Hoje, entramos em um tema paradoxalmente antigo e atual. Vamos abordar o impressionante conflito Árabe-israelense.
É um dos conflitos mais complexos de ser estudado e merece de nós toda a atenção na leitura. Serão 3 textos para trazer maior conhecimento sobre o tema.
A grande verdade é que este conflito remonta aos tempos bíblicos, porém, temos que escolher um ponto de partida. Para não delongar demais a história escolhemos o século XIX.
Sionismo
No século XIX tivemos a criação de países como Alemanha e Itália na Europa. Na carona desses nacionalismos, os judeus, povo espalhado pelo mundo desde as diásporas¹, também iniciou um movimento, chamado de Sionismo, com o objetivo maior de criar um país para os Judeus.
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O local deste suposto país judeu foi bastante discutido. A princípio, pensaram em comprar um pedaço na África ou na Argentina. Porém, os principais líderes sionistas chegaram a conclusão que nenhum outro lugar teria um apelo emocional maior que a bíblica região de Canaã, a Terra Santa, prometida aos hebreus (atuais judeus) por Deus.
O termo “sionismo” é derivado da palavra “Sion”, que quer dizer elevado. Originalmente, Sião ou Sion era o nome de uma das colinas que cercam a Terra Santa, onde existiu uma fortaleza de mesmo nome.
O líder do movimento foi o escritor austríaco Theodor Herzl, autor do livro Der Judenstaat (O Estado Judeu). Ele foi o organizador do primeiro congresso Sionista, ocorrido na cidade suíça de Basileia, em 29 de agosto de 1897.
O evento reuniu cerca de 200 participantes e seus principais resultados foram a formulação da plataforma sionista, conhecida como “Programa de Basileia”, e a fundação da Organização Sionista Mundial.
O interessante é que, no início, boa parte da comunidade judaica viu esse interesse em migrar para a Terra Santa como algo muito mais próximo do imaginário religioso do que uma realidade concreta. Não era do interesse da maioria dos judeus migrar para um local desconhecido, distante do que todos conheciam. Mas o transcorrer da história se reservaria no direito de mudar a opinião de todos.
Palestina
Ao longo da história, a Terra Santa teve várias denominações: Israel, Canaã, Judeia, Samaria, Galileia. Onde historicamente existiu uma pátria judaica, o reinado do rei Davi (1.000 a.C.), encontrava-se desde o ano de 638 sob o controle árabe, e a partir de 1517, do Império Turco-otomano, ambos muçulmanos.
Durante o período em que a região esteve sob domínio do Império Romano, o nome dado ao local foi Palestina, utilizado até os dias atuais.
O interessante é que ao longo de todo este tempo, sempre existiu uma comunidade judaica na região, minoria, mas vivendo em harmonia com os muçulmanos.
A volta
Criado o movimento Sionista, milionários judeus, como a célebre família Rothschild, doaram dinheiro para se comprarem terras dos proprietários árabes da região. Muitas vezes perseguidos em seus países de origem, oprimidos por terem religião diferente, jovens judeus de toda parte, principalmente do Leste Europeu, começaram a desembarcar na Palestina no início do século XX.
Neste momento da história, início do século XX, os judeus totalizavam 60 mil habitantes na Terra Santa.
1º Guerra Mundial
Durante a 1º Guerra Mundial, o Império Turco-otomano entrou ao lado da Alemanha, e saiu derrotado. Após a fracasso, a região da Palestina passou a ser um protetorado britânico em 1922. Agora, o sonho sionista estava mais próximo, a Palestina estava sob o domínio de um país ocidental.
Em meio ao conflito mundial, o então secretário britânico dos assuntos estrangeiros, Arthur James Balfour, escreveu uma carta dirigida ao Barão Rothschild, líder da comunidade judaica do Reino Unido. A carta demonstrava a intenção do governo britânico de facilitar o estabelecimento do Lar Nacional Judeu na Palestina, caso a Inglaterra conseguisse derrotar o Império Otomano.
Esta carta ficou conhecida como Declaração Balfour e foi o pontapé inicial da criação do Estado judeu.
Com a concretização da vitória britânica, a migração judaica para a região se iniciou. Em 1930, 170 mil judeus já habitavam a região.
Início dos problemas
Com um número crescente de judeus na região, os problemas começaram. Líderes árabes, incomodados com a presença cada vez maior dos estrangeiros, incitavam seu povo contra os judeus. O contragolpe foi a criação de um exército clandestino, chamado Haganah (defesa em hebraico).
O interessante é que, na época, os judeus eram minoria, e apelavam para ações terroristas contra os interesses árabes, exatamente o contrário do que veio a ocorrer depois da criação do Estado de Israel.
2° Guerra Mundial
Se o Movimento Sionista e a declaração Balfour foram importantes para a criação do Estado de Israel, a 2° Guerra Mundial foi o evento definitivo para tal. Durante o maior conflito de todos os tempos, 6 milhões de judeus foram massacrados pelos Nazistas nos campos de concentração. O episódio ficou conhecido como o Holocausto.
A comoção internacional gerou uma pressão sobre a Inglaterra para que ela cedesse a região para a criação de um Estado judeu. Recém saída da guerra, os ingleses não queriam arcar com os custos da ocupação, lavaram as mãos e levaram o caso até a ONU.
ONU
Em abril de 1947, um Comitê Especial das Nações Unidas propôs a partilha da Palestina em um Estado judeu (já com cerca de 650 mil habitantes) e um Estado árabe-palestino (com o dobro dessa população).
Pressionados pelo desastre promovido por Hitler, o placar da votação foi 33 votos a favor da criação dos dois Estados (Brasil, EUA, URSS, entre outros) , 13 contra (9 muçulmanos) e 10 abstenções.
Enfim, o sonho judeu estava concluído, foi criado o Estado de Israel. Os problemas só estavam começando.
No próximo texto, veremos as várias guerras entre Israel e seus vizinhos árabes. Imperdível!
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Publicado em 20.09.2015
1 – Diáspora – O termo significa, em grego, dispersão. Define o deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas. No caso do tema de hoje, o termo é usado para fazer referência à dispersão do povo judaico no mundo antigo, primeiro obrigados pelos babilônios, no século VI, depois pelos romanos no ano 70 d.C. Após as duas diásporas, os judeus se espalharam pelo mundo.