No Século XIX, ainda não existia nenhuma normatização dos horários mundiais. Cada país, região ou cidade do mundo estipulavam quais seriam os seus horários, embasados, é claro, no sol.
Antigos viajantes deveriam acertar o relógio toda vez que chegavam a uma nova localidade.
Para que essa confusão fosse resolvida, primeiro foi criado o Sistema de Coordenadas Geográficas.
Coordenadas geográficas
Este sistema é composto por linhas imaginárias que cortam o planeta Terra, tanto na horizontal (paralelos), quanto na vertical (meridianos).
O Equador é o paralelo zero grau, pelo fato de ser o local de maior circunferência da Terra, o maior dos paralelos, sendo um divisor natural entre Norte e Sul. A partir do Equador, as latitudes vão aumentando até 90º Norte e Sul.
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Já com os meridianos a situação é diferente, são todos idênticos, não existem diferenças entre eles. Todos conectam os polos Norte e Sul através de uma linha imaginária. Como são iguais, qualquer um poderia ter sido escolhido como divisor entre os hemisférios Leste e Oeste. Uma pergunta muito comum em sala de aula é o motivo de Greenwich ter sido agraciado com esta escolha.
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Greenwich
Este Meridiano, o principal, foi escolhido pelo matemático e astrônomo inglês Sir George Biddell Airy, em 1851. O motivo alegado foi homenagear a localidade de Greenwich, onde já estava localizado o Observatório Real, nos arredores de Londres, Reino Unido. A ideia era simular uma escolha científica, já que este era um dos observatórios astronômicos de maior importância no mundo naquele tempo, merecendo uma homenagem.
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Hoje, todos nós sabemos que a escolha do local foi, na verdade, para que a Inglaterra ficasse centralizada em todos os mapas mundiais produzidos a partir de então. Como Greenwich está localizado no subúrbio de Londres, a capital inglesa passou a dividir o mundo em dois hemisférios a partir da escolha.
Inclusive, este divisor enfrentou a concorrência da França, que defendia a criação do “meridiano de Paris”, da Espanha, com o seu “meridiano de Cádis” e com Portugal, que pleiteava criar o “meridiano de Coimbra”.
Como a Inglaterra, naquele momento, era a maior potência do mundo, fez valer sua força na Conferência de Astrônomos em Washington (EUA), no ano de 1884, que ratificou a escolha do meridiano e também fixou o Sistema de Fusos Horários.
Através dos paralelos e meridianos, qualquer local do globo terrestre passou a possuir um endereço, que vem expresso na forma de latitude e longitude.
Fusos Horários
Com um mundo se relacionando cada vez mais, ao final do século XIX, surgiu a necessidade de se organizar o processo, coordenando as mudanças horárias entre os países. Como já citado antes, isso ocorreu nos EUA, em 1884.
O sistema de fusos horários foi criado embasado nas coordenadas geográficas. A ideia foi relativamente simples. Tendo como base a circunferência da Terra, que possui 360º de longitude, dividiu-se esse número pelas 24 horas de um dia (tempo médio de rotação da Terra), chegando ao resultado de 15º. A partir de então, ficou decidido que a cada 15º de longitude, muda-se uma hora. Sempre aumentando de Oeste para Leste. Com raríssimas exceções, diminuiu-se para 24 os horários possíveis no mundo. Antes, só na Alemanha, existiam mais de 80 horários diferentes entre as cidades.
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A base para se dizer qual é o fuso horário de um local é o horário de Greenwich, ou GMT (Greenwich Mean Time/Hora de Greenwich). Atualmente, a sigla mais usada para se referir a esse importante fuso é UTC (Universal Time Coordinated/Tempo Universal Coordenado). Países a esquerda deste fuso possuem horários mais atrasados, enquanto países a direita, horários mais adiantados.
Adaptações
Obviamente, para que este sistema não cortasse cidades e regiões no meio, dificultando a vida dos moradores locais, os fusos horários contornam divisões políticas para que todos fiquem em uma mesma hora.
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Brasil
Até o ano de 2008, o Brasil possuía 4 fusos horários:
- As ilhas brasileiras, como Fernando de Noronha, estão no fuso horário – 2. Ou seja, duas horas a menos que Greenwich.
- A Maioria da população brasileira, todos os estados do Sul, Sudeste e Nordeste, Goiás, Tocantins, Pará e Amapá, estão no fuso – 3. Este fuso é conhecido como a hora oficial de Brasília, ou seja, nosso horário principal.
- Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e Amazonas estão no fuso – 4.
- O Acre e parte do Amazonas se localizam no fuso – 5.
No ano de 2008, uma lei inseriu o Acre no fuso -4, uma hora a menos que Brasília (-3). O senador Tião Viana (PT- Acre), autor da lei, acreditava que a diferença de duas horas em relação a Brasília atrapalhava economicamente e culturalmente o estado.
Em 2010, em um referendo feito no Acre para consultar a população sobre a mudança, 56,8% dos eleitores optaram pelo retorno ao antigo horário, que ocorreu em 10 de novembro de 2013. Confira no site do G1.
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Esse retorno a hora original ocorreu por ser muito complexo fixar um horário de um local baseado em outros. Para que o Acre não ficasse com duas horas a menos que Brasília, ele foi trazido para o -4. Porém, isso trouxe um problema, o nascer do sol no Acre não acompanhava o dos estados situados mais a leste, vinha depois. Pessoas acordavam ainda a noite para ir trabalhar e isso causava transtornos desnecessários. Tudo voltou ao que era antes e o Brasil, de novo, possui 4 fusos.
Lembrando que os estados que entram em horário de verão, como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro entre outros, passam do fuso -3 para o -2, pois ficam, durante o período de vigência, uma hora adiantados.
Local interessante
Quando o assunto são os fusos horários, um local chama muita a atenção de todos, a LID, Linha Internacional de Data. Neste local, o fuso horário -12 faz divisa com o +12. Como um está 12 horas atrasado em relação a Greenwich e o outro 12 horas adiantado, a diferença entre eles é de 24 horas. Observando a imagem abaixo, se você atravessar a LID da esquerda para a direita, você continua na mesma hora, porém retorna um dia no calendário. Se você atravessa da direita para a esquerda, você avança um dia, continuando na mesma hora. Bacana demais!
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A LID é o antimeridiano de Greenwich, ou seja, juntos, os dois completam uma circunferência na Terra, um de cada lado do planeta. Ela se encontra em pleno Oceano Pacífico e para não dividir países e ilhas em datas diferentes, faz contornos como as outras linhas que definem os fusos.
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Publicado em 24.10.2015
Professor, sou aluno do 1D no Cotemig Barroca, turno tarde e agradeço por disponibilizar este texto, pois estou de atestado e perdi esta aula e consegui entender tudo pelo texto, desde já agradeço.
Muito bom Arthur, você não pôde ir a aula e veio aqui em nosso blog aumentar seu entendimento em relação a matéria!
otimo demais professor, sou aluno da 1E e estava com algumas duvidas nessa materia, nao precisei de 15 minutos para poder entender essa materia. Acho que todos os professores deveriam deveriam ter a mesma ideia de fazerem um blog. Bom demais