103. Irã: Temido Programa nuclear

Os dois últimos textos de nosso blog abordaram a Revolução Islâmica no Irã e, por consequência, o distanciamento do país em relação ao mundo ocidental. Os mesmos norte-americanos que desenvolveram e utilizaram a bomba atômica, agora temem que a tecnologia caia nas mãos iranianas.

Veja abaixo o local de testes do Projeto Manhattan, responsável pelo desenvolvimento da primeira bomba atômica nos EUA.

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Programa nuclear iraniano

Os norte-americanos, na década de 1950, incentivaram o Irã a ter um programa nuclear, em um momento que o país era aliado.

Assim como o Brasil, o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que exigiu de nações que ainda não possuíam a tecnologia atômica até 1967, o não desenvolvimento da mesma. Somente Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França podem ter arma desse porte entre os que assinaram o tratado.

A brecha no acordo é que para fins pacíficos, como a geração de energia elétrica, é permitido os estudos nessa área. O problema é que a tecnologia usada para enriquecer urânio para fins energéticos,  também pode ser usada ao nível necessário para a produção de uma explosão nuclear.

Impressionante é perceber que, o próprio presidente yankee Gerald Ford, permitiu o fornecimento de plutônio para o Irã iniciar seu projeto nuclear. Na época, o Chefe de Gabinete da Casa Branca era Dick Cheney, e o Secretário da Defesa, Donald Rumsfeld. Anos mais tarde, Cheney e Rumsfeld faziam parte da cúpula do governo Bush, o mesmo que classificou o Irã como parte do Eixo do Mal.

A águia adora criar seus futuros inimigos.

ARLINGTON, VA - DECEMBER 15: (L-R) US Secretary of Defense Donald Rumsfeld, US President George W. Bush and US Vice President Dick Cheney attend the Armed Forces Farewell Tribute to Rumsfeld at the Pentagon December 15, 2006 in Arlington, Virginia. Praise was heaped on the outgoing secretary by Bush and Cheney and Rumsfeld used his farewell speech to call for an increase in military spending. (Photo by Chip Somodevilla/Getty Images) *** Local Caption *** Donald Rumsfeld;George W. Bush;Dick Cheney

Donald Rumsfeld, George W. Bush e Dick Cheney. A mesma cúpula que no passado incentivou o projeto nuclear iraniano, criticou depois. Imagem: internet.

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Com a revolução de 1979, obviamente todo apoio norte americano ao Irã foi cessado na área nuclear. As pretensões iranianas foram enterradas.

O detalhe é que, com a ajuda dos russos, o programa nuclear iraniano renasceu no ano de 1995, assombrando o mundo ocidental. Para se gerar energia elétrica através da tecnologia nuclear é necessário enriquecer urânio a 3,5%, enquanto uma bomba nuclear exige 90%.

O mundo se assombrou quando, em discurso pronunciado a 11 de fevereiro de 2010,  o presidente iraniano na época, Ahmadinejad, declarou que seu país estava produzindo urânio a 20%, para uso medicinal, bem mais que o necessário para gerar energia elétrica. Veja mais no site Terra.

 

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Instalações nucleares iranianas (centros de pesquisas, usinas e enriquecimento de urânio) O amarelo são minas de urânio. Imagem: Site Terra. 

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Inúmeras sanções econômicas foram impostas ao Irã por causa de seu programa nuclear, que desagrada profundamente Israel, EUA, e boa parte do mundo ocidental.

No caso de Israel é compreensível, levando-se em conta que o ex-presidente iraniano,  Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que Israel seria riscado do mapa do Oriente Médio. Veja a reportagem no site G1.

Tratativas

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Hassan Rohani , atual presidente do Irã. Imagem: Internet

Há anos se discute um acordo para que o Irã paralise seu enriquecimento de urânio. Para o governo em Teerã, as sanções são muito duras, por outro lado, seu projeto nuclear abre inúmeras possibilidade de barganha.

O Irã não teria o que oferecer se não tivesse seu programa nuclear, parecem pensar assim seus líderes. Para satisfação dos pacifistas, o atual presidente do país, Hassan Rohani é bem mais moderado, abrindo espaço para negociações. Veja quando ele foi eleito no site G1.

Acordo de 2015

Em julho de 2015, um histórico acordo foi assinado entre grandes potências mundiais e o Irã dando fim ao impasse. As bases do acordo foram essas:

Objetivos

– Impedir que o Irã tenha bomba nuclear

– Garantir que o programa nuclear tenha fins pacíficos

Compromissos assumidos pelo Irã

– Reduzir a capacidade nuclear

– Permitir que a Agência Internacional de Energia Atômica inspecione suas instalações

– Fazer pesquisa e desenvolvimento com urânio para centrífugas avançadas, de forma a não acumular urânio enriquecido

Compromissos assumidos pelas potências

– Liberar ativos iranianos congelados

– Reduzir sanções econômicas a partir de 2016

– Cancelar, após 3 décadas, restrições contra a aviação do país, o Banco Central iraniano, o Exército e estatais

– Tirar o Irã da lista de países sancionados pela ONU

Fonte: Site G1

Todos nós estamos na expectativa que este acordo seja uma solução para o problema que dura anos. Enorme parcela do sucesso depende de Ali Khamenei, atual líder supremo do país. Reviravoltas podem ocorrer a qualquer momento, levando-se em consideração rancores acumulados dos dois lados da mesa de negociações.

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Ali Khamenei, seu poder está acima do presidente, como já abordado em nosso blog. Imagem: Internet.

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É de interesse coletivo que o Irã se insira de vez no comércio mundial, desde que o país também saiba lidar com as diferenças existentes entre ele e outros países. Assim como também deve ser preservado o modo iraniano de pensar e seus costumes.

Espero ter aumentado seu conhecimento.  Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 10.02.2016