Se existe uma coisa que me intriga em relação aos “hermanos” é o tal do peronismo. Que termo é esse que, invariavelmente, aparece em toda e qualquer notícia em relação a política argentina?
Juan Domingo Perón
A explosão política de Perón se deu a após o Golpe Militar de 1943, quando um grupo de oficiais conservadores chegou ao poder na Argentina. Ficaram conhecidos como GOU (Grupo de Oficiais Unidos).
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Alinhados ideologicamente ao nazifascismo, procuraram combater qualquer tipo de manifestação interna de cunho comunista. Tanto é fato essa conexão com os alemães que, após a 2º Guerra, inúmeros nazistas vieram secretamente para a Argentina. Politicamente, resguardando o país, sempre se mantiveram neutros durante o conflito mundial.
Durante esta fase, o coronel Perón assumiu a Secretaria do Trabalho e Provisão, o que deu a ele a oportunidade de se aproximar dos temidos sindicatos. Ganhando fama entre os trabalhadores, pela boa relação que desenvolveu com eles, foi alçado ao posto de vice-presidente, obviamente sendo combatido pela elite local. Com um discurso populista, iniciou um movimento para chegar a presidência, o peronismo.
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É só pararmos para pensar que antecipamos os acontecimentos. Todo político ligado ao povo, mesmo que de forma somente retórica, vai encontrar resistência entre os poderosos de plantão. Na Argentina não foi diferente e uma conspiração levou Perón a prisão, em 8 de outubro 1945.
Sua libertação foi apoteótica, ocorreu apenas 9 dias depois, após uma multidão ir as ruas em sua defesa. Acredito que esse episódio tenha sido a pedra fundamental de sua carreira, coroada com a vitória relativamente tranquila nas eleições presidenciais.
Presidência
O 1º mandato de Perón foi de 1946 a 1952. No Brasil, relativamente na mesma época (1930-1945/1951-1954), tivemos outro populista no poder, Vargas. Da mesma forma, seu governo foi se tornando cada vez mais autoritário.
Assim como Tito, líder da Iugoslávia, despontou como independente em relação às duas potências da época, EUA e URSS.
Em termos econômicos surfou a onda pós 2º Guerra, com a Europa destruída e necessitando se reconstruir. Tratou de acumular reservas cambiais ao país, nacionalizou empresas e investiu na industrialização. Seu carro forte foi a diminuição das desigualdades sociais. Animados com o bom momento econômico, os argentinos consumiam cada vez mais, criando uma bolha inflacionária, um ponto negativo.
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Enquanto presidente deu continuidade ao diálogo com os sindicatos, consequentemente com o trabalhador. Essa mediação era feita por sua esposa, María Eva Duarte de Perón, conhecida como Evita, importante personagem deste tema. Ela era uma incansável defensora dos pobres e por isso acumulou uma popularidade espantosa, até os dias de hoje. Morreu “jovem”, aos 33 anos de idade, vítima de um câncer no útero. Virou uma lenda argentina.
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Assim como Vargas no Brasil, Perón se embebedou do poder, tentando eliminar posições contrárias para gerenciar a Argentina como bem entendesse. Criou uma legião de fãs e também inúmeros desafetos.
Em 1951, após sobreviver a uma tentativa de golpe militar, foi reeleito para o mandato 1952 – 1957. Foi um baile, uma vitória com 64% dos votos. Lembro que ele era popular entre as massas, mas odiado pelas elites e algumas porções específicas da sociedade.
Acreditando ter poderes ilimitados, rompeu com a Igreja Católica, um grande erro estratégico. Sem o apoio religioso perdeu força e militares conservadores tentaram um novo golpe em junho de 1955, sem sucesso. Em setembro, mais uma tentativa, dessa vez o objetivo foi concluído e Perón exilado.
O presidente mais popular da Argentina ainda teve seu canto do cisne. De volta do exílio, novamente foi eleito presidente em 1973, com 60% dos votos. Morreu meses depois, em 1974. A vice era sua esposa naquele momento, Isabelita Perón, que durou pouco tempo na presidência, sendo deposta pelos militares em 1976. O povo não tinha muita simpatia por esta esposa, provavelmente pelo fato de Evita estar no coração dos argentinos.
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Afinal, o que é Peronismo?
Ninguém sabe explicar exatamente. Por um lado é um movimento de direita, pela sua ligação com os militares que se alinhavam a este pensamento, por outro um movimento de esquerda, pelo seu apoio aos trabalhadores. Atualmente, todos os matizes políticos se dizem peronistas, abrangendo diferentes ideologias. O governo esquerdista de Cristina Kirchner tinha peronistas, assim como do direitista Macri também. De Maradona ao Papa Francisco, um movimento plural.
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Na verdade, é um movimento que defende uma Argentina forte, influente, um Estado poderoso, assim como saudades de um passado glorioso. Ajuda ao povo, ao mesmo tempo industrialização, distribuição renda, enfim, um mix de sentimentos, misturando Eva e Perón.
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Apesar de ser algo indefinido, o peronismo é um sentimento bom, que remete a um momento pujante da história, alimentado, e muito, por um país em crise econômica há 3 décadas. O jovem peronista de hoje por vezes nem sabe exatamente o que está defendendo, só sabe que é bem melhor do que ele tem hoje.
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Publicado em 22.11.2019
Coloca quesão depois de cada texto com resolução.Vai ficar cabuloso.
Sempre tive essa ideia, porém, com tantos projetos que tenho fica difícil implementar neste momento. Por falar nisso, Segue Professor Clebinho no Instagram e Youtube.