Em nosso texto anterior observamos a ascensão de Martin Luther King como o grande expoente da luta contra a segregação nos EUA. Também publicamos, separadamente, seu famoso discurso em Washington. O post de hoje completa o assunto com a sequência da história.
Após ganhar o prêmio Nobel, King já estava consagrado, mas o problema era grande demais para ser resolvido. Em 1965, uma série de manifestações eclodiram pelos EUA, em especial no Alabama.
Marchas de Selma
Várias manobras eram feitas pelo governo local para impedir o recenseamento eleitoral da população negra, que representava mais da metade da população no Alabama. Dessa forma, estava alijada das escolhas políticas.
Como exemplo, a cidade de Selma contava com 57% de negros naquela época e menos de 1% deles tinha registro eleitoral. A ideia central dos movimentos que sacudiram o país naquele ano era que todo cidadão norte-americano tivesse direito a voto.
Foram 3 marchas entre as cidades de Selma e a capital do Alabama, Montgomery (85 km), onde os negros iriam se cadastrar para poderem exercer a cidadania do voto. Outro objetivo paralelo era protestar contra a morte do ativista Jimmie Lee Jackson, assassinado em uma marcha anterior na cidade de Marion.
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A 1º marcha ocorreu em 7 de março de 1965, organizada por John Lewis, James Bevel, Amelia Boynton, King, entre outros ativistas. Foi violentamente reprimida pela polícia local, com transmissão ao vivo para todo o país. Ao final, 17 manifestantes foram levados ao hospital, alguns em estado grave. Esse dia ficou conhecido como domingo sangrento, sendo mas um evento com este nome marcado na história mundial.
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Dois dias depois ocorreu a segunda marcha. Os manifestantes chegaram a ficar de frente com a polícia local. Dessa vez, King, tentando evitar um confronto potencialmente mortal, liderou uma reza e depois guiou os manifestantes até uma igreja. Este fato desagradou profundamente alguns líderes empenhados no protesto.
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A situação foi tão complexa que alguns brancos que apoiavam os protestos foram espancados por membros da Ku Klux Klan.
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A terceira marcha ocorreu em 16 de março. Dessa vez foi diferente. Com a opinião pública nacional completamente perplexa pelos ocorridos anteriormente, os manifestantes foram escoltados pelo exército americano, guarda nacional e até mesmo agentes do FBI. Em 25 de março, não só entraram em Montgomery, como 25 mil manifestantes foram até o capitólio estadual do Alabama.
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Todas essas marchas, somadas a inúmeras outras manifestações, fizeram o presidente Lindon Jonhson criar um projeto de lei impedindo qualquer prática que impedisse um norte-americano de votar, aprovada em agosto de 1965. Era mais uma vitória dos movimentos a favor dos direitos civis nos EUA.
A partir de 1965, Martin Luther King voltou suas críticas para a Guerra do Vietnã, conflito sem razão plausível, que levou milhares de jovens norte-americanos a morte.
Assassinato
A história não mente. Todo cidadão que despontou na luta contra a opressão, desafiando o status quo e se rebelando contra o sistema vigente, se colocou em uma linha tênue entre a vida e a morte. Foi assim com Gandhi na Índia. Mandela escapou da morte, mas ficou preso por 27 anos a mando do governo racista da África do Sul. Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados aqui.
Martin Luther King incomodava muita gente. Foi um homem destemido, lutando até seu último momento por um EUA mais justo. No dia 4 de abril de 1968, foi morto na sacada do hotel Lorraine, em Memphis, Tennesse. Foi alvejado por um tiro de rifle, disparado a distância, que acertou seu pescoço, morrendo aos 39 anos de idade.
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Milhares de negros foram as ruas e inúmeros confrontos com a polícia foram registrados. O problema só não se tornou maior porque vários ícones do movimento negro e o próprio presidente norte-americano fizeram pronunciamentos pedindo paz a população. Disseram que o próprio Martin Luther King não seria a favor de tal violência.
Assim como a morte de Kennedy, o assassinato de King ainda gera inúmeras controvérsias. Segundo as autoridades, o assassino foi James Earl Ray, fugitivo de uma penitenciária do Missouri. Ele foi preso no aeroporto de Londres, 60 dias após o ocorrido, sendo deportado aos EUA.
Muito se discute se o acusado realmente foi o assassino verdadeiro. A princípio, ele confessou o crime, mais tarde mudou a versão, dizendo que confirmou o assassinato para fugir da pena de morte. Morreu em 1998, aos 70 anos, em uma penitenciária nos EUA.
A própria família de King apoiava um novo julgamento. Acreditam que ele foi morto por uma conspiração do próprio governo norte-americano, que via nele um grande perigo, tanto por sua luta contra o racismo como por ser contrário a Guerra do Vietnã.
Legado
Martim Luther King Jr. deixou seu nome gravado na história. Sua herança é a cultura de paz e direitos civis. Já foi tema em inúmeros filmes, documentários e livros. Assim como já deu nome a praças, ruas, avenidas, escolas, projetos sociais, enfim, tudo que remeta a um mundo melhor e mais tolerante.
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Em 1983, foi oficializado o dia de Martin Luther King, celebrado na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima a seu aniversário. É um dos três feriados nacionais dos Estados Unidos em comemoração a uma pessoa¹. Em muitas cidades são realizadas cerimônias, desfiles e homenagens ao ativista.
Em todos os anos, no dia de sua morte, multidões de norte-americanos vão até seu memorial, como também vão ao hotel Lorraine, hoje transformado em museu.
A própria eleição de Barack Obama está intimamente ligada ao legado deixado por King, mostrando que sua luta não foi em vão.
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1. Os outros dois são George Washington e Cristóvão Colombo.
Publicado em 19.06.2019