Em nossos últimos textos abordamos a importante energia hidrelétrica. Trouxemos para nosso blog as incríveis e importantes histórias de Itaipu e Belo Monte. Mesmo com tantas polêmicas envolvidas, são hidrelétricas com alto potencial para fornecer a energia elétrica necessária para o funcionamento do Brasil.
O mesmo Governo Militar responsável por obras incríveis, como a já citada Itaipu, além da ponte Rio-Niterói, foi o mesmo que conseguiu iniciar o projeto da pior usina hidrelétrica do mundo. Um dos maiores fracassos energéticos que se tem notícia.
Balbina
A construção da usina começou em 1º de maio de 1981, 200 Km ao norte da capital do Amazonas, Manaus. A ideia era fornecer energia para a Zona Franca daquela cidade, polo industrial que apresentava grande crescimento desde a década de 1970.
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Em 1º de outubro de 1987, já no governo de José Sarney, pós ditadura, as comportas foram fechadas para o enchimento do reservatório. A geração de energia se iniciou em 1989.
O tamanho do lago produzido foi descomunal, 2.360 Km². O problema é que enquanto a hidrelétrica de Itaipu, com um reservatório bem menor, tem potência máxima de 14.000 MW, Balbina chega a míseros 250 MW. Um grosseiro erro de cálculo.
Para se entender a dimensão do problema veja a imagem abaixo que nos mostra as três maiores hidrelétricas do Brasil, seus lagos e potências.
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No início de suas operações, Balbina conseguia suprir 50% das necessidades de Manaus. Com o crescimento da capital, hoje só atende 10% do total.
Mais problemas
Durante a construção da represa, foi cogitado o corte das árvores que seriam inundadas, já que perderiam totalmente sua função ecológica. Os responsáveis pela obra, concluíram que atrasaria muito a inauguração e encheram a represa com a floresta de pé.
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Com o tempo, a matéria orgânica apodreceu embaixo d’água e, como visto em nosso texto do biogás, a usina começou a emitir gás carbônico e metano. A usina de Balbina gera 10 vezes mais gases de efeito estufa por megawatt produzido do que uma termoelétrica.
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Inacreditavelmente, conseguimos construir uma usina hidrelétrica que contribui fortemente com o Efeito Estufa. Veja o vídeo “O desastre de Balbina” no site youtube.
Esta mesma matéria orgânica apodrecida aumentou a acidez da água, matando praticamente todos os peixes e danificando as turbinas da usina.
Veja abaixo a devastação causada pelo projeto Balbina.
REGIÃO ANTES DA REPRESAREGIÃO DEPOIS DA REPRESA
Possíveis soluções
Várias alternativas já foram propostas para Balbina, como forma de diluir o prejuízo. Uma das propostas, já iniciada, é a colocação de flutuadores na represa. Eles possuem painéis fotovoltaicos, assim podem produzir energia elétrica proveniente da radiação solar. Não é a solução definitiva já que mais uma vez esbarramos nos custos, que são altos neste tipo de energia solar.
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Outra proposta alternativa começou a ser veiculada. A ideia é diminuir em 12 metros o nível do lago de Balbina. Isso faria a usina perder potência, mas como já é muito pouca, não faria grande diferença. Já o meio ambiente ganharia de volta 1.000 Km² de área para se regenerar.
Existe também um projeto para que uma empresa canadense corte as árvores submersas. Isso diminuiria a emissão de metano além de gerar algum lucro. A ideia é usar a madeira ainda em bom estado para fazer móveis ou ser usada como biomassa em indústrias térmicas.
Independente do paliativo utilizado, Balbina sempre será lembrada como a pior hidrelétrica do mundo, além de um colossal desastre ambiental. Cerca de 1 US$ Bilhão foram jogados no lixo. Que fique a lição.
Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 20.07.2016