A palavra do momento é sustentabilidade, que consiste em sustentar nossas necessidades sem afetar a possibilidade de progresso das gerações futuras. Nesse quesito uma fonte de energia se torna o maior vilão da atualidade, sendo nosso tema de hoje.
Carvão Mineral
É uma rocha sedimentar de origem fóssil. Formada pelo soterramento e compressão de florestas tropicais e subtropicais, a partir da Era Paleozoica, mais especificamente do período chamado de Carbonífero (359 milhões de anos atrás). Assim como o petróleo é uma energia finita, com prazo de validade, já que o tempo necessário para sua formação é imensamente maior que nosso uso.
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O carvão mineral já representou 97% de toda energia consumida no mundo durante a 1° Revolução Industrial. Ofuscado pelo petróleo durante a 2º Revolução Industrial, caiu para 13% da matriz mundial.
Atualmente, seu uso vem crescendo fortemente no mundo, alavancado pelos baixos preços e pela faminta necessidade chinesa. Cerca de 27% da atual demanda mundial por energia é suprida pela rocha negra, podendo chegar a 32% em 2030, segundo especialistas. Quando o assunto é energia elétrica, 38% vem do carvão, através das termoelétricas. Também é bastante usado pelas indústrias siderúrgicas.
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A China responde por 48% da produção mundial de carvão, seguida pelos EUA com 14,8% e Índia com 5,8%. Com uma população de quase 1,4 bilhões de habitantes e uma economia em forte crescimento desde a década de 1970, os chineses estão investindo em toda e qualquer fonte de energia. Mesmo não tendo a maior reserva (3º, após EUA e Rússia), possuem a maior produção.
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Os motivos que levaram este blog a atribuir ao carvão mineral o título de antagonista da atualidade é o fato dele ser, de longe, a energia mais poluente entre as mais utilizadas. Para termos noção do estrago, cerca de 43% do petróleo quando queimado vira poluição, frente a 66% do carvão. Outro agravante são as mortes ocorridas durante a sua mineração. Somente na China os números ultrapassam 51.000 em 10 anos (2000 a 2009). Os óbitos ocorrem por inalação de gás tóxico, soterramento e explosões das minas.
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Não podemos nos esquecer que a mineração de carvão provoca graves estragos a natureza, nas minas e principalmente a céu aberto.
Tipos de Carvão Mineral
De acordo com seu tempo geológico, profundidade e umidade, o carvão pode ser classificado em 4 tipos:
- Turfa: É o tipo de menor qualidade, com apenas 60% de carbono. É o estágio inicial da transformação de plantas em carvão.
- Linhito: É o segundo estágio, ainda com grande umidade e relativamente pouco carbono, cerca de 70%.
- Hulha: Também chamado de carvão betuminoso. É o tipo mais utilizado no mundo, principalmente nas termoelétricas. Possui cerca de 80% de carbono. Ao ser aquecido gera o coque, muito utilizado pela indústria siderúrgica.
- Antracito: Duro e compacto, apresenta altíssimo teor de carbono, entre 90 a 98%. Ao queimar praticamente não gera fuligem, já que não tem muito betume. Isso faz com que seja o carvão mais procurado, consequentemente o mais caro. Alguns especialistas acreditam que o antracito é uma rocha metamórfica e não sedimentar, devido a alta pressão e calor que sofreu por milhões de anos.
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Carvão Vegetal
Muita gente confunde carvão mineral com o vegetal. O último é obtido através da carbonização da madeira, em fornos, não sendo, portanto, um combustível fóssil. Cerca de 85% de sua produção é utilizado pela indústria, principalmente a siderúrgica, assim como o mineral. O restante é utilizado como aquecimento em casas e em churrasqueiras. Polui bem menos que o carvão mineral, sendo uma opção interessante para substituí-lo, desde que respeitando as leis ambientais.
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O Brasil tem o triste título de maior produtor mundial de carvão vegetal. O fato seria positivo, não fossem os inúmeros problemas causados pela sua produção, principalmente no quesito ambiental. Muitos produtores não utilizam madeira certificada, de reflorestamento, ampliando o desmatamento. Metade de nossa produção ainda é feita em rudimentares fornos de tijolos e usando mata nativa. Somente 20% do nosso Cerrado está de pé, parte desse desastre pode ser debitado na conta do carvão.
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Outra questão é humanitária. Como várias carvoarias estão localizadas em locais ermos, é constante o uso de trabalho infantil e análogo a escravidão nesses locais. Isso ocorre pela situação de miséria que reina nas regiões entorno das carvoarias. Não tendo outra perspectiva, pessoas se submetem a qualquer tipo de exploração em troca de alguns centavos.
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Já abordamos a questão do desmatamento causado pela produção de carvão vegetal em nosso texto 139, sobre a Caatinga e Cerrado.
Carvão Mineral no Brasil
Por sorte ou azar, dependendo do ponto de vista, o Brasil não possui grande quantidade de carvão mineral em seu território. A extração de carvão no Brasil data de 1855 e continua até os dias de hoje.
As maiores jazidas estão localizadas no sul, com destaque em termos de quantidade para o Rio Grande do Sul (Candiota) e em qualidade para Santa Catarina, nas imediações das cidades de Criciúma, Lauro Muller e Tubarão.
Mesmo Santa Catarina tendo o melhor carvão do Brasil, é de baixa qualidade para padrões internacionais. Isso torna nosso país um importador dessa commoditie. Metade do que precisamos vem de outros países. Nossos fornecedores são os EUA, Canadá, China, Austrália e África do Sul.
Curiosidade
Pouca gente sabe, mas existe também o carvão de osso, ou carvão animal, obtido a partir de ossos de boi, contendo cerca de 12% de carbono. Obtido através de exposição a altas temperaturas, o esqueleto bovino se torna um produto muito poroso, sendo um dos mais poderosos absorventes que existem. Também chamado de negro animal, pode ser usado para tratamento de resíduos em água. Veja uma empresa brasileira que produz esse carvão no site Uol Economia.
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Uma tese de doutorado foi elaborada sobre o uso de carvão mineral para tratamento de efluentes. Veja a reportagem no Portal Tratamento de Água.
Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!
Publicado em 01.08.2017
Muito bom, abordagem clara e objetiva, melhorei minha visão a respeito do assunto.
Obrigado, e continue acompanhando nosso blog.