam para o mercado acionário. Com o tempo e sem uma fiscalização adequada, empresas fantasmas foram criadas, tendo suas ações comercializadas sem nem mesmo existirem.
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O resultado dessa brutal especulação não poderia ser diferente, formando uma bolha financeira, estourando em 1891. O valor das ações despencaram, investidores perderam tudo e a crise chegou forte.
O sufoco foi tão grave que perdurou por toda a década, só sendo superado no governo Campos Sales, o 4º presidente do Brasil.
Origem do termo
O termo encilhamento fazia muito sentido na época, onde as apostas em hipismo eram um esporte muito popular. Soma-se a isso o ditado “cavalo encilhado (arreado) não passa duas vezes”. É como dizer que o animal está pronto para ser montado (com arreio), sem alguém em cima, ou seja, é só subir e ir embora.
Como na época estava “fácil” ganhar dinheiro, pegando empréstimos e investindo na bolsa, essa frase caiu como uma luva para dizer que era uma boa hora para aproveitar a oportunidade.
É considerada a maior crise econômica de nossa história, só comparada a atual, que teve início em meados de 2014, durante o governo de Dilma Rousseff. Atualmente, já se passaram 5 anos e ainda estamos afundados em desemprego e baixo crescimento econômico.
1º Revolta da Armada
Em 1891, a crise econômica assolava o país. O A sociedade criticava o governo, a ponto do Marechal Deodoro ser acusado de querer restaurar a monarquia.
O governo brasileiro estava quebrado (hoje também) e o Congresso aprovou uma lei de responsabilidade fiscal, complicando ainda a situação. Deodoro então, de forma autoritária, decretou o estado de sítio, mandou prender opositores e fechou o congresso.
A marinha, na figura do almirante Custódio de Melo, entrou em rota de colisão com o governo, pois defendia a inconstitucionalidade do ato de Deodoro. A armada, como era conhecida, ameaçou bombardear a capital do país, através de unidades fundeadas na Baia da Guanabara.
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Sem apoio popular, desgastado pela idade e afundado em um degradante processo econômico, Deodoro renunciou no dia 23 de novembro de 1891, para evitar uma guerra civil no país.
Próximo Texto
A situação continua tensa. Em nosso próximo posts mostraremos o conturbado governo de Floriano Peixoto, imperdível!
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Publicado em 24.05.2019