O tema deste e do próximo post é simplesmente macabro. Uma das guerras mais terríveis da história da moderna. Uma catástrofe humanitária. O maior número de mortes em um curto espaço de tempo já registrado.
A poderosa ONU, virou as costas.
Em dois textos, tentaremos entender um pouco mais o incompreensível. Vamos abordar a bizarra guerra entre Tutsis e Hutus.
Ruanda
A atual República de Ruanda é um país localizado na região dos Grandes Lagos da África, no centro do continente. Faz fronteira com Uganda, Burundi, Tanzânia e a gigante República Democrática do Congo (antigo Zaire).
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É um país bastante pequeno, somente 26.338 Km², pouco maior que o estado de Sergipe. Sua população é bastante grande em relação a seu tamanho, mais de 11 milhões de habitantes, segundo o censo de 2010. Isso gera uma grande densidade demográfica, cerca de 320 hab./Km².
Possui um IDH ainda muito baixo, 0,483. Isso demonstra que ainda hoje o país não se recuperou totalmente de seu passado. Não poderia ser diferente, após dezenas de anos de exploração e sofrimento.
Histórico
A tragédia remonta ao colonialismo. Durante o século XIX, o continente africano foi repartido entre as potências europeias. Este fato juntou em mesmos países tribos, dialetos, religiões e etnias diferente, gerando inúmeros conflitos na região. Ruanda, não ficou de fora.
Pela divisão imposta, o reino esteve sob o domínio alemão. Após a derrota germânica na I Guerra Mundial, a região foi repassada para a Bélgica.
A estratégia belga para manter o domínio sobre sua colônia era maquiavélica. Entre as duas principais etnias do local, escolheram para gerenciar o país os tutsis, uma minoria. Esse fato é explicado por ser mais fácil agradar um grupo menor do que um mais abrangente.
Os europeus deram ao grupo minoritário poder e armas, para que assim, controlassem o país, oprimindo a maioria hutu. Deste modo, menos soldados belgas eram necessários para o serviço sujo.
A grande verdade é que, após anos de convivência, dificilmente se diferenciavam as etnias. O que valia era o histórico familiar. Mas para os belgas era interessante criar a divisão. Até mesmo medidas de narizes e faces foram criadas para se identificar a origem do cidadão.
A diferença entre as duas etnias era mínima, mas foi acentuada pelos belgas, para que seu projeto de poder se perpetuasse. Os europeus definiram que os tutsis eram mais altos e com traços mais finos, frente aos hutus, mais baixos e atarracados.
Os hutus, começaram a ser tratados como inferiores, moral e intelectualmente. Uma enorme rivalidade foi se formando entre os dois grupos étnicos.
Tornou-se obrigatório portar documento de identidade, discriminando qual era a sua etnia.
Em 1962 o jogo virou, após a independência de Ruanda. Quatro décadas depois, os tutsis perdem o respaldo belga. Sendo assim, a maioria Hutu chega ao poder e inicia um processo de perseguição aos seus algozes. Uma bomba relógio estava em contagem regressiva.
Etnias que falavam a mesma língua e sempre compartilharam mesmos costumes, agora eram inimigas mortais. Em retaliação, vários tutsis foram perseguidos, mortos e expulsos do país.
Guerra civil e violência
Com um governo Hutu e uma convivência difícil entre as etnias, o país seguiu seu caminho pelas décadas seguintes.
A base da economia ruandesa era o café, produto que viu seu preço cair pela metade em 1989. O país que já era pobre, entrou em colapso.
Exilados em países vizinhos, principalmente Uganda, os tutsis formaram uma força bélica e invadiram sua antiga nação, com o intuito de retomar o poder. Para tal criaram a Frente Patriótica Ruandense (FPR), liderada por Paul Kagame. Acusavam o governo hutu pela crise que assolava a região.
Entre 1990 e 1993 uma terrível guerra foi travada no país, com centenas de mortes em ambos os lados. A ONU, com atraso, interveio, mediando uma paz, através da criação de um governo misto.
Quando a situação parecia se encaminhar para uma solução, veio o capítulo mais horrendo.
Próximo texto
Nosso post 138 é um dos mais cruéis de nosso blog. Tem início uma enorme limpeza étnica.
Como o ódio não é o único sentimento humano, traremos também um exemplo de fraternidade. O compositor já dizia, até no lixão nascem flores. Mergulhados em um conflito cruel, veremos um grande ato de heroísmo, coragem e amor ao próximo. Imperdível!
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Publicado em 28.09.2016