Na Grécia antiga, até mesmo as guerras eram interrompidas, para que se disputassem os jogos olímpicos da antiguidade. Nos tempos modernos, o que ocorreu foi exatamente o contrário, por várias vezes, as competições é que foram interrompidas ou diminuídas por guerras e disputas ideológicas. Meu 2º texto sobre o uso indevido do esporte é sobre a Guerra Fria, ocorrida durante a segunda metade do século XX. (leia o 1º texto)
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Guerra Fria
Ao longo da segunda metade do Século XX, o mundo presenciou uma verdadeira disputa política, econômica, bélica e ideológica, entre EUA (Estados Unidos) e a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Em vários momentos, capitalistas e comunistas se enfrentaram, disputando a supremacia mundial, foi assim na Guerra da Coreia, na Guerra do Vietnã, durante a corrida espacial e também nas olimpíadas. Como as duas potências nunca se enfrentaram diretamente, este período ficou conhecido como Guerra Fria.
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Moscou 1980
Um dos episódios dessa disputa respingou diretamente no esporte. No ano de 1980, a União Soviética iria sediar os jogos. Era a grande chance soviética de mostrar um país moderno e pujante. Foi armada uma festa impressionante, a ideia era mostrar ao mundo que o comunismo era e melhor opção. Os soviéticos também tinham como meta mostrar um país mais simpático, vivo, com sentimentos, diferente do que a propaganda ocidental afirmava.
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Os EUA, por sua vez, não tinham interesse algum no sucesso dos jogos. Utilizando como desculpa a invasão do Afeganistão pela URSS, os Norte-americanos se recusaram a enviar seus atletas. Não satisfeitos, influenciaram grande parte do bloco ocidental e 69 países aderiram ao boicote de alguma maneira. Como exemplos, Alemanha Ocidental, Canadá e Japão não enviaram delegações, França, Itália e o Reino Unido, apoiaram o boicote, mas deixaram seus atletas decidirem-se por eles mesmos. Suas delegações, muito menores do que eles normalmente mandavam aos Jogos Olímpicos, não representaram as bandeiras nacionais, mas sim, a olímpica.
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Criado na edição de Munique, em 1972, o mascote olímpico atingiu seu apogeu na Olimpíada de Moscou. Ainda hoje, o urso Misha é considerado o mais simpático de todos e encantou o mundo na cerimônia de encerramento dos jogos, quando um painel humano, no Estádio Olímpico, simulou um lágrima do ursinho na despedida aos atletas.
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A festa foi grande, as olimpíadas e o mascote foram um sucesso, mas o nível técnico das disputas, obviamente, foi comprometido pelo boicote.
O troco, Los Angeles 1984
Em 1984, veio a revanche, as olimpíadas seriam disputadas em Los Angeles, 2º maior cidade dos EUA. Dessa vez, o boicote foi encabeçado pela URSS. Quase todo o bloco comunista se recusou a enviar suas delegações, alegando falta de segurança para seus atletas. URSS, Cuba, Alemanha Oriental, Coreia do Norte, e grande parte do leste Europeu aderiu ao boicote.
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Centenas de atletas se prepararam por anos e não puderam disputar o momento máximo do esporte, que são as olimpíadas. Medalhas de ouro foram conquistadas, mas ninguém nunca irá saber quem realmente deveria ser o vencedor, caso todos os atletas estivessem presentes.
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Um duro golpe ao espírito olímpico, decidido em gabinetes, pelos governantes. Um triste episódio do uso indevido do esporte, irreparável!
EUA e URSS só se reencontraram novamente em 1988, nas olimpíadas de Seul, com vitória soviética, que conquistou 55 medalhas de ouro, contra 36 dos norte-americanos. O enorme número de medalhas das duas potências, em 1988, só comprovou a deterioração do nível técnico nos dois jogos anteriores, onde ocorreram os boicotes.
Próximo domingo, fechando a série, o maior atentado terrorista já ocorrido em um evento esportivo.
Espero ter aumentado o conhecimento de todos os leitores. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 15.04.2015