Um dos maiores problemas da atualidade é a crônica falta de água potável. Isso não é privilégio somente do Brasil, estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje sob a situação de estresse hídrico.
O cenário para o futuro é ainda mais assustador, desde a década de 90, a extração de água para consumo nos centros urbanos do Brasil aumentou 25% e a tendência é de um acréscimo ainda maior nos próximos anos.
Estudiosos preveem que em breve a água será causa principal de conflitos entre nações. Já existem sinais dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África.
.
Os motivos que contribuem para o problema são variados, mas tentaremos mostrar os principais através dos números.
Pouca água doce
Os dados podem variar de acordo com a fonte, mas do total de água do planeta, cerca de 97,5% é salgada, exigindo altos custos e energia para se dessalinizar e ser utilizada por seres vivos que não sejam marinhos. O restante, 2,5%, é de água doce.
.
O gráfico acima já seria motivo suficiente para que a água doce fosse considerada o bem mais importante do planeta, fato que não ocorre atualmente. Mas os problemas não param por ai, veremos agora como a água doce está distribuída pelo planeta.
Onde está a água doce?
Está distribuída da seguinte forma: 68,9% em geleiras (nos polos ou em altas montanhas), de difícil acesso às grandes concentrações de população. No caso do Brasil, simplesmente não existe este tipo de água.
.
Não existe um número oficial de onde a água está, por isso encontramos variações nos dados. Sabendo disso, os estudos apontam que 30,8% está concentrada no subsolo, o que exige recursos financeiros e materiais para sua obtenção.
Resta-nos então, a água na superfície, de fácil acesso e captação, que são os rios e lagos, no máximo 0,3% do total de água doce disponível.
.
Se destes parcos 0,3%, retirarmos os vários rios e lagos com água poluída e imprópria ao consumo humano, como são das águas do Rio Arrudas (Belo Horizonte) e Rio Tietê (São Paulo), degradados pelo próprio homem, o percentual torna-se mais do que assombroso, desesperador.
Alguns estudos contabilizam a água que está na atmosfera, algo próximo a 0,9% do total. Nesse caso, os números citados anteriormente, que obviamente resultam em 100%, mudam um pouquinho.
Em resumo, a água potável e de fácil captação é rara e precisamos tomar cuidado, pois é um bem finito. Mas tem mais observações a serem feiras.
No Brasil, onde está a água doce?
É um fato o Brasil ser o “rei das águas”, é o país com a maior quantidade de água doce no mundo, e isso é a mais pura verdade. Nosso país concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do planeta, o Amazonas.
.
Como pode então, o país mais rico do mundo, do ponto de vista hídrico, estar passando por este problema tão agudo?
Muito simples, além dos poucos investimentos dos responsáveis, a água doce no Brasil é distribuída de forma incrivelmente irregular.
Dois exemplos simples, a Região Norte do Brasil possui algo em torno de 7% da população do país, enquanto foi agraciada pela natureza com extensas florestas e com 68,5% das reservas de água. Por outro lado, as regiões Sudeste e Nordeste possuem, juntas, mais de 71% da população e 9% das reservas de água. Praticamente invertido, observe a tabela:
.
Em resumo, a distribuição de água no Brasil é inversamente proporcional a população. Os políticos não estudaram isso e os mandatários atuais estão abusando da sorte. O período de seca, principalmente nos estados do Sudeste e a falta de investimentos das empresas concessionárias para armazenamento, captação e distribuição de água tratada, são causas do problema. Lembrando que essas empresas são, na maioria, empresas públicas ou vinculadas aos governos estaduais, que preferiram pagar “lucros” aos seus acionistas na bolsa de valores, do que pensar no futuro da população.
Desperdício das concessionárias
Para fechar o assunto, após captar e gastar recursos tratando a água, as próprias concessionárias, no nosso caso de BH a Copasa (Sabesp em SP), perdem, antes de chegar ao consumidor, algo entorno de 35% do líquido precioso. Isso ocorre por vazamentos nas adutoras e canos subterrâneos (em alguns casos vazamentos visíveis nas ruas). No Japão, como comparação, esta perda é de 3%. Provavelmente, a falsa ilusão de água abundante, levou ao desleixo dessas empresas.
Veja uma reportagem mostrando o desperdício de água, até mesmo no clube da Copasa, no site EM.com.
Somado todos esses fatores mostrados em nosso texto, podemos entender melhor a situação crítica pela qual passamos. Independente de qualquer erro governamental ou acasos da natureza, temos que fazer nossa parte, economizando este bem imprescindível para nossa vida.
Espero ter aumentado o conhecimento de todos os leitores. Curtam nossa página no Facebook e compartilhem nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 23.08.2015
Mais um texto muito educadivo. Acompanho todos!