Em nosso texto anterior abordamos a projeção cilíndrica, com enfoque nas diferenças entre Mercator e Peters. Hoje, complementamos nosso assunto com mais formas de se transferir a superfície da Terra para um mapa.
2- Projeção Cônica
Neste caso, o objeto que envolve nosso planeta de forma imaginária é um cone. Se nosso leitor imaginar a cena, perceberá que, pelo menos para um hemisfério, um cone envolve a Terra melhor do que um cilindro. Depois, é só transferir todo o mapeamento do planeta para o cone, que, quando aberto, nos mostrará um mapa da região envolvida.
.
Na projeção cônica, a distorção aumenta a medida que se afasta do paralelo que está em contato com o cone. Ela forma um mapa com meridianos formando retas, que convergem para um ponto. Já os paralelos, entre eles o Equador, formam círculos concêntricos.
O problema desta projeção é que se quisermos um mapa de toda a Terra, teríamos distorções imensas. Observe a imagem abaixo:
.
Observem que o mapa formado só vai até determinada latitude sul. Isso é explicado pelo fato do cone, próximo a Antártida, ter uma circunferência tão grande, que teríamos que esticar demasiadamente o polo para que ele ocupasse toda a borda. Isso criaria distorções muito grandes.
Alunos sempre me perguntam: E se tivéssemos um cone para cada hemisfério?
O resultado seriam dois mapas, sem a possibilidade de junção, já que o Equador se transforma em um semicírculo.
É uma projeção muito indicada quando se quer estudar uma pedaço de nosso planeta, como por exemplo um hemisfério inteiro.
3 – Projeção Azimutal ou plana
Essa projeção é obtida colocando-se o planeta Terra sobre um plano. Em seguida, é transferido para o plano todo o mapeamento da porção do planeta voltada para ele. O resultado é um mapa circular.
Quanto mais próximo do centro desta carta, menos distorções existem. Isso ocorre pelo fato da única região da Terra em contato com o plano ficar no centro do mapa, sendo transferida de forma quase perfeita. A partir do distanciamento da região central, o mapeamento é transferido muito compactado, já que a superfície da vai se inclinando em relação ao plano.
.
Para quem não entendeu, imagine uma pessoa, ao meio dia, projetando no solo a sombra de seu braço esticado. Se o braço estiver totalmente paralelo ao solo, será projetado de forma muito fiel ao seu tamanho original. Porém, se a pessoa começar a levantar o braço, o tamanho de sua sombra irá diminuir progressivamente. É o que acontece na projeção plana, que compacta a projeção a medida que a superfície da terra se curva.
.
O símbolo da ONU é uma projeção azimutal, tendo o Polo Norte, um local neutro, como centro. Todos os continentes estão representados. Os ramos de oliveira representam a paz. Ainda assim, alguns críticos afirmam que, ao escolher o polo norte como centro do mapa, países como os EUA, Rússia e o continente europeu se beneficiaram, ficando mais centralizados. Mais uma polêmica Norte x Sul.
4 – Projeção Descontínua de Goode
Se nos fosse entregue uma laranja e tivéssemos como missão representar toda a superfície dela em um plano, o que faríamos?
Com certeza cortaríamos a laranja e abriríamos sua casca em um plano. Algo como esta foto abaixo:
.
E foi, guardada as devidas proporções, o que o norte americano John Paul Goode (1862-1932) fez. Em 1916, ele criou uma projeção que distorce muito pouco os continentes, mas para isso ele cortou o planeta como se fosse uma bola de futebol. Então ele resolveu um problema, mas criou outro, a descontinuidade.
.
De qualquer forma, é uma projeção muito interessante, já que ele tomou o cuidado de não cortar continentes, com exceções da Antártida e Groenlândia, locais praticamente inabitados. Pode ser utilizada para se representar fenômenos continentais, tais como tipos de biomas, climas ou industrialização. Obviamente não tem muito uso para assuntos referentes a viagens marítimas, aéreas ou estudos sobre os polos.
5 – Anamorfoses
Não são exatamente projeções cartográficas, mas são formas diferentes de se representar nosso planeta. Neste caso, os países não possuem uma forma definida. O que define a área do país é o tema da carta. Portanto é um mapa com deformações matematicamente dependentes do tema.
O termo anamorfose, vem do grego “anamórphosis”, e significa “formado de novo”, ou seja, sempre mudando. O único fator respeitado por este tipo de mapa é o local onde o país está localizado.
A anamorfose abaixo, por exemplo, tem como tema população:
Abaixo, outro exemplo de anamorfose, dessa vez o tema é mortes por HIV:
.
Agora veremos várias anamorfoses das Unidades Federativas do Brasil. Clique no mapa para ampliar:
Existem outras projeções, mas as mais utilizadas são as abordadas nestes dois textos.
Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 04.04.2017
Foi ótimo… Super completo
Obrigado, esse tema acabou de cair no ENEM 2018.