Em um momento em que a economia nacional patina, um setor irá crescer e bater o recorde histórico na produção de grãos. É o Agronegócio brasileiro, um ramo econômico que parece não conhecer crise.
Primeiramente vamos diferenciar algumas palavras. Isso se faz necessário pois quando observamos a participação da agropecuária no PIB brasileiro, cerca de 6%, parece pouco. O detalhe é que, para entendermos o verdadeiro poder do campo, precisamos focar em outra palavra, o agronegócio.
Agricultura: É um termo que remete a arte, trabalho e técnicas usadas para cultivar o solo, objetivando produzir vegetais úteis para os humanos.
Pecuária: Corresponde ao conjunto de técnicas utilizadas e destinadas à criação e reprodução de animais para fins comerciais.
Agropecuária: É a junção de agricultura e pecuária.
Agronegócio ou agrobusiness: É toda cadeia produtiva da agropecuária.
Diante disso, podemos citar vários setores da economia que fazem parte do agronegócio, como bancos que fornecem créditos, indústria de insumos agrícolas (fertilizantes, herbicidas, inseticidas, sementes selecionadas, transgênicos), indústria de tratores, caminhões, ferramentas e máquinas agrícolas, lojas veterinárias, laboratórios que produzem vacinas, enfim, uma ampla rede de atividades.
Além disso, temos inúmeras indústrias que transformam o produto agrícola, como a de laticínios, couro, tecidos, biocombustíveis, sucos de frutas e alimentos em geral.
O agronegócio representa 23,5% do nosso PIB, 44,1% das exportações e possui cerca de 20 milhões de pessoas empregadas no Brasil. Exporta produtos para mais de 180 países.
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Os fatores que levaram o Brasil a ser uma das lideranças do agronegócio mundial foram o tamanho incrível do nosso território (5º maior do mundo), enorme insolação (a maior do mundo), clima favorável para culturas tropicais, uma grande população (5º maior do mundo), tecnologia e solos férteis. Aproximadamente 30% do território nacional é usado pela agropecuária.
O saldo do nosso agronegócio, ou seja, a diferença entre o que vendemos e compramos do exterior, é positivo em mais de 80 bilhões de dólares por ano. O Brasil é hoje o segundo maior produtor e exportador de alimentos, perdendo apenas para os EUA.
Modernização do campo
Nas últimas décadas o Brasil vem passando por uma grande transição no campo, de uma agropecuária tradicional para uma moderna. Para entendermos melhor esta mudança vamos explicar as duas maneiras de se produzir:
Agropecuária tradicional: É a chamada agropecuária extensiva. Criação de gado sem preocupação com a genética ou com a qualidade das pastagens. Os animais são criados soltos em grandes áreas sem receber maiores cuidados. A agricultura não utiliza os avanços tecnológicos como sementes selecionadas, defensivos agrícolas e transgênicos. Não há correção do solo e as técnicas praticadas são rudimentares, sem uso de maquinários. Obviamente, a produtividade é baixa.
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Agropecuária Moderna: Criação de animais de forma intensiva. Cuidados com a genética, veterinários e o gado passa a maior parte do tempo confinado, comendo as super rações a base de soja. A agricultura é desenvolvida com muitas máquinas, tecnologia, uso de transgênicos e grande produtividade. Totalmente voltada para produtos com alto valor no mercado internacional.
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É óbvio lembrar que existem fazenda no meio do caminho, em processo de modernização, já que o investimento em novas técnicas é alto.
Para se ter ideia do que vem ocorrendo em nosso país, no ano 2.000 colhemos cerca de 85 milhões de toneladas de grãos, já para este ano, a expectativa é para uma safra em torno de 200 milhões de toneladas. Nos últimos anos, nossa área de grãos plantada cresceu 37%, frente a um crescimento de 176% da produção. Todo esse ganho em produtividade só foi possível pela modernização dos processos no campo.
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Problemas
Como tudo no Brasil, nosso campo também possui inúmeros problemas a serem resolvidos, destacamos alguns:
- Somos, hoje, o país que mais utiliza agrotóxicos. Tema abordado em nosso blog.
- Possuímos mais de 70 mil imóveis rurais no Brasil, porém, somando os hectares dos 1,4% maiores, chegamos ao total de 40% de toda terra. São os Latifúndios, enormes fazendas de propriedade particular, herança de um passado desigual. Isso demonstra como as terras são concentradas nas mãos de poucas pessoas no Brasil.
- Um efeito colateral da concentração de terras no Brasil foi o surgimento do MST. A sigla significa Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e tem como objetivo ocupar latifúndios improdutivos para impulsionar a reforma agrária. Além disso, fazem manifestações por todo Brasil em prol de seus objetivos. Se é justo ou não é uma longa polêmica que não cabe ao nosso blog neste texto. Em relação ao tema distribuição de terras, o site InfoEscola trouxe um excelente texto.
- No Brasil, existe a figura do Posseiro¹: Cidadão que invade terra pública, cerca e na maioria dos casos, começa a plantar. Possui a posse, pois está no local, mas não detém nenhum documento que comprove isso oficialmente.
- Outra figura nefasta é a do Grileiro: Pessoa que se apropria ilegalmente de terras forjando um título de propriedade. De posse do documento ilegal, em alguns casos, vendem a propriedade para pessoas desinformadas. O nome deriva de uma técnica de falsificação de papéis, que são envelhecidos quando guardados em caixas junto com alguns grilos. Isso da ao documento uma aparência de ser antigo, verdadeiro.
- Por falta de fiscalização entre outros fatores, cerca de 60% dos trabalhadores assalariados rurais não possuem carteira assinada. Isso é um absurdo, pois o empregado não tem seus direitos trabalhistas preservados. Veja mais no site Canal Rural.
Ainda assim, caminhamos bem
Mesmo com todos esses problemas, o saldo do agronegócio é extremamente positivo. Como ainda possuímos terras para plantio e outras para se modernizarem, muitos especialistas afirmam que o Brasil será o maior exportador de alimentos do mundo até 2024. Veja mais no site da Revista Exame.
Próximo texto
Em nosso próximo post, veremos quais são os principais produtos do agronegócio brasileiro. O grande destaque será a soja, metade dos grãos que plantamos. Imperdível!
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1 – Posseiro – Sempre que explico o que é posseiro, os alunos falam do famoso usucapião, artifício no qual a pessoa se instala em um imóvel durante alguns anos e depois busca na justiça a propriedade formal sobre o mesmo. Porém, não existe usucapião de imóveis públicos. Veja mais no site Consultor Jurídico.
Conclui que o curso que eu quero: Engenharia Agronômica, tem um bom mercado. adorei o texto
Com certeza, é um ramo que parece não sofrer como os outros nas crises. Brasil possui uma vocação natural para o agronegócio.