Nosso blog já abordou inúmeras matrizes energéticas, como pode ser observado em nosso índice de geografia. Chegou o momento do etanol, energia extremamente relacionada ao Brasil.
Histórico
Desde o século XVIII conhecemos o poder de queima do etanol, nome dado ao álcool etílico, tendo sido usado pelo norte-americano Nicholas Otto em alguns motores a combustão.
Em 1943, no desespero da 2º Guerra, com dificuldades para comprar petróleo, a Alemanha decretou a mistura de etanol em sua gasolina, inclusive servindo para abastecer alguns foguetes.
Ainda assim, os fatos relatados anteriormente foram esporádicos. Como veremos mais a frente, o Brasil foi fundamental para que a tecnologia do etanol realmente se tornasse uma realidade plena.
Pontos positivos
O etanol é extremamente positivo, principalmente se comparado a gasolina. Abaixo enumeramos suas vantagens:
- Além da cana-de-açúcar, pode ser obtido através da soja, milho, canola, babaçu, beterraba, manona e até batata;
- É uma energia limpa, polui 75% menos que o petróleo. Esse percentual de poluição nem vem da planta em si, já que ela sequestra carbono ao crescer, anulando o que emite na queima. O problema são os caminhões e tratores envolvidos no processo de plantação e transporte.
- Pode ser usado puro ou misturado a gasolina, como no caso do Brasil;
- Em alguns momentos do ano é mais vantajoso em relação a gasolina. Quando seu preço está até 70% da mesma.
Pontos negativos
Como todas as fontes de energia, o etanol também possui seus problemas:
- Necessita enormes áreas para o seu cultivo, culminando em um incentivo para a monocultura;
- Como necessita de muita área, compete com a produção de alimentos e pode ser responsável pelo desmatamento da Amazônia, no caso do Brasil;
- É menos eficiente que a gasolina, portanto, só vale a pena abastecer com etanol se o seu valor estiver menor que 70% do combustível fóssil. Por isso, no item vantagens não cravamos que vale a pena abastecer com álcool o ano todo, já que seu preço varia bastante ao longo do ano;
- Ao se produzir o etanol sobra um subproduto, chamado vinhoto. Se for descartado de forma inadequada nos rios pode provocar intensa mortandade de peixe. A melhor forma é o produtor guardá-lo, podendo ser usado para fertilizar a próxima safra ou para gerar o biogás (texto 123);
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Programa Proálcool
Durante os choques do petróleo, na década de 1970, o álcool combustível, enfim, passou a ser tratado como uma solução para a crise energética mundial.
Com o preço do barril de petróleo nas alturas, o governo brasileiro resolveu criar o Programa Nacional do Álcool em 1975, intensificando a produção do combustível e as pesquisas na área de motores e veículos. Vários incentivos fiscais foram dados a produtores rurais e montadoras de veículos para que a cana se tornasse uma realidade em termos energéticos.
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Ao longo da década de 1990 o preço do petróleo caiu e o governo retirou os subsídios aos produtores de cana, já que a dívida pública cresceu em decorrência dos benefícios concedidos.
Carros Flex
O primeiro veículo flex produzido em série foi lançado quase junto aos primeiros automóveis do mundo. O Ford modelo T, produzido a partir de 1908, tinha um carburador de injeção ajustável, permitindo o uso de etanol, gasolina ou a mistura dos dois. A proposta não foi para frente e a gasolina dominou o mercado norte-americano.
Nos anos 2.000 uma nova crise elevou o preço do petróleo. Mais uma vez, o governo brasileiro vislumbrou a cana como salvação. Dessa vez, teve que enfrentar a desconfiança do consumidor, traído na década de 1980, ao comprar um carro a álcool e não ter como abastecer.
A solução veio com o carro flex, lançado em 2003 pela Volkswagem do Brasil.
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Dessa forma, podemos dizer que o Brasil é o grande piorneiro dessa tecnologia, pelo menos em termos de produção em série e de forma contínua.
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Produção e consumo
EUA e Brasil lideram, de longe, a produção mundial de etanol. Mesmo a cana sendo mais produtiva, os Estados Unidos utilizam o milho como matéria prima. Isso é explicado pelo fato do cereal ser mais adaptado às condições climáticas e de solo no país.
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Em 2018 nosso país contava com 411 usinas sucroalcooleiras, a maior parte em São Paulo (172), seguido por Minas Gerais (42) e Goiás (38). Metade de toda a área plantada no Brasil está em terras paulistas (50%).
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Atualmente mais de 60 países possuem projetos em relação ao uso de etanol, misturado a gasolina ou puro.
No Brasil, 27% da gasolina é etanol, seguido pelo Paraguai com 25%. Os EUA, maiores produtores mundiais, adicionam somente 15%, já que sua frota automotiva é muito maior que a nossa.
Atualmente. já estamos produzindo o etanol de segunda geração, obtido de restos que antes eram descartados, como a palha e o bagaço. Dessa maneira, a produtividade aumenta sem a necessidade de aumentar a área cultivada.
Conclusão
Devido a enorme área necessária para sua produção, o etanol nunca será a solução definitiva para a questão energética mundial. Possivelmente, nem mesmo para o Brasil. Entretanto, vem cumprindo muito bem sua missão de substituir parte da gasolina em vários locais do mundo.
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Mais limpo e renovável, tem importante papel na diminuição da poluição provocada pela queima de combustíveis fósseis.
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Publicado em 05.06.2019