248. Revolução Russa (Bolcheviques)

Em nosso último texto seguimos com a história russa. Observamos o obscuro Rasputin e percebemos que o país havia entrado em uma rota de colisão inevitável com a revolução. Algo grande estava prestes a acontecer.

Revolução de 1917 (1º Fase) Mencheviques

A entrada na 1º Guerra aumentou a fome do país. Em uma das dezenas de manifestações em Petrogrado, 1.500 pessoas foram mortas pelos soldados. Em um determinado momento, membros das próprias Forças Armadas já não sabiam se apoiavam os protestos ou o czar.

Em 27 de fevereiro, um mar de esfomeados invadiu o palácio onde a Duma (Parlamento) se reunia. Em 2 de março, Nicolau II abdicou, evitando assim uma carnificina pelo país. O grão Grão-Duque Miguel, irmão do czar, seria o novo governante do país, mas não aceitou assumir, temendo pela própria integridade física.

Alexander Kérensky acreditava que Lenin. Stalin e Trotsky eram sociopatas, radicais e violentos. Tentou uma transição democrática entre o czarismo e o que viria depois. Não conseguiu. Imagem: Internet.

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Dois grupos foram formados no parlamento. Os Mencheviques, políticos moderados, formaram o governo provisório, enquanto o soviete de Petrogrado, militares e operários socialistas, se posicionou em outra sala.  Georgy Lvov passou a comandar o país, entre março e julho de 1917, quando passou o bastão para Alexander Fyódorovich Kérensky.

Era um governo capitalista e liberal, aliado da Inglaterra e França. Até previam a possibilidade do socialismo, mas de forma moderada e no futuro (ou seja, nunca).  Dependente do apoio externo das duas grandes potências europeias, manteve a Rússia na 1º Guerra Mundial. Foi o grande erro.

Revolução de 1917 (2º fase) Bolcheviques

A frágil aliança entre os sovietes e o governo provisório, algo que ficou conhecido como duplo poder, ruiu rapidamente. Com Lenin de volta do exílio, os socialistas passaram a  lutar pelo direito de governar o país, distribuindo terras aos camponeses e estatizando a economia e os bens de produção.

Lenin, pseudônimo de  Vladimir Ilyich Ulyanov, se interessou pelo marxismo na universidade e mais tarde foi exilado na Sibéria. Voltou ao país e se tornou o líder da revolução Bolchevique, escrevendo suas Teses de Abril. A sua vertente do marxismo ficou conhecida como leninismo. Imagem: Internet.

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Por incrível que pareça, os Bolcheviques, como eram conhecidos os radicais de esquerda, foram apoiados pela capitalista Alemanha, que, com seu exército, escoltou o retorno de Lenin ao país. Esse acordo é estranho, mas fácil de entender. O revolucionário era a chave para o fim do czarismo e havia  prometido que, chegando ao poder, tiraria a Rússia da 1º Guerra.

Era primordial para os germânicos a saída russa do conflito, librando o front leste e abrindo espaço para que a Alemanha só se preocupasse com o front oeste.

Winston Churchill, primeiro ministro britânico durante a 2º Guerra mundial, proferiu uma frase marcante em relação a este momento histórico: “Os alemães enviaram à Rússia a mais terrível das armas. Transportaram Lenin em um trem lacrado como se fosse um bacilo da peste”

Em outubro de 1917, Vladmir Lenin comandou a Revolução Bolchevique, ao lado de Leon Trotsky, que liderou pessoalmente o chamado  Exército Vermelho.

Leon Trótski, pseudônimo de Liev Davidovich, foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, líder do Exército Vermelho.  Era o preferido de Lenin para a sucessão, mas entrou em disputa com Stalin, sendo expatriado e depois assassinado no México. Imagem: Internet.

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Os liberais burgueses, apoiados pelos países capitalistas e russos anticomunistas, criaram o Exército Branco e a Rússia entrou em uma guerra civil que durou cerca de 3 anos. O fim do conflito, em 1920, com a vitória de Lenin, gerou a criação da URSS, em 1921.

Os “vermelhos” venceram, liderados por Lenin, Trotsky, Stalin e Kalinin, já que possuíam um discurso mais alinhado aos anseios da população. Massas de camponeses e operários alimentaram as fileiras comunistas durante o conflito. Como prometido, a Rússia, se retirou da 1º Guerra Mundial.

O Exército Branco não conseguiu alimentar ideologicamente seus soldados, saindo derrotado. Esse conflito mudou completamente o século XX, mergulhando, mais a frente, quase metade do planeta sob o manto comunista.

Morte da Família Real

Os Romanov formaram um capítulo a parte em toda essa história. Vamos voltar um pouco no tempo. Em prisão domiciliar, foram transferidos para Tobolsk, em agosto de 1917. O governo provisório de Alexander Kerensky  alegou questões de segurança, já que os bolcheviques, radicais, avançavam rumo ao poder.

Em outubro de 1917, os bolcheviques assumiram o país e a situação deteriorou completamente. Eles tinham verdadeiro ódio do czar e sua família, tidos como os grandes responsáveis pela deplorável condição em que a Rússia se encontrava.

Os Romanovs em uma foto de 1913. Da esquerda para direita: Olga, Maria, Nicolau II, Alexandra, Anastásia, Alexei, e Tatiana. Imagem: Internet.

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Enquanto o Exército Branco avançava, a família real foi transferida para Ecaterimburgo, sob a direção de Vasily Yakovlev. Para Lenin, os Romanov representavam a Rússia feudal, atrasada e desigual. Uma possível fuga poderia representar um sopro de esperança a quem desejava o retorno da monarquia no comando do país. As conexões de Nicolau II com Inglaterra e França, pioravam ainda mais a situação.

Em  julho de 1918, os Romanov estavam humilhados, vivendo dentro de uma casa com as janelas fechadas, tendo que pedir permissão até para ir ao banheiro. A comida era racionada.  No dia 17, com o barulho dos confrontos já sendo escutados dentro da casa, o impasse teve um fim trágico.

Pouco depois da meia-noite, os 7 membros da família foram acordados pelos guardas, sob o pretexto de serem transferidos para outro local. Mas, no lugar da rua, foram levados para o porão. Estavam  presentes Nicolau II, Alexandra, 4 filhas, 1 filho e 4 servos, totalizando 11 pessoas. Lá, esperaram longos minutos até chegada do caminhão que supostamente os levariam embora.

A ordem já havia sido dada, foram brutalmente assassinados por tiros. Logo após a chacina, o Exército Branco tomou a cidade. Uma série de rumores em relação a uma sobrevivente perdurou por décadas. Segundo a lenda, Anastásia, a filha mais nova de Nicolau, teria sobrevivido, gerando a impressão de que uma princesa havia escapado da morte.

Local do massacre da família Romanov. Consta a história que cada soldado tinha a missão de abater um membro. Porém, alguns não morreram com os primeiros tiros e uma onda desordenada de balas foram lançadas por todo o porão. Horrível. Imagem: Internet.

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Ser humano é “incrível”, sabendo da suposta sobrevivente, várias Anastásias surgiram pela Europa, reivindicando a enorme fortuna da família. Tudo balela, com o fim da URSS todos os corpos da família Romanov foram encontrados, a maior parte em 1991 e dois deles em 2007. Foram testados positivamente pelo DNA e receberam um funeral digno. Leia na Revista Galileu uma reportagem sobre o assunto.

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Publicado em 07.09.2019

2 comments to “248. Revolução Russa (Bolcheviques)”
  1. Seus textos são verdadeiras aulas com assuntos interessantes, conteúdo e ilustração na medida certa e um português impecável. Parabéns Clebinho. Seu blog é o máximo.

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