Em nosso último post discorremos, superficialmente, sobre o ódio que borbulha no Oriente Médio em relação aos EUA.
Neste texto, iremos abordar a origem da organização terrorista que praticou os principais atos contra os interesses norte-americanos, a Al Qaeda.
Antes de focarmos na organização de Osama Bin Laden, vamos abordar alguns eventos que ocorreram paralelamente aos conflitos vistos no texto passado. Depois, as duas histórias se conectarão.
Invasão do Afeganistão pela URSS – 1979
Em meio a Guerra Fria, a União Soviética invadiu o Afeganistão em dezembro de 1979. Moscou alegou necessidade de ajudar um governo pró soviético em seu vizinho.
A grande verdade, nem sempre divulgada, é que a potência socialista queria uma saída para o Oceano Índico, já que grande parte dos portos de seu país estão em águas congeladas no inverno. E o melhor, este possível novo litoral ficaria logo na saída do Golfo Pérsico, local de passagem dos grandes petroleiros.
Para tanto, em um segundo momento, Paquistão ou Irã seriam as próximas vítimas, concluindo a missão.
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O que parecia fácil, se transformou em um inferno. Muçulmanos do mundo inteiro migraram para o Afeganistão para lutar contra os comunistas.
Em seu pico máximo, 115 mil soldados soviéticos estavam lotados no Afeganistão. Ao final, 14 mil pereceram. Muito pouco frente aos quase 1 milhão de afegãos mortos, entre civis e combatentes.
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Em grave crise financeira, mesmo sendo mais letal, a URSS retirou suas tropas em 1989, em uma saída vexatória. Essa desastrosa guerra ficou conhecida como “O Vietnã soviético”.
Tudo indica que os gastos militares neste conflito precipitaram o fim da República socialista.
Um célebre muçulmano largou todo o conforto de seu lar para lutar no Afeganistão. Seu nome Osama Bin Laden. Os laços criados por ele e os combatentes do montanhoso país reverberariam na década de 1990, como veremos mais à frente em nosso texto.
Guerra civil e a ascensão do Talibã
A saída das tropas comunistas não foi o capítulo final da história deste sofrido país. Na verdade, foi o início de um novo e terrível ciclo de violência. O país mergulhou em uma guerra civil. Facções tribais disputavam o poder.
Com o transcorrer do conflito, uma milícia, financiada pelo vizinho Paquistão e denominada Talibã despontou. Em 1996 ela avançou e conquistou as cidades de Kandahar e Charasiab. Em setembro de 1996 o golpe fatal, dominaram a capital Cabul, assim como todo o país, impondo um governo islâmico radical.
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O grupo armado foi formado em 1994 por teólogos da religião muçulmana. Basicamente é composto por afegãos da etnia pachtum, mas também estrangeiros radicais que se identificam com suas ideias .
Foi liderada por quase duas décadas pela obscura figura chamada Mohammed (Mullah) Omar. Pouco se sabe sobre ele e suas imagens raríssimas. Em termos midiáticos, ele era o aposto de Bin Laden.
Nas línguas faladas no Afeganistão talibã significa “estudantes”, já que a maioria dos componentes são originários de escolas de estudo religioso, no caso, o islamismo.
O governo foi brutal. Foram banidas as músicas, internet, filmes, televisão, cinemas e até mesmo empinar pipas. As mulheres foram obrigadas a usar burka, banidas das escolas e só podiam sair de casa acompanhadas por um homem.
Al Qaeda
Com o objetivo inicial de expulsar as tropas soviéticas do Afeganistão, o saudita Osama Bin Laden criou a Al Qaeda, que em árabe significa “a base”.
Após a Guerra do Golfo, tema de nosso último post, os EUA usaram bases na Arábia Saudita como suporte a suas operações. Isso irritou profundamente os fundamentalistas islâmicos, que tem o solo da Arábia como sagrado. Com o fim da URSS, sobrou apenas uma potência hegemônica no mundo e as atenções da “base” se voltaram prioritariamente contra os EUA.
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Segundo Bin Laden, a luta contra os EUA se faz necessária motivada pelas interferências do país em assuntos do Oriente Médio, uso das bases na Arábia Saudita e apoio a Israel.
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A Al-Qaeda possui militantes em quase todo o mundo, são as células. Suas ações ocorrem em nações ocidentais e em países muçulmanos que apoiam os Estados Unidos.
Entre 1991 e 1996 Osama operou sua organização a partir do Sudão, conflituoso país africano de maioria muçulmana. A partir de 1996, se mudou para para o Afeganistão a convite do Talibã.
Al Qaeda e Talibã
Como Bin Laden lutou ao lado dos afegãos contra os soviéticos, se tornou grande ícone no país. O Talibã, anteriormente rival do saudita, abriu as portas do Afeganistão para que a Al Qaeda usasse o país como base de operações e treinamento de terroristas. Ambos os grupos possuíam ideologias parecidas, uma teocracia rígida e puritana.
Para eles, foi a simbiose perfeita, um grupo terrorista de atuação internacional com uma milícia que colocou seu país a disposição dos radicais. A partir das cavernas do Afeganistão, Osama gravava vídeos conclamando os muçulmanos para a “jihad” contra os EUA.
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Uma interessante reportagem da Revista Época trouxe uma nova polêmica a este assunto. Segundo apuraram correspondentes do jornal Wall Street, a convivência entre os afegãos do Talibã e os estrangeiros da Al Qaeda não era tão fácil assim, confiram.
Independente da polêmica ,uma série de atentados foram promovidos pela Al Qaeda baseada no Afeganistão, chegando ao ápice no dia 11 de setembro de 2001, tema de nosso próximo texto.
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Publicado em 23.11.2016