Dando continuidade ao nosso tema nuclear, hoje veremos o que motiva os ambientalistas a repudiarem esta matriz energética. Como todas as outras fontes de energia, a atômica também possui seu lado nefasto.
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Pontos Negativos
– Os acidentes em usinas nucleares são de altíssimo perigo para as pessoas que residem próximas a elas. A nuvem radioativa pode atingir locais a mais de mil quilômetros da usina. Pessoas expostas a radiação podem morrer ou desenvolver várias doenças degenerativas, entre elas o câncer. O Site UOL destacou os 10 piores acidentes nucleares já ocorridos, confiram. O destaque máximo vai para o acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido na extinta União Soviética, em 26 de abril de 1986, tema já abordado em nosso blog.
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– Após o processo de fissão nuclear, o que sobra do uso do urânio é considerado lixo nuclear. O subproduto gerado é conhecido como plutônio. Esse resíduo não pode ser descartado de qualquer forma pois contem bastante radiação. Deve ser deve ser transportado, tratado e isolado com máximo rigor e cuidado, seguindo diversas normas de segurança internacionais, a fim de evitar qualquer tipo de acidente ou contaminação. A questão é que a cada dia, mais lixo vai se acumulando, já que a radiação permanece por dezenas de anos.
Cada país escolhe uma destinação especial ao seu lixo nuclear. No caso do Brasil, os rejeitos de alta atividade são armazenados em piscinas boradas (o boro é um elemento químico capaz de neutralizar a radioatividade) anexas aos reatores de Angra 1 e Angra 2. Os de baixa e média atividade (roupas e instrumentos de trabalho contaminados por radiação) são compactados e armazenados em tambores de aço no Centro de Gerenciamento de Rejeitos.
Com a construção de uma 3º usina em Angra dos Reis, foi exigido outro tipo de depósito, que armazenará todo lixo nuclear do nosso país, inclusive dos hospitais. Como exemplo do perigo representado por objetos radioativos, em 1987, um grave acidente ocorreu em Goiânia, causado por um erro no descarte de uma máquina de raio-X, tema também abordado em nosso blog, confiram.
– O custo de implantação de uma usina nuclear é muito elevado, pois a tecnologia empregada e a mão de obra especializada encarecem muito o processo.
– Nas usinas próximas ao oceano, a água utilizada no resfriamento dos reatores é lançada no mar. Como estas águas são aquecidas, este fator pode gerar problemas nos ecossistemas litorâneos da região.
– Um ponto subjetivo, mas que não podemos descartar, é a questão psicológica. Ninguém quer uma usina nuclear no quintal de sua casa. Pessoas que vivem relativamente próximas a usinas vivem em constante tensão e medo.
– O mesmo urânio que é usado nas usinas nucleares, se altamente enriquecido, pode gerar uma bomba atômica. Atualmente existe uma enorme desconfiança internacional em relação ao projeto de enriquecimento de urânio no Irã. O país do Oriente Médio garante que precisa da energia, mas é questionável, já que o país possui uma das maiores reservas mundiais de petróleo, não necessitando de outras matrizes. Entenda melhor o problema no site da BBC Brasil.
– Para finalizar, após 11 de Setembro de 2001, o mundo percebeu o perigo dos atentados terroristas. As usinas nucleares, principalmente dos EUA, são alvos em potencial dos radicais. O espaço aéreo acima das usinas é totalmente bloqueado, para evitar qualquer ação hostil. Uma guerra convencional também transforma as usinas em alvos prioritários.
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Após a leitura dos dois textos sobre o tema, você está apto a desenvolver sua visão própria em relação ao assunto. Espero ter contribuído com o debate.
Energia Nuclear no Brasil
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No Brasil, temos as Usinas de Angra dos Reis, situadas no estado do Rio de Janeiro. A escolha desse local como sede se deve à proximidade com os grandes centros consumidores de energia do país, que são Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Além disso, devido ao mecanismo de funcionamento dessas usinas, elas precisam estar próximas a fontes hídricas, como rios, lagos ou mares.
Temos dois reatores funcionando atualmente, conhecidos como Angra I e Angra II. A decisão de implementar uma usina nuclear do Brasil ocorreu durante o regime militar, em 1969. Após alguns anos ficou claro que o objetivo não era somente a geração de energia, mas sim o domínio da tecnologia nuclear, introduzindo nosso país em um restrito clube internacional. De posse dessa tecnologia, submarinos nucleares e até mesmo uma bomba atômica poderiam ser construídos.
Atualmente, vivemos em um país democrático e nosso programa é totalmente voltado para geração de energia elétrica, sem fins militares.
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Angra I começou a ser construída em 1972 e só ficou pronta em 1982. Porém, após vários problemas, só entrou realmente em operação em 1985. Angra II é um caso impressionante, teve o início de suas obras em 1977 e, após anos de paralisação, só entrou em operação no ano de 2001.
Angra III começou suas obras em 1984, sendo paralisadas em 1986. Em 2010 retomaram o planejamento, orçado em R$ 10 bilhões. Em 2015, por suspeitas de corrupção, as obras pararam novamente. O país já gastou R$ 8,4 bilhões e ainda faltam 39% do projeto. Pelos cálculos, vai custar algo próximo a R$ 26 bilhões.
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Em março de 2019 o ex-presidente Michel Temer foi preso por suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas em uma investigação da Lava-jato, chamada Operação Radioatividade. Acredita-se que as obras em Angra III foram superfaturadas.
Em 2016, a produção de energia elétrica de Angra 1 e Angra 2, juntas, foi de 15.9 MWh, o que representa cerca de 3 % da geração de energia elétrica no Brasil, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A nuclear foi a quinta maior fonte de geração elétrica, ficando atrás das hidrelétricas e das térmicas a gás, óleo e carvão.
Espero ter aumentado o conhecimento de todos os leitores. Curtam nossa página no Facebook e compartilhem nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 16.08.2015
Revisado em 30.03.2019
Sou contra a energia nuclear, acho que o perigo não compensa.