Em nosso último texto exploramos o governo de Deodoro da Fonseca. Por pouco o Brasil não entrou em um colapso econômico e guerra civil. O post de hoje continua a saga, com um governo tão polêmico quanto.
Floriano Peixoto (nov 1891 – nov 1894)
Tendo herdado um país em chamas, o governo de Floriano Peixoto não foi fácil. Para começar, a constituição de 1891 previa que, em caso de saída do presidente da república antes de dois anos de mandato, uma nova eleição direta seria convocada para preenchimento do cargo. Como Deodoro renunciou 9 meses após assumir, o vice-presidente nem deveria tomar posse.
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Para legitimar sua posse, Floriano alegou que este primeiro mandato presidencial havia sido escolhido de forma indireta, portanto, não se enquadrava nas leis criadas pela nova constituição. A partir do segundo mandato os eleitos chegariam ao poder com eleições diretas, a partir daí estariam expostos a nova regra.
Foi criado um imbróglio jurídico para que o 2º marechal pudesse sentar na cadeira mais poderosa do país.
Problemas
Já em abril de 1892, um grupo de 13 oficiais do exército pediu a renúncia de Floriano. Como revanche, foram todos destituídos da carreira militar.
O Brasil é um país interessante. Manifestações de rua começaram a pedir o retorno de Deodoro ao poder, o mesmo que anteriormente não tinha apoio algum. Floriano mandou prender os opositores, enviando todos para prisões em locais longínquos. Agiu com tremenda truculência, fato que, somado a outras ações, rendeu a ele o apelido de Marechal de Ferro.
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Em 23 de agosto de 1892 Deodoro morreu, aos 65 anos, aliviando parte das manifestações contra o Governo federal. Por pouco tempo.
2º revolta da Armada
No texto anterior observamos um primeiro movimento da marinha em relação a república. O problema se intensificou após a posse de Floriano.
A marinha era contrária a permanência do marechal, pelos motivos expostos anteriormente. Além disso, o país passava por grave recessão, aumentando o descontentamento geral.
Um fator importante era um certo ciúmes em relação aos marechais. Todo primeiro escalão dos primeiros presidentes eram compostos por militares do exército, o que causava alguma inveja nos almirantes. Os revoltosos queriam a equiparação salarial entre as duas forças armadas, além de serem a favor da volta da monarquia.
Em 6 de setembro de 1893, liderados pelo almirante Custódio de Melo (foto no texto anterior), os oficiais da marinha se declararam publicamente contrários a Floriano.
No dia 13 de setembro algo completamente surreal ocorreu no litoral brasileiro. Dezesseis embarcações de guerra da Marinha, somadas a 14 navios civis confiscados, bombardearam fortes do exército em Niterói e Rio de janeiro (Capital do Brasil).
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Apesar do governo Floriano ter sido economicamente um fracasso, tendo herdado um país combalido pelo Encilhamento, teve apoio de grande parte da população nesta luta contra a marinha.
Inspirados pela Revolução Francesa, jovens republicanos se diziam Jacobinos, na defesa de Floriano. Milhares deles se alistaram em batalhões do exército, contrários a marinha, acusada de atacar o próprio país.
Não tendo como dominar a capital, os revoltosos se dirigiram para o Sul do país, onde ocorria outra rebelião, a Revolução Federalista.
Revolução Federalista
Mais uma vez, o Rio Grande do Sul se agitou em uma revolta, como foi na Guerra dos Farrapos. Naquele momento da história, o estado estava dividido em dois grupos:
- Chimangos (Pica-paus): Eram defensores do governo federal e do governador estadual. Defendiam a centralização política e o presidencialismo.
- Maragatos (Federalistas): Queriam a saída do governador Júlio de Castilhos. Além disso, defendiam o poder descentralizado, como no parlamentarismo. Eram contrários as medidas adotadas pelo governo federal.
Em 1893 o caldo entornou. Os maragatos partiram para o confronto armado contra o o governo gaúcho e, consequentemente, federal, que apoiava Castilhos.
Como o Brasil estava em convulsão social, a Revolução Federalista se transformou em um aglutinador rebelde contra Floriano Peixoto. Também teve apoio de províncias argentinas e uruguaias, permitindo a entrada de armamentos no RS.
A princípio o movimento conquistou vitórias. Mais uma vez se assemelhando a revolução farroupilha, avançaram sobre Santa Catarina. Em janeiro de 1894, ao lado do dos rebeldes da marinha, tomaram a cidade de Curitiba no Paraná.
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Marechal de Ferro
A princípio, os revoltosos da marinha tentaram um acordo com os federalistas, mas as conversas não avançaram a ponto de gerar uma união total, já que as pautas não eram exatamente as mesmas.
Para lidar com a armada, Floriano comprou às pressas uma frota de navios norte-americanos. Ficou conhecida como “Esquadra Flint”, nome que fazia referência ao banqueiro norte-americano, Charles R. Flint, responsável pela intermediação do negócio.
Esses navios também ficaram conhecidos como a “frota de papel”, já que eram de segunda mão, obsoletos, alguns deles navios civis transformados em militares.
Ao longo da peleja até os Estados Unidos lutaram contra a marinha brasileira, acusada de ter bombardeado um navio norte-americano. Foi uma intervenção direta do presidente yankee Grover Cleveland nos assuntos brasileiros.
Em 1894, os maragatos perderam força. As tropas federais, infladas com soldados paulistas e mercenários norte-americanos venceram os revoltosos. Em 23 de agosto de 1895 a paz foi assinada em Pelotas, RS.
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Floriano Peixoto se tornou o homem por trás da república, até mais que Deodoro, pois enfrentou obstáculos mais poderosos para manter essa estrutura política. Passou a presidência para Prudente de Morais, que assumiu o país em 15 de novembro de 1894, sendo o primeiro presidente civil do país.
Curiosidade
A capital de Santa Catarina se chama Florianópolis, cidade de Floriano. Esse nome foi escolhido pelo então “presidente” do estado, Hercílio Luz, em homenagem ao marechal, após a vitória na revolução federalista.
O antigo nome, Desterro, não era nada popular entre a população, por isso a mudança.
O problema é que a ilha era contrária a Floriano, assim como boa parte do sul do Brasil. No período do conflito, cerca de 300 pessoas foram fuziladas na região, por irem contra o governo federal.
Um incômodo foi criado. Até hoje, alguns moradores da cidade pedem uma nova mudança de nome.
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Publicado em 30.05.2019
A tradição de vices GOLPISTAS…
A história se repete como farsa, tragédia e muito mais… e o povinho não aprende…