Entre todos os continentes do nosso planeta o mais hostil a vida humana é a Antártida. Isso explica o fato de estarmos no século XXI e a região ainda não abrigar uma cidade sequer. Moram no local somente pesquisadores, e por tempo determinado.
A origem da palavra vem de anti-Ártico, ou seja, o contrário ao Ártico, localizado no polo norte. Não se sabe exatamente o motivo, mas a palavra sofreu uma pequena mudança, e a letra D foi introduzida em substituição ao C. Atualmente, ocorre um fato inusitado, o nome do continente pode ser tanto Antártida quanto Antártica. Uma reportagem foi produzida em relação a esta polêmica e poder ser lida no site da Revista Veja.
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As primeiras menções ao continente vem da mesma época do descobrimento do Brasil, século XVI, por Américo Vespúcio. Porém, somente em 14 de dezembro de 1911, liderando uma expedição com trenós puxados por cães, Roald Engelbregt Gravning Amundsen atingiu o polo sul geográfico, fincando a bandeira de seu país, a Noruega, no centro do continente.
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O continente possui cerca de 14 milhões de Km², sendo bem maior que, por exemplo, o Brasil (8,5 milhões). Seu litoral é imenso, 17.968 Km. A maior parte desta porção de terras, 98%, está coberta de gelo. É tanta água congelada que ela ultrapassa o tamanho do continente, se estendendo pelas plataformas a até 1.000 Km de distância, principalmente no inverno. A região representa cerca de 70% de toda água doce do nosso planeta, além de 90% do gelo.
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Por conter tanta água congelada, este continente parece ser muito úmido, mas na verdade é o maior deserto da Terra, com índices pluviométricos muito baixos (30 a 70 mm anuais). O maior problema são os ventos, muito frios e com velocidades que ultrapassam os 300 Km/h.
No centro do continente as temperaturas variam entre -30 °C no verão até abaixo de -60 °C no inverno. A temperatura mais baixa já registrada em todos os tempos, incríveis -89,2 °C, foi em uma estação de pesquisas russa, localizada no meio do continente, no inverno de 1983.
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Devido ao clima inóspito, a fauna não é tão diversa quanto em outros locais e vive próxima ao litoral ou no mar. Persistem neste ambiente difícil: baleias, krill, focas, elefantes marinhos, leões marinhos, algumas aves, peixes e 17 espécies de pinguins, totalizando 20 milhões de indivíduos. A flora é inexistente no inverno e muito escassa no verão, basicamente formada por líquens e musgos.
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Polêmica
Duas grandes polêmicas orbitam as discussões sobre este vasto continente. A primeira tem relação com o aquecimento global. Apesar de muito frio, as temperaturas médias na Antártida vem subindo mais que a média mundial. Com tanto gelo derretendo, todas as cidades litorâneas do planeta correm grande risco, já que esta água acaba chegando aos oceanos, aumentando seus níveis.
Outra enorme polêmica é de fundo político. Como a Antártida é o último continente ainda inabitado, com exceção de exploradores, não possui um governo próprio. Este fato abriu espaço para que, no início do século XX, diversos países, entre eles o Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, Argentina, Chile, França e Noruega, reivindicassem a posse de porções da região. Até mesmo a Alemanha nazista se achou no direito de pleitear um pedaço.
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Para resolver esta questão, pelo menos momentaneamente, em 1959 foi assinado um acordo que paralisa tais disputas, o Tratado da Antártida.
O acordo
Assinado em 1 de dezembro de 1959 e em vigor desde 1961, ele suspende as pretensões territoriais sobre a região por período indefinido, permitindo que qualquer país estabeleça bases de pesquisas científicas no polo sul. Veda, ao sul do paralelo 60º S, qualquer tipo de militarização, incluindo também testes nucleares e deposição de resíduos radioativos na região.
Em qualquer momento, os países signatários podem designar observadores para visitar instalações, equipamentos e navios presentes na Antártida. Assim como, cada país que enviar uma expedição ou possuir uma estação de pesquisas, deve avisar com antecedência o pessoal e equipamentos que serão levados.
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Assinado por 12 países que pleiteavam territórios, hoje conta com 50 membros, tendo os EUA como depositário do acordo. O Brasil assinou sua adesão em 1975.
Em uma reunião internacional, ocorrida em 1991, os países signatários do tratado resolveram prorrogá-lo por 50 anos. Dessa forma, até 2041 a Antártica será um patrimônio de toda a humanidade. A exploração mineral está proibida até 2048. Depois, ninguém sabe o que pode ocorrer.
Fiz um vídeo em meu canal sobre o assunto, confiram.
Problema
Muitos se questionam até quando as grandes potencias do planeta irão respeitar o acordo. Pesquisas revelaram que o subsolo da Antártida é muito rico em petróleo, a fonte de energia mais utilizada do planeta e que, como todos sabem, é finita. Além disso, o continente gelado possui reservas de minério de ferro, matéria prima para o aço. Também estão presentes ouro, platina, cobre e o estratégico urânio, utilizado na produção de energia nuclear e bombas atômicas.
Atualmente existem países que ainda insistem em uma futura apropriação do território, como Argentina, Chile, Austrália, Nova Zelândia e o Reino Unido. Esta posição explica em partes a necessidade britânica em manter a posse das Malvinas, chamada por eles de Falklands. Estando de frente para a Antártida, elas abrem a prerrogativa de reivindicação sobre parte do continente gelado no futuro. Caso perdessem este território para os argentinos, nada legitimaria o desejo inglês por um pedaço do polo sul.
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Outro grupo, a maioria, defende a exploração científica do continente sem nenhum tipo de territorialização por algum país. É o que ocorre atualmente.
Ainda existe uma terceira opinião, de que a Antártida deveria ser considerada patrimônio mundial, sob o controle da ONU.
Em um mundo liderado por Putin, Trump, chineses ávidos por matérias primas, entre tantos pensando só no próprio umbigo, prevejo algum tipo de problema em relação a Antártida em um futuro próximo. Pode ser que o petróleo, ouro e minério de ferro presentes lá funcionem como um canto de sereia para os líderes mundiais.
Base brasileira
Finalizando nosso tema, pelo menos por enquanto, vamos falar um pouco da relação do Brasil com a Antártida. Nosso país montou uma base de pesquisas no continente gelado em 1984, de nome Comandante Ferraz, localizada na ilha Rei George, a 130 da Península Antártica.
Em 2012 foi parcialmente (70%) destruída em um incêndio. As obras de reconstrução já estão em curso. A nova base terá um total de 4.500 m².
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É muito importante mantermos nossa presença na Antártida para sermos consultores em relação ao futuro do continente. Inclusive, participando dos debates em relação a possíveis reivindicações de posse sobre a região.
Quer saber mais sobre nossa presença no continente gelado, acesse o site do Programa Antártico Brasileiro -PROANTAR.
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Publicado em 18.04.2017