76. Guerra do Paraguai – A virada de Caxias

Em nosso último texto abordamos o início do maior conflito já ocorrido na América do Sul. No post de hoje, veremos o desenrolar da invasão brasileira ao território paraguaio.

Em abril de 1866, as tropas da Tríplice Aliança cruzaram o rio Paraná e penetraram no território paraguaio. O objetivo inicial era conquistar a fortaleza de Humaitá, uma fortificação no Rio Paraguai responsável pela defesa da entrada do país.

Batalha de Tuiuti

Após as batalhas do Passo da Pátria e do Estero Bellaco, os soldados brasileiros e argentinos chegaram a este que foi, provavelmente, o maior embate da Guerra do Paraguai, a Batalha de Tuiuti.

Em 24  Maio de 1866, nos pântanos próximo ao lago Tuiuti, 50 mil homens se engalfinharam na batalha mais sangrenta da história da América do Sul.

Somente do Brasil eram 21 mil homens, somados a 10 mil argentinos e 1.200 uruguaios. Pelo lado paraguaio eram 23 mil soldados.

ARIMATÉIA - General Osório na Batalha do Tuiuti - Óleo sobre tela - 150 x 200 - 2008 - Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, Rio de Janeiro

General Osório na Batalha do Tuiuti – Óleo sobre tela – 150 x 200 – 2008 – Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, Rio de Janeiro

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No início do combate os paraguaios foram superiores, já que atacaram o acampamento inimigo de  surpresa, causando um enorme vácuo de comando entre os aliados em meio a total confusão. Porém, com um efetivo bem superior, os soldados da Tríplice Aliança se reorganizaram e reverteram o quadro, impondo uma enorme derrota aos soldados de Solano Lopez.

As perdas paraguaias foram entre 4 a 6 mil homens, além de outros 6 mil feridos. Foi um duríssimo golpe para Solano Lopez, que esperava vencer e obrigar os inimigos a saírem do Paraguai.

A vitória fincou a posição brasileira dentro do território paraguaio.

Em 2 de setembro de 1866, percebendo que o seu rompante de valentia não havia sido uma boa ideia,  López pediu um encontro com Bartolomeu Mitre, governante da Argentina. Os dois se reuniram, mas não houve acordo para o fim da guerra. Se fechassem um pacto, o Brasil ficaria isolado, já que o Uruguai praticamente não possui forças armadas.

Batalha de Curupaiti

Antes de chegar a fortaleza de Humaitá, os soldados da Tríplice Aliança teriam que enfrentar sequências de defesas paraguaias.

A primeira barricada era conhecida como Forte de Curuzu e foi conquistado em setembro de 1866 pelas forças do 2º Corpo do Exército brasileiro, sob o comando do general Manuel Marques de Sousa.

Animados, brasileiros e argentinos se lançaram contra a fortaleza de Curupaiti.

Como os soldados paraguaios estavam entrincheirados bem acima das margens do rio, estavam fora do alcance do bombardeio da esquadra imperial (marinha do Brasil).

O avanço de brasileiros e argentinos foi duramente dificultado pelo terreno alagado e as fortes chuvas da estação. Quando lentamente chegavam próximo a fortaleza tinham que passar pelos abatizes, facilitando o trabalho dos atiradores inimigos.

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Detalhe da Trincheira de Curupaiti, por Cândido Lopes. Do alto de uma trincheira, cavada no topo de um barranco, os paraguaios tinham um alvo fácil nas tropas aliadas que avançavam.

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O resultado foi a maior derrota da Aliança em todo o conflito. Em um ataque que contava com 25 mil soldados brasileiros e argentinos contra 5 mil paraguaios, o saldo foi desastroso:  1.395  mortos no lado da Aliança, que se somaram a 3.581 feridos, frente a somente 54 baixas no lado vermelho.

Mudança na Tríplice Aliança

Após a derrota acachapante, a guerra deu uma pausa. A Argentina praticamente se retirou do conflito, diminuindo drasticamente seu contingente. O Uruguai, que já não fazia muita diferença,  só deixou uma ajuda simbólica.

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Duque de Caxias, patrono do exército brasileiro. Herói da Guerra do Paraguai. Imagem: Internet

No lado brasileiro, um herói do exército foi chamado para assumir toda a desordem como comandante-em-chefe do Exército Brasileiro,  o renomado Luís Alves de Lima e Silva, então Marquês de Caxias. Posteriormente este homem viria a se tornar o patrono do Exército como Duque de Caxias¹.

Fortaleza de Humaitá

Entre o outubro de 1866 e julho de 1867, Caxias paralisou as operações e se preocupou em reorganizar o exército, assolado por epidemias e altamente insubordinado. Em 10 meses, nosso comandante equipou e praticamente treinou uma nova força de batalha. Além disso, aprimorou a equipe médica e desenvolveu nos soldados noções de higiene e limpeza, colocando fim as epidemias.

Enquanto isso, Lopez concentrava todas as suas forças na fortaleza de Humaitá, para deter o avanço aliado.

Em uma estratégia ousada, Caxias deu ordens para que o exército brasileiro desse a volta e cercasse o Fortaleza de Humaitá, cortando o fornecimento de suprimentos com Assunção.

A manobra de Caxias cercou a Fortaleza de Humaitá. Imagem: Internet.

Cercados, os paraguaios sucumbiram, e a fortaleza foi tomada em 25 de julho de 1968. O número de baixas brasileiras ultrapassou 3 mil.

Solano Lopez havia fugido de Humaitá. Caxias tinha ordens de persegui-lo até o fim.

Veja este capítulo da Guerra, conhecido como Passagem de Humaitá no site HB.

Manobra Piquissiri

As forças brasileiras avançaram mais 200 Km em direção a Assunção e se depararam com a última fortificação de defesa entre nosso exército e capital, na região de Palmas.

A Manobra Piquissiri é considerada a mais genial do conflito. López concentrou 18 mil soldados em uma posição forte ao longo do riacho Piquissiri, na margem esquerda do rio Paraguai.

A ideia genial de Caxias foi  determinar a construção de uma estrada, com onze quilômetros de extensão, na margem oposta do rio Paraguai, através dos pântanos do Chaco, conduzindo à retaguarda dos paraguaios.

Após atravessar os pântanos, 23 mil soldados brasileiros atravessaram o Rio Paraguai e pegaram as tropas paraguaias por trás.

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Passagem do Chaco, óleo sobre tela de Pedro Américo. Brasileiros atravessando o pantanoso chaco. Imagem: Internet.

Solano Lopez estava  convencido de que as tropas aliadas não poderiam cruzar o Chaco mas foi totalmente surpreendido e  forçado a recuar com as suas tropas sobreviventes.

A Guerra se aproxima do final.

Próximo texto

Em nosso próximo post veremos a caçada implacável por Solano Lopez e a destruição completa do Paraguai. Imperdível.

Espero ter aumentado seu conhecimento.  Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 10.10.2015

1 – Caxias foi um inovador, ele mandou importar balões para poder subir, preso em cordas e observar melhor o terreno de batalha.

4 comments to “76. Guerra do Paraguai – A virada de Caxias”
  1. Muito bom, professor Clebinho! Só faltou o crédito do artista autor da tela, “General Osório na batalha do tuiutí”

  2. Mil perdões! Observei o crédito no início, na primeira imagem. Muito obrigado e disponha. Arimatéia

  3. Muito boa matéria professor!!!

    O sr. teria algo especificamente sobre o preparo das tropas brasileiras sob o comando de Caxias?

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