Os Estados Unidos da América representam uma das democracias mais longevas do planeta. O detalhe é que o sistema eleitoral norte-americano é tremendamente confuso, gerando estranheza em todo o mundo.
Produzimos este post para que nosso leitor entenda melhor como o ser humano mais poderoso do mundo, o presidente dos EUA, é eleito.
Parte do problema é o fato do país existir a partir de uma confederação, ou seja, uma junção de estados soberanos, o que permite grande autonomia para cada um. Mas não é somente isso, existem outras variáveis.
Prévias republicanas e democratas
O primeiro passo é a escolha dos candidatos. Nos EUA existem diversos partidos, mas somente dois, o Democrata e o Republicano, elegem presidentes. Os outros atraem poucos votos da população em geral, historicamente acostumada aos dois gigantes.
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Cada estado tem a prerrogativa de definir como e quando serão as suas prévias. Em cada local acontece de uma forma. Em alguns a votação é aberta, qualquer pessoa pode votar. Em outros é fechada, só filiados ao partido tem direito a voto. Independente da forma, só se pode votar em umas das votações, na democrata ou na republicana.
O voto popular orienta o voto dos delegados dos partidos. Os votos desses membros especiais é que são computados.
No Partido Republicano há 2.470 delegados, espalhados pelos estados, de acordo com a população de cada um. No Partido Democrata existem 4.491.
Cada estado escolhe como os delegados irão votar. Pode ser de acordo com o percentual de votos de cada candidato, ou seja, se um estado possui 10 delegados e um candidato obteve 60% dos votos, leva 6 votos. Existem também estados onde todos os delegados votam no vencedor, ou seja, no exemplo citado acima, o candidato levaria todos os 10 delegados do estado.
Se nenhum candidato atingir a maioria simples, metade mais um, uma nova votação é feita. Dessa vez, um grupo de delegados possuem maior peso na votação. São conhecidos como “superdelegados”, membros da cúpula do partido, que podem votar como simplesmente entenderem.
Após a escolha dos candidatos de cada partido começam realmente as campanhas presidenciais. Geralmente temos dois grandes nomes na disputa. Em 2016 o embate está sendo entre Hillary Clinton (democrata) e Donald Trump (republicano) .
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Vez ou outra aparece um terceiro candidato, chamado de independente. Em geral, não desperta grande interesse.
Vota quem quer
A eleição ocorre sempre no início de novembro, de 4 em 4 anos. O primeiro fato a se destacar é que nos EUA o voto é facultativo, vota quem quer. Outro ponto curioso é que a votação acontece em uma terça-feira, dia comum e sem feriado, o que dificulta a ida do eleitor as urnas. Bem diferente do Brasil, onde o cidadão tem o dever de votar, sempre em um domingo.
Como nosso blog é educativo, não podemos deixar passar em branco: Caso o brasileiro não compareça as urnas e não justifique esta ausência, não poderá requerer passaporte ou carteira de identidade, receber salário de entidades públicas, fazer parte de concorrência pública, solicitar empréstimos em qualquer banco do governo, inscrever-se em concursos ou tomar posse em cargos públicos, renovar matrícula em qualquer instituição mantida pelo Estado e requerer qualquer documento que necessite da quitação eleitoral.
Votação indireta
Na verdade, quem realmente elege o presidente dos EUA é o colégio eleitoral, que desde 1954 é composto por 538 delegados, que, neste caso, representam o estado e não mais os partidos. O candidato que atingir a maioria simples, ou seja, 270 votos, está eleito.
O número de delegados é definido por estado e está relacionado ao número de habitantes de cada um. O mínimo possível são 3 representantes. Quanto mais populoso, mais delegados o estado tem. Confira no mapa abaixo:
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A Califórnia (55), o Texas (38), Nova Iorque (29) e Flórida (29) são os estados com maior número de delegados, portanto, os mais decisivos e importantes.
Na eleição para presidente, o candidato que vencer no estado leva todos os delegados, independente do tamanho de sua vitória.
Se nenhum candidato presidencial atingir os 270 delegados, a votação vai para a Câmara dos Deputados, onde cada estado tem um voto. Duas eleições foram decididas assim, a de Thomas Jefferson, em 1800, e de John Quincy Adams, em 1824.
Cabe aos 100 senadores elegerem o vice. Isso abre a possibilidade de termos presidente e vice de partidos diferentes.
Curiosidade I
Em geral, os estados litorâneos votam nos democratas, são mais liberais. Os estados centrais dos EUA costumam ser republicanos, mais conservadores. A própria geografia explica isso, estados litorâneos tem, naturalmente, um maior contato com o mundo, possuindo cidades cosmopolitas como Los Angeles, San Francisco e Nova Iorque.
Entre um grupo e outro existem estados indecisos, a cada eleição elegem um ou outro partido. São conhecidos como “swing states” e são decisivos na disputa. Vejam abaixo o resultado das eleições de 2012, vencidas pelo democrata Barack Obama:
Curiosidade II
Em 2000 ocorreu um fato inusitado. George W. Bush venceu as eleições contra Al Gore, mesmo tendo quase 440 mil votos a menos. Isso pode ocorrer, já que, independente de vitória apertada ou não, se leva todos os representantes de um estado na votação.
Al Gore teve um total de 51.003.926 contra 50.460.110. Porém, Bush teve mais votos no Colégio Eleitoral (271 a 266) e acabou elegendo-se. Isso já havia ocorrido outras 3 vezes.
Confuso? Demais.
Exemplo
Para entendimento de nossos leitores, vejam este exemplo simples de como um candidato pode vencer com menos votos que seu adversário.
Imagine um país com 3 estados:
A: com 100 mil eleitores e 10 delegados.
B: com 50 mil eleitores e 5 delegados.
C: com 40 mil eleitores e 4 delegados.
Imagine que o candidato X tenha vencido em A por 5 mil votos de diferença, mas perdido em B e C por 10 mil votos em cada (20 mil). Então, no total, X teve 15 mil votos a menos que o candidato Y, porem, por ter vencido em A, levou seus 10 delegados, contra 9 de Y (B + C).
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Post scriptum: Trump venceu, porém com menos votos que a Hillary, como nosso blog havia explicado.
Publicado em 08.11.2016