Nosso último texto nos mostrou como duas etnias, antes em pacífica convivência, se tornaram inimigas mortais.
Após anos de domínio tutsi, o poder havia chegado ás mãos hutus. Uma guerra civil eclode no país africano. Em 1993, a ONU mediou uma trégua, criando um governo misto, chefiado pelos hutus.
Genocídio
No ano seguinte ao acordo, o avião do presidente de Ruanda, o hutu Juvenal Habyarimana, explodiu, após um atentado terrorista. Foi a senha para que um massacre, arquitetado anteriormente, começasse.
A Radio Television Libre de Mille Collines (RTLM), controlada por hutus, imediatamente colocou a culpa nos tutsis, incentivando milhares de pessoas a saírem pelas ruas cometendo assassinatos. Para tanto, foi criada uma milícia não oficial, chamada Interahamwe, que significa “aqueles que atacam juntos”.
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Qualquer coisa que se mexesse, tendo origem tutsi, era aniquilada. Independente se fosse idoso, mulher ou criança.
Tudo indica que esse genocídio já havia sido acertado pelas lideranças hutus bem antes. Uma preparação foi feita com milhões sendo gastos na compra de armas e facões. Estima-se que US$ 134 milhões foram gastos na elaboração da tragédia. Todo esse dinheiro veio do Banco Mundial e do FMI, organizações que injetaram dinheiro no país, na tentativa de melhorar a questão humanitária.
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Em 100 dias, cerca de 800 mil pessoas foram brutalmente assassinadas. Não existe na história humana das últimas décadas um registro mortes tão alto em tão pouco tempo. Em média, são 8.000 mortes diárias, 333 por hora ou 5,5 por minuto
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Confira mais na reportagem “Entenda por que o mundo não impediu o genocídio em Ruanda”, no site G1.
Outro grave problema foram os dois milhões de refugiados que fugiram para os países vizinhos, principalmente a República Democrática do Congo (antigo Zaire).
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Genocídio significa extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso. Não existe outro termo para o que aconteceu.
Tribunal penal
Em novembro de 1994 foi criado o Tribunal Internacional para o Ruanda. Vários governantes foram condenados a prisão perpétua, entre eles os 3 principais líderes do governo hutu, Theoneste Bagosora, Aloys Ntabakuze e Anatole Nsengiyumva.
Obviamente esses líderes foram presos pelo conjunto da obra. Milhares de outros assassinos, anônimos, ficaram sem julgamento.
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Atualmente
Apesar de massacrados, a vitória no conflito foi tutsi, etnia que obteve apoio dos vizinhos e com um exército mais aparelhado. Iniciou-se um governo de coalizão, porém bastante autocrático. Com muito dinheiro exterior, o país vem se reconstruindo e hoje em dia está bem melhor para se viver.
A pobreza foi reduzida de 59% em 2001 para 44,9% em 2011. Economicamente o país cresce bastante, 8% ao ano. O PIB per capta subiu de US$ 575 em 1995 para US$ 1,5 mil atualmente. A taxa de matrícula nas escolas é de 95%e a de alfabetização 71%. Fonte dos dados site G1.
Uma das medidas mais acertadas foi a reserva de 56% do parlamento do país para as mulheres. É a maior representação feminina no legislativo em todo o mundo. O que os homens não conseguiram resolver, as mulheres estão tentando.
O país continua pobre, com graves problemas a serem resolvidos, mas, em vista do que ocorreu, está em um bom caminho.
Após o conflito, até mesmo a bandeira de Ruanda foi modificada. Esse é um dos símbolos da tentativa de se criar um novo país e esquecer o passado. A cor vermelha, que remete ao sangue, foi retirada e trocada pelo azul.
Herói
Paul Rusesabagina era um hutu, etnia dominante no momento do genocídio. Como gerente de um importante hotel local, abrigou cerca de 1.200 tutsis, salvando-os da morte certa
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Esse episódio gerou um premiado filme, indicado ao Oscar em 3 categorias, chamado “Hotel Ruanda“. Indico a todos os meus leitores que ainda não assistiram. Emocionante!
Abaixo, a foto do verdadeiro herói, Paul Rusesabagina, condecorado até mesmo por George W. Bush, ex-presidente dos EUA.
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Para aumentar o seu conhecimento, leia uma extensa entrevista com o herói de Ruanda no site Guia do estudante. Suas opiniões e testemunhos vão de encontro com tudo escrito aqui em nosso texto.
ONU
Muito se pergunta porque o mundo permitiu tamanho massacre. A ONU, quando teve início a explosão de mortes, enviou um avião e retirou suas tropas do local, as pressas. O comandante da força de paz enviada ao local ficou proibido de intervir no conflito.
A malsucedida intervenção dos EUA na Somália, ocorrida um ano antes da violência em Ruanda, também contribuiu para a não intervenção estrangeira no país. Nenhum governante queria suas tropas inseridas em terras africanas, principalmente os norte-americanos.
Para quem vivia em Ruanda, país esquecido pelo mundo, restou a morte.
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Publicado em 04.10.2016
Que blog sensacional!! Saudades de vc professor! Grande abraço, ótimo texto!
Muito obrigado, e continue acessando nosso blog, nosso objetivo é disseminar conhecimento!