117. Wegener e a Deriva Continental

Em nossos textos (114 e 115), abordamos o interior do planeta Terra. Neste post, iremos focar um pouco mais na crosta, camada superficial do nosso planeta, fraturada em pedaços, conhecidos como placas tectônicas.

Alfred Wegener (Deriva Continental)

Alfred Wegener, 1910 (30 Jahre)

Alfred Wegener, 1910. Imagem: Internet

Entre o final do século XIX e início do XX, o meteorologista alemão Alfred Wegener se intrigou com o formato dos continentes. O que mais chamava a sua atenção era o suposto encaixe perfeito entre o continente Africano e a América do Sul. Na visão do cientista isso não poderia ser obra do acaso. Deveria existir uma explicação plausível para o fenômeno. Para o alemão parecia evidente que, algum momento do passado, as terras imersas da Terra já estiveram conectadas.

Até aquele momento da história humana, sugestões neste mesmo sentido já haviam sido cogitadas, mas nenhuma de forma científica, com comprovações reais.

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O encaixe quase perfeito entre os continentes foi um dos principais motivadores da pesquisa de Wegener. Imagem: Internet.

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A ideia dos continentes se moverem, além da afirmação de que já estiveram unidos, era estapafúrdia para a época. Ainda assim, Wegener não se conformou e tentou, de alguma forma, provar que estava certo.

Além do perfeito encaixe entre as costas da África e da América do Sul, ele observou que as estruturas geológicas dos continentes também se completavam de forma perfeita.

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Ajuste da linha de costa dos continentes América do Sul e África. As áreas em roxo representam as rochas perfeitamente idênticas nos dois continentes. Imagem: Internet.

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Outras evidencias encontradas foram os fósseis de animais extintos. Os locais onde esses materiais eram encontrados também apresentavam coincidências de áreas entre os continentes.

Um exemplo, a região onde determinadas espécies viveram em nosso continente tem sua continuidade no continente africano. Esses animais e plantas sabidamente não teriam condições de atravessar o Oceano Atlântico. A explicação óbvia  é terem habitado essa regiões no período em que essas duas massas de terra estavam conectadas. Após a separação, cada continente levou sua carga de fósseis.

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Wegener percebeu que os locais onde os fósseis se encontravam também se conectavam perfeitamente entre os continentes. Imagem: Internet.

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Outra importante conclusão possibilitada pelos fósseis foram as evidentes mudanças de clima sofridas pelos continentes. Um exemplo são as plantas tropicais fossilizadas, encontradas em jazidas de carvão, em plena Antártida. Isso só pode ser explicado pelo fato do continente já ter “frequentado” regiões mais quentes no passado.

Em 1912, toda essa pesquisa foi exposta em uma conferência internacional. O nome do trabalho ficou eternizado como a Teoria da Deriva Continental”.

Em 1915, Wegener publicou o livro “A Origem dos Continentes e Oceanos”, onde deixou registrada todo a sua análise.

O cientista alemão  afirmou que há cerca de 300 milhões de anos os continentes atuais formavam uma única porção de terra, Pangeia (do grego “toda a Terra”).

Este megacontinente se partiu e seus fragmentos, os continentes atuais, se movimentaram a deriva desde então, como barcos quebrados em um oceano. Foi o primeiro pesquisador a apresentar provas convincentes deste longínquo passado terrestre, abrangendo vários campos da ciência para tal.

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Pengeia, megacontinente do passado e Pantalassa (do grego, pan + talasso, que significa “todos os mares”), o único Oceano. Imagem: Internet.

 

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Falha na Teoria

A Deriva Continental não foi uma teoria perfeita. O grande equívoco foi não conseguir explicar qual tipo de força pode ser capaz de movimentar uma massa de terra tão extraordinária quanto um continente.

Com os ineficientes recursos tecnológicos da época, ficou impossível para Wegener entender o que realmente ocorre em nosso planeta. Ele imaginava, erroneamente, que os continentes se moviam como icebergs pelas camadas de gelo, influenciados pela força centrífuga e da maré.

O alemão também se equivocou totalmente em seus cálculos. Ele imaginava que a América do Norte e a Europa se distanciavam cerca de 250 cm por ano, bem mais rápido que a velocidade real. Atualmente sabemos que as placas se movem entre 1 e 10 cm por ano.

Essas imprecisões contidas na teoria geraram reações hostis. Wegener morreu totalmente desacreditado pela comunidade geológica mundial.

Em relação aos fósseis, grande evidência da teoria, seus críticos defendiam a ideia das pontes de terra. No passado, níveis do mar diferentes do atual poderiam ter possibilitando a união dos continentes, com isso, a difusão das espécies. Isso explicaria os restos mortais de mesmas espécies encontrados em diferentes continentes.

Também se equivocaram.

Wegener morreu congelado (nov. 1930), pouco depois de completar 50 anos de idade, em uma expedição na Groenlândia,  tentando provar sua teoria.

Apesar de sua teoria não ser completamente correta, foi um pioneiro e entrou para a história, pela garra com que se dedicou a entender melhor o nosso planeta Terra.

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Alfred Wegener e o esquimó Rasmus Villusen, uma das últimas fotos antes de sua morte trágica, devido as condições severas do clima da Groenlândia. Imagem: EM.

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Próximo texto

Em nosso próximo post mostraremos como, a partir da teoria de Wegener, foram descobertos os mecanismos que movimentam as placas tectônicas.

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Publicado em 11.05.2016