237. Etanol

Nosso blog já abordou inúmeras matrizes energéticas, como pode ser observado em nosso índice de geografia. Chegou o momento do etanol, energia extremamente relacionada ao Brasil.

Histórico

Desde o século XVIII conhecemos o poder de queima do etanol, nome dado ao álcool etílico, tendo sido usado pelo norte-americano Nicholas Otto em alguns motores a combustão.

Em 1943, no desespero da 2º Guerra, com dificuldades para comprar petróleo, a Alemanha decretou a mistura de etanol em sua gasolina, inclusive servindo para abastecer alguns foguetes.

Ainda assim, os fatos relatados anteriormente foram esporádicos. Como veremos mais a frente, o Brasil foi fundamental para que a tecnologia do etanol realmente se tornasse uma realidade plena.

 Pontos positivos

O etanol é extremamente positivo, principalmente se comparado a gasolina. Abaixo enumeramos suas vantagens:

  • Além da cana-de-açúcar, pode ser obtido através da soja, milho, canola, babaçu, beterraba, manona e até batata;

A cana-de-açúcar é a melhor opção para a produção do Etanol. O brasil é o maior produtor de cana do mundo. Imagem: Internet.

  • É uma energia limpa, polui 75% menos que o petróleo. Esse percentual de poluição nem vem da planta em si, já que ela sequestra carbono ao crescer, anulando o que emite na queima. O problema são os caminhões e tratores envolvidos no processo de plantação e transporte.
  • Pode ser usado puro ou misturado a gasolina, como no caso do Brasil;
  • Em alguns momentos do ano é mais vantajoso em relação a gasolina. Quando seu preço está até 70% da mesma.

Pontos negativos

Como todas as fontes de energia, o etanol também possui seus problemas:

  • Necessita enormes áreas para o seu cultivo, culminando em um incentivo para a monocultura;

Monocultura de cana em São Paulo. Imagem: Internet.

  • Como necessita de muita área, compete com a produção de alimentos e pode ser responsável pelo desmatamento da Amazônia, no caso do Brasil;
  • É menos eficiente que a gasolina, portanto, só vale a pena abastecer com etanol se o seu valor estiver menor que 70% do combustível fóssil. Por isso, no item vantagens não cravamos que vale a pena abastecer com álcool o ano todo, já que seu preço varia bastante ao longo do ano;
  • Ao se produzir o etanol sobra um subproduto, chamado vinhoto. Se for descartado de forma inadequada nos rios pode provocar intensa mortandade de peixe. A melhor forma é o produtor guardá-lo, podendo ser usado para fertilizar a próxima safra ou para gerar o biogás (texto 123);

Vinhoto guardado de forma correta. O problema é que nem todos os fazendeiros querem perder espaço em suas propriedades guardando o líquido. Imagem: Internet.

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Programa Proálcool

Durante os choques do petróleo, na década de 1970, o álcool combustível, enfim, passou a ser tratado  como uma solução para a crise energética mundial.

Com o preço do barril de petróleo nas alturas, o governo brasileiro resolveu criar o Programa Nacional do Álcool em 1975, intensificando a produção do combustível e as pesquisas na área de motores e veículos. Vários incentivos fiscais foram dados a produtores rurais e montadoras de veículos para que a cana se tornasse uma realidade em termos energéticos.

O programa foi um sucesso, em 1979 a FIAT lançou o 147, primeiro carro “brasileiro” produzido em série movido a etanol. Ao longo da década de 1980, os veículos movidos a etanol chegaram a representar 90% da produção. Imagem: Internet.

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Ao longo da década de 1990 o preço do petróleo caiu e o governo retirou os subsídios aos produtores de cana, já que a dívida pública cresceu em decorrência dos benefícios concedidos.

Os produtores de cana objetivam o lucro, obviamente, e se dedicaram a produção de açúcar, sempre bem valorizada no mercado internacional. Com isso, ocorreu um grave desabastecimento de etanol no mercado e os brasileiros foram empurrados de volta aos carros movidos a gasolina.

 

Carros Flex

O primeiro veículo flex produzido em série foi lançado quase junto aos primeiros automóveis do mundo. O Ford modelo T, produzido a partir de  1908, tinha um carburador de injeção ajustável, permitindo o uso de etanol, gasolina ou a mistura dos dois. A proposta não foi para frente e a gasolina dominou o mercado norte-americano.

Nos anos 2.000 uma nova crise  elevou o preço do petróleo. Mais uma vez, o governo brasileiro vislumbrou a cana como salvação. Dessa vez, teve que enfrentar a desconfiança do consumidor, traído na década de 1980, ao comprar um carro a álcool e não ter como abastecer.

A solução veio com o carro flex, lançado em 2003 pela Volkswagem do Brasil.

Primeiro modelo com motor bicombustível foi um VW Gol 1.6. Imagem: Internet.

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Dessa forma, podemos dizer que o Brasil é o grande piorneiro dessa tecnologia, pelo menos em termos de produção em série e de forma contínua.

Clique para ampliar. Como também vem misturado na gasolina, o etanol já representa maior produção no Brasil em relação ao combustível fóssil. Imagem: Internet.

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Produção e consumo

EUA e Brasil lideram, de longe, a produção mundial de etanol. Mesmo a cana sendo mais produtiva, os Estados Unidos utilizam o milho como matéria prima. Isso é explicado pelo fato do cereal ser mais adaptado às condições climáticas e de solo no país.

Clique para ampliar. Maiores produtores de etanol no mundo. Imagem: Internet.

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Em 2018 nosso país contava com 411 usinas sucroalcooleiras, a maior parte em São Paulo (172), seguido por Minas Gerais (42) e Goiás (38). Metade de toda a área plantada no Brasil está em terras paulistas (50%).

São Paulo e a Zona da mata nordestina são os dois destaques na produção de cana de açúcar no Brasil. Outro ponto positivo é o fato da cana no NE ser plantada 2.000 Km ao norte de SP, que por sua vez está 2.000 km a oeste do NE. É uma planta que se adaptou bem ao Brasil, mesmo em locais tão diferentes. Imagem: Internet.

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Atualmente mais de 60 países possuem projetos em relação ao uso de etanol, misturado a gasolina ou puro.

No Brasil, 27% da gasolina é etanol, seguido pelo Paraguai com 25%. Os EUA, maiores produtores mundiais, adicionam somente 15%, já que sua frota automotiva é muito maior que a nossa.

Atualmente. já estamos produzindo o etanol de segunda geração, obtido de restos que antes eram descartados, como a palha e o bagaço.  Dessa maneira, a produtividade aumenta sem a necessidade de aumentar a área cultivada.

Conclusão

Devido a enorme área necessária para sua produção, o etanol nunca será a solução definitiva para a questão energética mundial. Possivelmente, nem mesmo para o Brasil. Entretanto, vem cumprindo muito bem sua missão de substituir parte da gasolina em vários locais do mundo.

A cana representa 17% de toda matriz energética brasileira. Dados de 2017.

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Mais limpo e renovável, tem importante papel na diminuição da poluição provocada pela queima de combustíveis fósseis.

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Publicado em 05.06.2019