O assunto desta publicação é tão importante que mudou completamente a política mundial pós 1º Guerra Mundial. Os reflexos dessa revolução ecoaram até o final do século XX. A história começa com a família Romanov.
Os Romanov
Na virada dos séculos XIX para o XX a Rússia, maior país do mundo, ainda era governada por uma monarquia absolutista, uma das últimas da Europa. Por 300 anos a família Romanov ditava as regras na nação, governada pelo Czar Nicolau II desde 1894.
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O termo czar foi adotado pela primeira vez por Ivan IV, conhecido como “O Terrível”. Assim como o alemão kaiser, tem a sua origem na palavra latina Caesar (César).
Durante o domínio dos Romanov (1613 – 1917) a Rússia multiplicou seu tamanho. A conta é um aumento de 520 mil quilômetros quadrados por ano. Foram 20 governantes, entre eles gênios, como Pedro “O Grande” e Catarina. Ainda assim, os problemas para se governar 1/6 da superfície terrestre eram gigantes como a própria nação.
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O país era iminentemente rural (85%) e os empregos na indústria eram extremamente precários. A pobreza era generalizada. Apesar dos Romanov nunca terem sido derrotados em batalhas, a situação não era confortável para Nicolau II. Como exemplo, seu avô, o Czar Alexandre II, havia sido assassinado em 1881, por um grupo que culpava a monarquia pelas injustiças sociais. Já o pai, o czar Alexandre III, teve que implementar uma dura perseguição a opositores que disseminavam ideias como a anarquia, socialismo utópico e marxismo.
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O país era dominado pelos capitais franceses, ingleses, belgas e alemães, em especial na construção de ferrovias, siderúrgicas e na incipiente exploração do petróleo. Apesar de rural, a indústria despontava em grandes cidades como Moscou, São Petersburgo e Kiev. As condições de trabalho eram péssimas e é nesse ambiente insalubre que nasceram os sindicatos ligados ao comunismo.
Guerra Contra o Japão 1904
Quando um ditador não é popular ele tenta várias estratégias para melhorar sua imagem. Uma delas é entrar em guerra, criar um inimigo externo para a união da nação. Em 1904, Nicolau rezou esta cartilha e a Rússia entrou na disputa pela Manchúria, região chinesa invadida pelo Japão. As duas nações entraram em rota de colisão e a guerra foi declarada pelos japoneses.
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Todos imaginavam uma vitória da gigante Rússia frente ao pequeno país asiático. Mas, o Japão assombrou o mundo com a “Restauração Meiji”, que industrializou o país e permitiu a construção de um exército remodelado e extremamente moderno. Mais a frente na história esse poderio foi confirmado durante a 2º Guerra Mundial.
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A frota russa foi dizimada e Nicolau II teve que aceitar a rendição a partir do Tratado de Portsmouth. Foi a 1º derrota militar da Família Romanov em 300 anos, uma vergonha que custou caro ao czar.
Revoluções de 1905
Os problemas se acumularam e inúmeros focos de revolta eclodiram pelo país, insatisfeitos com o czar.
Greves e tumultos generalizados ocorreram com o apoio de operários, camponeses e até membros das forças armadas. Em São Petersburgo chegou a ser criado um Soviete, colegiado de trabalhadores que iria gerenciar a própria indústria. Como um regime de autogestão, sem patrões, precursor do socialismo russo.
Lenin, personagem que ainda não apareceu em nossa história, disse que as revoluções de 1905 foram o prelúdio das de 1917.
Apertado, o czar fez uma série de promessas democráticas. Com o fim da guerra contra o Japão, trouxe suas tropas especiais, os Cossacos, reprimindo de forma extremamente violenta as revoltas. Das promessas feitas, apenas a criação da Duma (parlamento) foi concretizada. Ainda assim, com poderes limitados e sobre forte pressão das forças controladas por Nicolau II.
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Existem alguns “Domingos Sangrentos” na história mundial. Um, cantado pela banda U2, ocorreu na Irlanda em 1972. Mas, o primeiro foi na Rússia, em 22 de janeiro de 1905, na cidade de São Petersburgo. Neste dia, uma multidão de trabalhadores se dirigiram ao palácio de inverno. Os soldados russos fizeram uma fileira protetora e dispararam tiros de advertência, tentando impedir uma suposta invasão. Como ninguém arredou o pé, passaram a atirar diretamente nos cidadãos.
O número de mortes por tiro ou pisoteamento é incerto. Oficialmente, foram 130, mas membros do governo afirmaram na época que passaram de 900. Outras fontes, contrárias ao governo, afirmaram que foram 4 mil.
A oposição vivia na clandestinidade e seus líderes viviam fora da Rússia. Do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) sugiram dois grupos, bem distintos entre si, apesar de terem o mesmo ideal de eliminar o czarismo.
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Existiam os Bolcheviques (maioria, em russo), comunistas defensores da luta armada para chegar ao poder, liderados por Vladimir Ilyich Ulyanov, mais conhecido pelo pseudônimo Lenin. O outro grupo era composto pelos Mencheviques (minoria, em russo), defensores da chegada ao poder através da democracia e uma gradual chegada ao socialismo, liderados por Yuli Martov e George Plekhanov.
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Na sequência, as coisas que já estavam sombrias ficaram bem piores. Mesmo cambaleante, a Rússia entrou na 1º Guerra Mundial. Surge também o mago, feiticeiro da Sibéria, complicando a vida da família real.
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Publicado em 22.08.2019